Jornal Estado de Minas

POLÍTICA

Câmara de BH vota nesta segunda-feira se homenageia Bolsonaro

A Câmara Municipal de Belo Horizonte votará na tarde desta segunda-feira, durante reunião ordinária, se vai homenagear o presidente da República Jair Bolsonaro (sem partido) por “atuação exemplar e valorosa na prestação de socorro e auxílio às vítimas da pandemia do coronavírus em todo o território nacional”. A moção de aplausos foi proposta pelo vereador Jair Di Gregório (PSD), que contraiu a COVID-19 em março deste ano e chegou a ficar internado. Ele já está curado da doença e participa normalmente das atividades presenciais.



A proposta seria apreciada na última sexta-feira e só não foi votada por falta de tempo. Esse tipo de homenagem, geralmente, é aprovada de maneira automática, sem objeção dos vereadores ou necessidade de votação.

Porém, a moção de aplausos a Bolsonaro teve que ser incluída em pauta por ter sido impugnada na época da proposição, no final de maio. A moção foi assinada pelos vereadores Catatau do Povo (PSD), Fernando Luiz (Avante), Orlei (PSD), Pedrão do Depósito (Cidadania) e Wesley Autoescola (Pros).
 
O texto tem gerado divergências entre os parlamentares. Enquanto simpatizantes de Bolsonaro defendem a manifestação, opositores criticam duramente a iniciativa. 

Ao Estado de Minas, um dos autores da proposta, Jair Di Gregório (PSD), listou uma série de ações feitas pelo governo federal, como a concessão do auxílio emergencial de R$ 600 e a liberação de crédito às pequenas empresas, para justificar a homenagem ao chefe do Executivo nacional.



“Bolsonaro faz, disparadamente, um dos maiores trabalhos sociais de todos os tempos no Brasil. Em uma só crise, colocou em evidência vários programas, atuando junto aos prefeitos e governadores. Minha avaliação sobre as ações dele é a melhor possível”, defendeu. Vale lembrar, contudo, que uma decisão do Supremo Tribunal (STF) garantiu autonomia aos estados e municípios na tomada de medidas para enfrentar a COVID-19.

Bella Gonçalves (Psol), por sua vez, é uma das vozes contrárias à proposição. “A moção de aplausos é um escárnio de quem está buscando reproduzir, no município, polêmicas que em nada contribuem para evitar a morte de brasileiras e brasileiros. A Câmara tem optado, há algum tempo, pela construção da imbecilidade enquanto plataforma de visibilidade política”, protestou. 

Na visão do autor do texto, Bolsonaro tem conseguido atuar de forma satisfatória no Palácio do Planalto. “Em um ano e meio de mandato, não há corrupção. Um ano e meio sem o presidente participar de coisas erradas”, afirmou.



A vereadora do Psol, contudo, acredita que o momento não é propício para homenagens do tipo. Ela pede prioridade às propostas pensadas para combater o coronavírus. “Há projetos tramitando na Câmara sem conseguir chegar ao plenário, como o que pede espaços de acolhimento para a quarentena de famílias vulneráveis”, afirmou à reportagem. 

De acordo com dados do Ministério da Saúde, divulgados nesse domingo, o Brasil contabiliza 64.867 mortes por coronavírus. Desses, 1.201 foram em Minas Gerais e 176 em BH. Ainda segundo os números do governo, o estado contabiliza 58.283 casos confirmados, enquanto a capital mineira tem 7.890 registros.

As ações de Bolsonaro durante a pandemia tem sido questionadas. Além de menosprezar o coronavírus no início da pandemia, a ponto de chamá-lo de "gripezinha", e ir contra as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS), o Governo Federal não conta com um ministro da Saúde. Em 16 de abril deste ano, Luiz Henrique Mandetta foi demitido do cargo. Em 15 de maio, foi a vez de Nelson Teich deixar o posto. Em 3 de junho, Eduardo Pazuello foi oficializado como ministro interino da pasta, função desempenhada atualmente.