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Estado de Minas COVID-19

Governo expõe divergências e Brasil já tem 159 mortes pela COVID-19

Com 23 mortos em 24 horas, Planalto centraliza informações sobre a pandemia. Ministro contraria Bolsonaro e defende isolamento social


postado em 31/03/2020 04:00 / atualizado em 30/03/2020 23:56

Luiz Henrique Mandetta apresentou números do coronavírus com Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Braga Netto (Casa Civil) e Onyx Lorenzoni (Cidadania) (foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)
Luiz Henrique Mandetta apresentou números do coronavírus com Tarcísio Freitas (Infraestrutura), Braga Netto (Casa Civil) e Onyx Lorenzoni (Cidadania) (foto: Dida Sampaio/Estadão Conteúdo)

O Brasil já registrou 159 mortos pelo coronavírus, enquanto outros 4.579 casos foram confirmados, elevando a taxa de letalidade da COVID-19 no país para 3,5% dos infectados. De ontem para hoje, 323 casos foram confirmados e 23 novos óbitos registrados. O aumento é esperado pelo Ministério da Saúde. A pasta acredita que a doença pode ter o pico de casos no país em abril. Ao todo, 15 estados já registraram mortes em decorrência da COVID-19. São eles: Amazonas (1), Bahia (1), Ceará (5), Distrito Federal (1), Goiás (1), Maranhão (1), Minas Gerais (1), Paraná (3), Pernambuco (6), Piauí (3), Rio Grande do Norte (1), Rio Grande do Sul (3), Rio de Janeiro (18), Santa Catarina (1) e São Paulo (113), segundo números divulgados ontem no Palácio do Planalto com novo formato de coletiva. A partir de agora, a divulgação dos dados do boletim nacional do coronavírus será comandada pelo ministro-chefe da Casa Civil, Walter Braga Netto. A decisão do presidente Jair Bolsonaro foi por concentrar as informações no Planalto.

Na coletiva, o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, defendeu que a população siga o que for recomendado pelos governadores e voltou a defender o isolamento social sob o argumento que o ministério se baseia em critérios científicos e técnicos para combater o coronavírus. “A gente tem dialogado muito dentro do governo, com secretários estaduais e municipais, dentro do planejamento do que é preciso ter dentro da saúde. Por enquanto, mantenham a recomendação dos estados, pois é a melhor medida, uma vez que temos muitas fragilidades nos sistemas da saúde”, disse o ministro ao lado dos colegas da Cidadania, Onyx Lorenzoni, e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.

''Por enquanto, mantenham a recomendação dos estados, pois é a melhor medida, uma vez que temos muitas fragilidades nos sistemas da saúde''

Luiz Henrique Mandetta, ministro a Saúde


Questionado sobre quais orientações o Ministério da Saúde estava seguindo, se eram científicos ou do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), Mandetta garantiu que a pasta sempre segue critérios técnicos, com objetivo principal de preservar vidas. O ministro pediu ordem nas orientações, alertando sobre possível agravamento de problemas relacionados à questão da saúde e da economia. “(Orientação) sempre técnica. Sempre científica. O máximo que pudermos fazer para preservarmos vidas, procurando mostrar para todos qual é a razão para agirmos assim. No momento, a gente deve manter o máximo grau de distanciamento social, para que a gente possa, dentro das regras dos estados, consolidar o sistema de saúde”, disse o ministro.

A posição de Mandetta, que admitiu que medidas estão sendo estudadas para estabelecer critérios para o funcionamento de atividades econômicas com segurança em relação à pandemia da COVID-19, mais uma vez diverge da de Bolsonaro, que aproveitou o último domingo para ir às ruas de Brasília, visitar comércios locais e cumprimentar populares, contrariando orientações do governo do Distrito Federal e da Organização Mundial da Saúde (OMS). Bolsonaro chegou a recomendar que “todos os políticos” saiam às ruas para, em sua avaliação, entender a realidade do país.

''Temos 2 problemas que não podem ser dissociados: o vírus e o desemprego. Ambos devem ser tratados com responsabilidade. Mas se o remédio for demasiado, o efeito colateral será muito mais desastroso''

Jair Bolsonaro, presidente


Ontem, Bolsonaro voltou a defender em sua conta no Twitter a ideia de que as medidas sanitárias contra a pandemia do coronavírus trarão um impacto na economia brasileira pior que os efeitos do próprio vírus. “Temos 2 problemas que não podem ser dissociados: o vírus e o desemprego. Ambos devem ser tratados com responsabilidade. Mas se o remédio for demasiado, o efeito colateral será muito mais desastroso", escreveu Bolsonaro, que tem criticado as políticas de isolamento social adotadas por estados e municípios, sob recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) e do próprio Ministério da Saúde.

Discordância interna


Em relação à mudança na forma de divulgação dos dados, o ministro da Casa Civil, Braga Netto, disse que ela se deve à natureza tranversal da crise do coronavírus, que necessita da atuação conjunta de diversas partes do governo. “É um novo formato, com conceito ampliado de coordenação e controle”, alegou Mandetta, o último a falar no Planalto. Depois que todos os ministros falaram, foi aberto espaço para perguntas e Mandetta fez o balanço diário dos números do Ministério da Sáude, ao lado dos técnicos da pasta.

Antes, as coletivas de imprensa aconteciam no Ministério da Saúde, com a participação de Mandetta e de dois ténicos da pasta: o secretário-executivo, João Gabbardo, e o secretário de Vigilância em Sáude, Wanderson de Oliveira. Agora, os técnicos apenas participam da apresentação dos números, mas não respondem questionamentos.

Nos bastidores do governo, há rumores que as mudanças se devem à insatisfação do presidente Jair Bolsonaro com o protagonismo de Mandetta na crise. Enquanto o ministério defende o isolamento horizontal, da maior parte da população, o presidente é a favor do vertical, no qual somente as pessoas do grupo de risco devem ficar em casa.

Ao fim da coletiva, um repórter questionou os ministros sobre o ato do presidente Bolsonaro no domingo. “O presidente saiu ontem para fazer as visitas, pode?”, perguntou o jornalista. Nesse momento, Braga Netto fez um sinal com a mão, indicando para finalizar. A funcionária que estava organizando as perguntas afirmou que a coletiva deveria se encerrar em função do tempo. Sem poder responder, Mandetta deu um leve sorriso e abriu as mãos.

*Estagiário sob a supervisão da editora Liliane Correa


Brasil doente
 

Mortes
159

Estados com óbito
15

Infectados no país
4.579

Mortalidade
3,5%
 
 




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