Jornal Estado de Minas

CORONAVÍRUS

Bolsonaro sobre COVID-19: 'O problema do Brasil não é só esse'

O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) afirmou, nesta terça-feira, que não conversa apenas sobre o novo coronavírus com o ministro da Saúde, Nelson Teich, mas também sobre outras doenças. Na porta do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo evitou avaliar o trabalho do comandante da saúde federal e disse que a pandemia não é a única dificuldade enfrentada pelo Brasil. Em outro momento, ele voltou a criticar as medidas restritivas tomadas por governadores e prefeitos.


“Ele (Teich) pegou uma situação complicada. O Ministério da Saúde, em si, já é um problema, tendo em vista vícios que tínhamos ali, e ainda pega com a crise da pandemia. Tenho conversado com ele. Pretendo conversar amanhã novamente, para buscar minimizar o sofrimento das pessoas acometidas não só pelo vírus, bem como por outras enfermidades, pois parece que ninguém mais tem outro problema. O problema do Brasil não é só esse”, comentou.

Defensor da retomada das atividades econômicas, Bolsonaro voltou a tecer críticas às medidas definidas por governadores e prefeitos ante a pandemia. “Reconheço a questão da vida, lamentamos cada vida que se vai, mas o desemprego mata. Tem muita gente que já contraiu o vírus, nem sabe, e pode voltar ao mercado de trabalho. O jovem pode voltar ao trabalho com algumas responsabilidades. Estou vendo ameaças de lockdown, isso é absurdo. O povo quer trabalhar”, pontuou.

Nesta terça-feira, o prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), admitiu que pode adotar o isolamento irrestrito caso organismos de saúde recomendem. Pelas redes sociais, Bolsonaro já havia entrado em atrito com o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB), onde o lockdown já vigora.


Atividades essenciais

Bolsonaro comentou o decreto que liberou o funcionamento de barbearias, salões de beleza e academias esportivas. “Saúde é vida”, opinou o presidente, ao mencionar as academias. Em outro momento, ele citou o humorista Paulo Cintura, famoso nos anos 1990 por enaltecer as atividades físicas e que voltou a ganhar projeção ao gravar vídeos ao lado do chefe do Executivo durante manifestação do último dia 3.

Ele sugeriu que pessoas contrárias à classificação das atividades como serviços essenciais procurem os meios legais. “Compete a mim decidir quais são as profissões necessárias. Se alguém for contra, procure um parlamentar e entre com um Projeto de Decreto Legislativo para anular meu decreto ou, então, entre na Justiça. Esse é o caminho democrático a quem acha que meu decreto foi além do que deveria ter sido feito”, pontuou.

O presidente ainda pediu à imprensa que sugira outras profissões que possam ser classificadas como essenciais. 

'Casamento'

Nelson Teich soube do novo decreto de Bolsonaro por meio da imprensa, enquanto concedia entrevista coletiva para tratar do coronavírus. Bolsonaro utilizou uma metáfora para minimizar o desencontro. De acordo com ele, o ministro-chefe da Secretaria Geral da Presidência da República, Jorge Oliveira, esqueceu de comunicar Teich sobre a publicação do documento.

"Quantas vezes você chega em casa com um colega para almoçar e não avisa a sua esposa? Vai acabar um casamento por causa disso?", questionou.