Jornal Estado de Minas

COVID-19

Recorde de mortes e 'unidade' no governo


Após dias tensos e de divergências públicas com o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) sobre a estratégia de combate à pandemia do novo coronavírus no Brasil, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, elogiou o chefe do Executivo em entrevista coletiva ontem à tarde. “O presidente é muito parceiro, muito voluntarioso, e tem um pensamento muito forte no Brasil”, disse. “A gente vai dando passos rumo a uma unidade muito boa por parte do governo”, completou. Enquanto isso, o país registrou novo recorde de mortes e casos confirmados em 24 horas por coronavírus. Agora, são 800 óbitos e 15.927 pessoas diagnosticadas. 



Mandetta e Bolsonaro se encontraram no Palácio do Planalto durante a manhã. Ao deixar a reunião, o ministro manteve o silêncio e não falou com os jornalistas. Pouco depois, o deputado Osmar Terra (MDB-RS), cotado para assumir a pasta, chegou ao local, o que reacendeu os rumores sobre uma possível demissão.

De acordo com Mandetta, porém, o encontro serviu para alinhar o discurso entre o Ministério da Saúde e Bolsonaro. “(Foi para) A gente colocar as situações, colocar as simulações, os números que temos. O presidente dando suas orientações. Uma reunião de trabalho, uma reunião boa, um bom clima. Toda a equipe está tranquila, todo mundo trabalhando. Acho que isso daí foi muito bom. A gente deve ter outras (reuniões). Agora à tarde, tivemos outra, colocando algumas situações a respeito dessas operações mais delicadas, operações internacionais”, disse.

Em outro momento da entrevista, Mandetta fez questão de mencionar Bolsonaro como o comandante do “time” que combate o coronavírus no Brasil. "A todos aqueles que estão com os ânimos mais exaltados, quero deixar claro que está tudo bem. Estamos olhando pelo para-brisa e nesta estrada vemos que teremos dias muito duros, muito difíceis. E quem comanda este time é o presidente Jair Messias Bolsonaro”, afirmou.



“Nós vamos gradativamente deixando todos tranquilos para que a gente possa fazer um bom trabalho cada um na sua área, o que cada um poderá levar de melhor para as famílias brasileiras. Respeitando cada um os seus espaços. O Ministério da Saúde tem toda a tranquilidade para tomar nossas medidas. Tivemos nossas dificuldades internas? Tivemos. Isso é público. Mas estamos prontos, cientes cada um de seu papel”, completou Mandetta.

Ao longo da segunda-feira, cogitou-se a demissão de Mandetta. Bolsonaro, porém, foi convencido de que o melhor seria mantê-lo no cargo, apesar das divergências. O ministro segue as recomendações da Organização Mundial da Saúde (OMS) no combate à COVID-19 e orienta um isolamento social que inclua a maioria das pessoas, com o objetivo de evitar mortes e sobrecarga no sistema de saúde.

Já Bolsonaro, com o propósito de reduzir danos econômicos, defende o chamado “isolamento vertical”, em que apenas aqueles que estão em grupos de risco (idosos e portadores de doenças crônicas, como diabetes, hipertensão e asma) devem ficar em casa. Apesar da manutenção de Mandetta e de um discurso mais alinhado entre os dois, as divergências ainda existem.



Mandetta voltou a falar sobre o isolamento diferenciado no país. Segundo ele, as capitais precisam ficar mais atentas por causa do grande número de casos, e, por isso, manter o isolamento. “Não acho que esteja na hora (de flexibilizar) em capitais com temperatura muito elevada”, afirmou. Por outro lado, o ministro destacou as cidades que ainda não registraram casos.  “Nós temos 86% dos municípios brasileiros com nenhum caso confirmado. O Brasil é muito grande. Temos diferentes países aqui dentro, mas estamos sempre atentos”

E completou: “Estamos constantemente conversando com os secretários, pois, muitos têm estrutura frágil para dar conta de uma demanda que pode ser grande em um curto espaço de tempo. Sim, temos uma faixa etaria mais jovem, talvez nosso tempo médio de internação seja menor, mas estamos nos preparando", afirmou Mandetta.