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Estado de Minas

Chamado a manifestantes

Ao incentivar a população a participar dos protestos marcados para dia 15, o presidente, que já havia sido criticado por endossar o movimento, volta a irritar partidos da oposição


postado em 08/03/2020 04:00 / atualizado em 07/03/2020 22:14

Ato realizado em Brasília, no fim de 2016, foi um dos que questionaram a corrupção no país e apoiaram a Operação Lava-Jato (foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil - 4/12/16)
Ato realizado em Brasília, no fim de 2016, foi um dos que questionaram a corrupção no país e apoiaram a Operação Lava-Jato (foto: Marcelo Casal Jr./Agência Brasil - 4/12/16)
Brasília – A convocação do presidente Jair Bolsonaro para as manifestações em apoio ao governo, marcadas para o dia 15, foi alvo de críticas de políticos da oposição nas redes sociais. Os atos são tidos como contrários ao Congresso e ao Judiciário, embora isso tenha sido negado pelo presidente, mais cedo. Bolsonaro (sem partido) afirmou na manhã de ontem que “político que tem medo de movimentos de rua não serve para ser político”. Antes de seguir rumo à Flórida, para encontro com o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, o chefe do Executivo fez escala de 1h30 em Boa Vista (RR).

Ele se reuniu com políticos locais para tratar de temas de interesse do estado como a demarcação e garimpo em terras indígenas, retomada da obra do Linha do Tucuruí e Operação Acolhida. Bolsonaro postou um trecho do encontro nas redes sociais. Nele, o presidente convoca a população a comparecer às manifestações no próximo domingo.

O presidente disse ainda que o ato não visa a atacar o Congresso ou o Judiciário. O “chamado” do presidente aos protestos já havia provocado várias críticas, o que não o impediu de repedir o endosso ao movimento. O governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB) elevou o tom das críticas a Bolsonaro. “Todos sabem que o ato do dia 15 visa constranger o Congresso e o Supremo. A convocação de Bolsonaro para esse evento é fato gravíssimo”, declarou Dino no Twitter.

A fala do presidente também foi repercutida entre parlamentares. “Bolsonaro não desistiu de acuar o Congresso e o STF. O golpismo faz parte da sua natureza fascista. Todos os democratas têm que reagir contra essa atitude!”, disse o deputado Carlos Zarattini (PT-SP). A deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) afirmou que os protestos do dia 15 são contra as instituições democráticas e favoráveis ao autoritarismo. “Bolsonaro inflama mais sua base para os atos dia 15”, disse, também no Twitter.

O presidente foi mais longe em defesa das manifestações. “Não é fácil. Já levei ‘facada no pescoço’ dentro do meu gabinete por pessoas que só pensam neles, não pensam no Brasil. Essa é uma grande realidade. Dia 15 agora tem um movimento de rua espontâneo. É um movimento espontâneo e o político que tem medo de movimentos de rua não serve para ser político. Então, participem. Não é um movimento contra o Congresso, contra o judiciário. É um movimento pró-Brasil, é um movimento que quer mostra para todos nós, presidente, poder Executivo, poder Legislativo, poder Judiciário que quem dá o norte para o Brasil é a população”.

Já o ministro do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), general Heleno, também presente no evento, afirmou que o presidente é vítima de conspiração. “Estamos diante de uma realidade inevitável. O presidente Bolsonaro fará um novo Brasil, está dando certo. Ele tem encontrado uma resistência muito grande. A rede de corrupção está sendo desbaratada pelo governo, tem prejudicado planos espúrios de muita gente”, apontou.

No fim de fevereiro, a jornalista Vera Magalhães noticiou que o chefe do Executivo compartilhou por meio do Whatsapp, um vídeo com a convocação para as manifestações de 15 de março, organizada pelos seus apoiadores para supostamente defender o governo e protestar contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal. De acordo com a gravação, os dois poderes fariam parte dos chamados “inimigos do Brasil”.

Bolsonaro chamou a profissional de mentirosa e ainda negou que tenha compartilhado vídeos convocando manifestações contra o Congresso e o Supremo e disse que se trata de um vídeo das manifestações de 2015. No entanto, as imagens dos vídeos mostram o presidente em momentos posteriores, como a facada em período eleitoral em 2018 e o mesmo portando faixa presidencial, já eleito.

Ainda que tenha criticado recentemente a postura do presidente Jair Bolsonaro de endossar as manifestações marcadas para o próximo dia 15, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) entende que elas não representam um risco para o país. “O risco do Brasil não são as manifestações. O risco é de os que tomam decisões ficarem com medo de afirmar os seus valores”, disse o ex-presidente, sem elaborar mais ou especificar sobre quem se referia. 

Linha tênue


Antes mesmo das eleições de 2018, os brasileiros foram às ruas para protestar contra a corrupção, e houve atos em frente ao Congresso, como em dezembro de 2016. Àquela época, os protestos também foram realizados em apoio à Operação Lava-jato.

FHC se disse um “partidário da liberdade e da democracia” e favorável a manifestações populares. “Qualquer manifestação é manifestação. A sociedade tem direito de se manifestar, desde que não saia do limite”. Em 25 de fevereiro,  FHC publicou nas redes sociais que o país estava diante de uma “crise institucional de consequências gravíssimas”, após Bolsonaro compartilhar no WhatsApp convocações a manifestações contrárias ao Congresso Nacional.


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