Jornal Estado de Minas

REFORMA DA PREVIDÊNCIA

Médicos criticam reforma da previdência de Zema e pedem melhores condições para enfrentar COVID-19

Em fevereiro, servidores do Ipsemg chegaram a fazer greve (foto: Paulo Filgueiras/ EM/ D.A Press)
 
A Associação dos Médicos do Instituto de previdência dos Servidores do Estado de Minas Gerais (AME Ipsemg) se manifestou contrária ao projeto de reforma da previdência estadual apresentado pelo governador Romeu Zema (Novo) à Assembleia Legislativa de Minas Gerais em 19 de junho.


Segundo representantes da AME, a reforma é inoportuna, por ter sido proposta durante a pandemia de COVID-19, momento em que os médicos estão focados no combate à doença. Além disso, alegam que há outras prioridades a serem atendidas, para melhorar as condições de trabalho dos profissionais no enfrentamento do coronavírus.

Nessa terça-feira, a AME enviou um ofício à ALMG, no qual afirma que “um dos pontos críticos da reforma diz respeito à criação da autarquia ‘Minas Gerais Previdência dos Servidores Públicos Civis do Estado (MGPREV), como resultado da cisão parcial do IPSEMG”.

O documento diz ainda, que o Ipsemg precisa ser aperfeiçoado e que buscar enfraquecer e extinguir o órgão “jamais será uma opção digna ou, sequer, merecedora de análise”.

Em entrevista ao Estado de Minas, o médico Marco Antônio Salum, presidente da AME Ipsemg criticou o momento em que a proposta de reforma foi levada à Assembleia.


“O momento é de nós médicos estarmos somente focados no enfrentamento da pandemia de COVID-19 e o governo deveria ao invés de colocar projeto destruindo uma instituição centenária, deveria apoiar os médicos para que o atendimento ao público fosse cada dia melhor”, declarou.

Demandas não atendidas

Marco Antônio Salum entende que há outras prioridades a serem tratadas no momento, em detrimento da reforma pretendida pelo governo.

“No momento, o governo deveria atender às nossas solicitações para enfrentamento da pandemia, conforme apresentadas ao presidente do Ipsemg e que ainda não foram atendidas”, disse o médico.

Ele completa, destacando algumas unidades que precisam de melhoria. “O Hospital Governador Israel Pinheiro funciona com sua capacidade operacional atual no máximo. Temos 1/3 dos leitos parados por uma reforma estrutural pendente, logística de atendimento de pacientes com COVID-19 aquém do recomendado, equipe médica sobrecarregada nas enfermarias”.


O representante dos médicos disse que se reuniu com a presidência do Ipsemg nos dias 18 de março e 2 de abril, quando foram apresentadas as reivindicações da categoria, até o momento não atendidas pelo Instituto.

Os pedidos da AME Ipsemg são:

- Contratação de médicos para CTI, clínica médica, anestesista e SMU
- Criação de sub-comissões descentralizadas
- Compra de materiais como vídeolaringoscópios e ultrassom
- Acelerar o processo da compra dos ecocardiógrafos

Posicionamento do Ipsemg

A reportagem do Estado de Minas questionou a assessoria do Ipsemg acerca dos leitos ociosos no Hospital Israel Pinheiro. Segundo o órgão, “as intervenções da Ala B, que não representa 1/3 dos leitos, estão sendo planejadas para melhorias na estrutura do Hospital Governador Israel Pinheiro. A logística de atendimento é discutida pelo Comitê de enfrentamento à COVID-19, que reúne os responsáveis pelo serviço de urgência e de outras coordenadorias”.

Sobre a contratação de funcionários e compra de equipamentos, o Ipsemg respondeu que “a equipe do hospital está sendo reforçada constantemente com abertura de vagas para admissão de médicos e outros profissionais de saúde, de acordo com a demanda. Atualmente, o hospital está com processo de credenciamento aberto para clínico geral, médicos para atendimento no serviço de Urgência, fisioterapeutas respiratórios, enfermagem e médicos para atendimento em CTI. Informamos ainda que recentemente foi adquirido novo Ecocardiógrafo. Outros materiais estão em fase final de compra”.


Com relação à reforma da previdência, a assessoria respondeu que “o governo estadual reconhece a importância do Ipsemg, que continuará responsável pela assistência à saúde dos servidores. Para a gestão previdenciária, é proposta a criação de uma autarquia independente, a MGPrev.

Destacou, ainda, que “as alterações não afetam os benefícios já usufruídos pelos servidores e respeita o direito adquirido, assim como o abono permanência. A reforma é essencial para garantir a sustentabilidade agora e no futuro para as aposentadorias. O Governo de Minas enviou a proposta à Assembleia ciente da importância da análise por parte de parlamentares e de debates envolvendo servidores e população no Legislativo durante a tramitação”.