Jornal Estado de Minas

CONTRA O STF

Blogueiro, Roberto Jefferson e Luciano Hang são alvos de operação da PF que investiga fake news

A Polícia Federal cumpre, na manhã desta quarta-feira (27), mandados de busca de apreensão relacionados à investigação conduzida pelo Supremo Tribunal Federal (STF) que averigua origens de fake news com ameaças e ofensas à Corte. Alguns dos alvos são o blogueiro Allan dos Santos, além do ex-deputado federal Roberto Jefferson e o empresário Luciano Hang. O deputado estadual Douglas Garcia (PSL-SP) também está na lista. 


 
Os mandados foram expedidos pelo ministro do STF Alexandre de Moraes, relator do inquérito que investiga os ataques à Corte. Ao todo, a Polícia Federal cumpre 29 ordens de busca e apreensão em cinco estados, além do Distrito Federal: Rio de Janeiro, São Paulo, Mato Grosso, Paraná e em Santa Catarina.
 
Allan dos Santos é proprietário do blog Terça Livre e é muito presente nas redes sociais, com postagens em apoio ao governo do presidente Jair Bolsonaro. Em novembro do ano passado, Allan prestou depoimento na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) das Fake News, após ser acusado de disseminar notícias falsas. Em publicações recentes, o blogueiro fez coro ao ataque do ministro da Educação Abraham Weintraub direcionado ao STF. Weintraub, durante reunião ministerial no dia 22 de abril, chamou os membros da Corte de "vagabundos" e que "todos deveriam estar na cadeia".

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O blog classificou a operação da Polícia Federal como 'intimidação' e disse que celulares e computadores do Terça Livre e de Allan dos Santos foram apreendidos. O blogueiro, de acordo com a nota, está 'incomunicável'.


 
O ex-deputado federal Roberto Jefferson, presidente do Partido Trabalhista Brasileiro (PTB), se tornou nos últimos tempos um dos principais aliados do governo Bolsonaro nas redes sociais. No início do mês, Jefferson pediu para que o presidente demitisse os ministros do STF para "atender o povo e tomar as rédeas do governo". Ele também defendeu a cassação de concessões de veículos de imprensa.



Jefferson comparou a ação desta quarta com o 'Tribunal do Reich', que perseguia adversários do nazismo. O ex-deputado federal disse que foi acordado às 6h com agentes da Polícia Federal na porta de casa.
 
Douglas Garcia é deputado estadual em São Paulo. Também aliado de Bolsonaro, Garcia afirmou, após a Polícia Federal estar em seu gabinete, na Assembleia Legislativa de São Paulo, que 'pode criticar quem quiser' pelo fato de ter imunidade parlamentar. Ele classificou a operação como 'perseguição'.


"Eu sou um deputado. Sou um parlamentar. Através da minha prerrogativa que a constituição me dá, em opiniões, palavras e voz, eu posso criticar quem eu quiser. Faço isso sempre na tribuna da Assembleia. Bastava o senhor ministro Alexandre de Moraes abrir a rede Alesp e iria ver as críticas ao Supremo e outras muitas instituições", disse.
 
Luciano Hang, por sua vez, é proprietário da rede de lojas Havan, com sede em Brusque/SC. Por meio de uma transmissão ao vivo em sua rede social, o empresário disse que jamais produziu fake news contra o STF e que teve que entregar seu telefone celular, além do computador pessoal.

"Jamais atentei ou fiz fake news contra o STF. Entregando meu celular e computador pessoal, estará tudo esclarecido. Jamais atentei contra os ministros e à Corte. Estou muito tranquilo", afirmou.

Humorista e ativista também são alvos
 
O humorista Rey Biannchi e a ativista e ex-candidata a deputada federal Sara Winter também receberam os agentes da Polícia Federal logo cedo. Winter disse que seu aparelho celular e computador foram apreendidos. Biannchi fez um vídeo mostrando policiais na porta de seu apartamento. Sua esposa chegou a chorar durante a presença deles.





Deputados intimados
 
A Polícia Federal também esteve em endereços de diversos deputados federais e estaduais para entregar intimações para que os parlamentares prestem depoimento. Com exceção de Douglas Garcia, nenhum deles recebeu mandado de busca e apreensão.

As deputadas federais Carla Zambelli (PSL-SP) e Bia Kicis (PSL-DF), duas das maiores apoiadoras de Jair Bolsonaro no Congresso, foram intimadas. Além delas, receberam o documento os deputados Daniel Silveira (PSL-RJ), Filipe Barros (PSL-PR), Cabo Junio Amaral (PSL-MG) e Luiz Phillipe de Orleans e Bragança (PSL-SP).

Douglas Garcia e Gil Diniz (PSL-SP), mais conhecido nas redes sociais como Carteiro Reaça, foram os parlamentares estaduais a serem intimados a depor.