Jornal Estado de Minas

RISCO DE CONTAMINAÇÃO

Bolsonaro expôs jornalistas a risco de infecção, avalia especialista

Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19 (foto: Mapa informativo que mostra a situação de Minas Gerais com o COVID-19)
No final da entrevista coletiva, na tarde desta terça-feira (7), em que anunciou estar infectado pelo novo coronavírus (Sars-Cov-2), o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) pediu que os jornalistas se afastassem dele porque ele iria tirar a máscara. Procurado pelo Estado de Minas, o médico infectologista e presidente da Sociedade Brasileira de Bioética (SBB), Dirceu Greco, disse que o presidente expôs os profissionais a um risco de contaminação desnecessário.



Segundo ele, a partir de uma distância de três metros é mais improvável que o vírus atinja as pessoas que estiverem próximas àquela que está infectada, mas as gotículas podem ficar suspensas no ar por algum tempo.

“A maior parte da infecção é feita por essas gotículas, mas é possível que ocorra a chamada aerossolização, que é a suspensão do vírus no ar durante um período de tempo mais longo, podendo ser espalhado. Bolsonaro furou uma norma, que é o uso da máscara de proteção, e também não cumpriu o isolamento social imediato, indicado mesmo se estiver somente com suspeitas da doença”, explicou Dirceu.

Após anunciar que foi infectado pela COVID-19, Bolsonaro disse aos jornalistas que iria se afastar um pouco para que as câmeras pudessem filmar o seu rosto. 

"Espera um pouquinho aí. Vou me afastar um pouco aqui. Afasta aí, afasta aí, afasta aí", disse, pedindo depois que um microfone de lapela, que estava preso à sua camisa, fosse solto. "Só pra vocês verem minha cara, tá certo? Eu estou bem, tranquilo, graças a Deus. Tudo em paz, obrigado a todos aqueles que oraram por mim, torceram por mim, estou bem graças a Deus", declarou o presidente.



Bolsonaro acrescentou que é necessário tomar cuidado com os mais idosos e disse que os mais jovens "podem ficar tranquilos" se forem acometidos pelo novo coronavírus. "Para vocês a possibilidade de algo mais grave é próximo de zero", afirmou.

A entrevista, concedida exclusivamente aos repórteres da CNN e da Rede Record, foi tradicional, com os profissionais próximos a Bolsonaro, descumprindo as medidas de proteção e quebrando as regras de distanciamento recomendadas pelas autoridades de saúde.

Diagnóstico


O exame feito por Bolsonaro nessa segunda-feira (6) foi positivo para o coronavírus. O resultado saiu no inicio da tarde desta terça. O presidente passou pela detecção da COVID-19 após sentir sintomas da doença, como febre de 38,5ºC. Ele deu início ao tratamento utilizando hidroxocloroquina e azitromicina ainda ontem, ingerindo a segunda dose dos medicamentos nesta manhã, embora nenhum deles tenha eficácia comprovada no combate ao vírus.



Segundo Bolsonaro, a febre caiu para 36,5ºC nesta terça. Ainda de acordo com ele, os primeiros sintomas apareceram no último domingo (5), como mal-estar e cansaço. Já nessa segunda, os sinais da COVID-19 foram agravados com um aumento de temperatura, que chegou à casa dos 38,5ºC.

Além do exame para detecção da COVID-19, Bolsonaro fez uma tomografia dos pulmões. Ambos os procedimentos foram feitos no Hospital das Forças Armadas. No retorno ao Palácio da Alvorada, o presidente conversou com apoiadores e disse que não havia nada nos pulmões e que a oxigenação do seu sangue estava em 96%.
 
*Estagiário sob supervisão da editora Liliane Corrêa