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Estado de Minas POLÍTICA

Transformações marcam os 10 anos da Cidade Administrativa

Sede do governo estadual pela quarta gestão, Cidade Administrativa entra em novo modelo de uso, com austeridade em gastos; complexo recebe um mil visitantes ao dia


postado em 04/03/2020 04:00 / atualizado em 04/03/2020 14:36

Vista da sede do governo de Minas, obra grandiosa onde trabalham 16 mil servidores e projetada por Oscar Niemeyer (foto: Leo Drumond/Agência nitro)
Vista da sede do governo de Minas, obra grandiosa onde trabalham 16 mil servidores e projetada por Oscar Niemeyer (foto: Leo Drumond/Agência nitro)
O marco de dez anos em atividade que a Cidade Administrativa Presidente Tancredo Neves – o centro de comando do governo estadual – completa nesta quarta-feira assume também um significado de transformações desde a inauguração do complexo, na gestão do PSDB, pelo então governador Aécio Neves. O conjunto de edifícios projetados pelo arquiteto Oscar Niemeyer nasceu com o conceito de “fortaleza” em duas administrações tucanas, que desejavam mudar um espaço tradicional até então de ocupação das secretarias e órgãos do estado, passou pelo processo de enxugamento a partir de 2015, durante o mando do PT, e agora se adapta ao modelo de austeridade administrativa definido pelo governador Romeu Zema (Novo).

A estrutura do governo estadual então centralizada na Praça da Liberdade, Região Centro-Sul de Belo Horizonte, começou a funcionar na Cidade Administrativa em 4 de março de 2010, ao custo estimado em R$ 2,1 bilhões, considerando-se os gastos com mobiliário e os sistemas de acesso de funcionários dentro da nova sede. Cerca de 1.100 servidores públicos ocuparam os prédios instalados no Bairro Serra Verde, Região Norte de BH, ainda com algumas obras em andamento. O quadro de pessoal alcançou 15 mil trabalhadores e, hoje, reúne 16 mil.

A inauguração foi celebrada pelo governo do PSDB num discurso de unidade de trabalho do setor público No primeiro ano de funcionamento da nova sede, Aécio Neves chegou até a alterar a escala de horários dos funcionários públicos para se adaptarem ao local, distante 20 quilômetros da Região Central da capital mineira. De 2011 a 2014, o então governador Antonio Anastasia manteve a linha de tratamento dada à Cidade Administrativa pelo antecessor, sempre com a justificativa de que o complexo gerava considerável economia aos cofres públicos.

Não foi esse o entendimento do sucessor Fernando Pimentel (PT), que assumiu o Executivo mineiro em 2015. Desde o primeiro ano do governo do PT, o plano foi mudar a Cidade Administrativa, com nova destinação ao espaço. Em fevereiro de 2018, chegou a ser anunciado o fechamento do Palácio Tiradentes, um dos cinco edifícios do complexo e prédio reservado ao governador.

A nova sede administrativa do estado entraria no debate das eleições de 2018. O ex-governador Fernando Pimentel e novamente candidato ao Executivo terminou seu mandato despachando do Palácio da Liberdade. Candidato a governador pelo PSDB, por sua vez, o atual senador Antonio Anastasia (PSD) enfatizava a valorização que o complexo levou aos imóveis do entorno e o impulso dado ao desenvolvimento econômico do chamado Vetor Norte de BH.

Vitorioso nas eleições, o governador Romeu Zema retomou os trabalhos de gestão na Cidade Administrativa, num modelo de valorização, mas dentro do propósito de gestão austera. Ele tem adotado medidas para tentar reduzir os gastos na sede do Executivo. Um exemplo é uma iniciativa de maio de 2019, relacionada aos serviços de capina na nova sede.

“Na Cidade Administrativa, há uma área verde que demanda gastos de R$ 2,5 milhões por ano para sua manutenção. Agora, esse dinheiro será economizado e investido no que realmente importa. Para evitar esse desperdício, solicitei que detentos em regime semiaberto façam esse trabalho”, disse Zema, na ocasião.

Outras ações, como desativação de alguns elevadores, fazem parte da nova agenda determinada pelo governador. O chefe do Executivo optou por estabelecer residência nas proximidades da Cidade Administrativa, em lugar de viver no Palácio das Mangabeiras, na Região Centro-Sul de BH, local de residência oficial dos governadores de Minas desde 1955.

História


Ver galeria . 31 Fotos Apresentação da maquete da Cidade Administrativa por Oscar Niemeyer, em 2004.Jair Amaral/EM/D. A. Press
Apresentação da maquete da Cidade Administrativa por Oscar Niemeyer, em 2004. (foto: Jair Amaral/EM/D. A. Press )
A Cidade Administrativa recebeu aval para construção em 2007, segundo mandato de Aécio Neves, e as obras começaram em dezembro daquele ano. A ideia era integrar os setores administrativas do governo com devidas secretarias e órgãos em um único espaço, composto por cinco edificações projetadas por Oscar Niemeyer.

A inauguração ocorreria na data em que se completariam 100 anos do nascimento do ex-presidente Tancredo Neves, avô do então governador de Minas. A construção da nova sede também compunha o plano de desenvolvimento da Região Norte de BH. Outro projeto visando à região era a criação da Linha Verde, um projeto de vias lançado em 2005. A nova “cidade” foi instalada às margens da MG – 010, na Região Norte. A inauguração da Cidade Administrativa foi, inclusive, acelerada para que Aécio pudesse participar da cerimônia ainda na condição de governador do estado.

Traçado novo para 41 órgãos do Estado


A sede administrativa, localizada no Bairro Serra Verde, abriga 41 órgãos do estado, distribuídos pelos prédios Tiradentes (de sete pavimentos), Minas e Gerais, cada um com 14 pavimentos; e Alterosas, de quatro pavimentos. O complexo é ainda formado pelo auditório Juscelino Kubitschek. O Palácio Tiradentes consiste na maior construção de concreto suspenso do mundo, com vão livre de 147 metros de comprimento por 26 metros de largura.

Toda essa estrutura recebe um mil visitantes por dia. Servida por duas novas linhas de ônibus, a Cidade Administrativa contempla, para os servidores públicos, áreas de lazer, como salas de convivência e de descanso, além de um Centro de Convivências, constituído de três pavimentos. A construção, que é interligada aos edifícios Minas e Gerais por galerias subterrâneas, tem 20 restaurantes e/ou lanchonetes, serviços, como banco, lotérica e farmácia.

Há também 4.060 vagas no estacionamento externo para veículos e 430 para motocicletas, e 698 vagas nos subsolos dos edifícios do complexo. Em 2019, as despesas com a nova sede somaram cerca de R$ 8 milhões com manutenção predial e de 82 elevadores; R$ 19 milhões com energia elétrica; e R$ 2 milhões com água.

As avaliações ao Estado de Minas de Zema, Pimentel, Anastasia e Aécio


As avaliações de quatro governadores ouvidos pelo Estado de Minas sobre o projeto da Cidade Administrativa enfatizam a melhoria do atendimento do setor público. Para o governador Romeu Zema, trata-se de uma tarefa tornar o trabalho na Cidade Administrativa mais eficiente e ágil. “Minha maior missão ao trazer toda sede do governo para a Cidade Administrativa é oferecer uma melhor qualidade de trabalho para os servidores, facilitar para prefeitos e garantir mais eficiência e agilidade na tramitação de informações, alinhado com o foco deste governo que é o cidadão mineiro”, afirmou Zema.

Na opinião do senador Antonio Anastasia, a Cidade Administrativa foi um marco na busca pela melhoria da prestação dos serviços públicos em Minas Gerais. “Pouca gente se lembra, mas os prédios que abrigavam as diversas Secretarias antes da Cidade Administrativa estavam espalhados por toda nossa capital, grande parte deles sem mais nenhuma estrutura física que comportasse toda demanda”.

O deputado federal Aécio Neves ressalta o complexo como equipamento para que o estado atenda com eficiência a população, em especial segmentos mais dependentes do setor público. Por meio de nota, o ex-governador afirma: “A Cidade Administrativa foi a mais importante intervenção urbana na Região Metropolitana da nossa capital nos últimos 50 anos. Foi construída com quatro objetivos centrais: gerar economia para o estado, aumentar a qualidade e eficiência dos serviços à população, melhorar as condições de trabalho dos servidores e reverter o processo de estagnação de uma importante região”. 

A nota dissonante é a do ex-governador Fernando Pimentel, que considera a sede do governo estadual fruto de uma definição que considera equivocada de prioridade. “Decisão tomada sem consultar a população (o que podia ter sido feito em conjunto com a Assembleia), levou o governo estadual a investir numa obra desnecessária, com erros graves de projeto e alto custo de manutenção. Na época, o mais adequado teria sido alocar as secretarias de estado nos inúmeros edifícios do centro da capital que estavam disponíveis (obviamente após reformas adequadas)”, disse.

Festa e arte da política

Na edição do Estado de Minas de 5 de março de 2010, foi destaque a festa de entrega da Cidade Administrativa. Cerca de 6 mil convidados eram esperados no evento. O noticiário abordou não só a grandiosidade da obra, o trabalho do arquiteto Oscar Niemeyer e as homenagens feitas ao ex-presidente Tancredo Neves, como também mostrou como as presenças de personalidades da política levantariam as discussões sobre a corrida pelas eleições de 2014 e o tom dado à celebração por artistas, como o cantor e compositor Milton Nascimento. A inauguração foi então um encontro do então governador Aécio Neves com o vice-presidente da República, à época, José Alencar Gomes da Silva; o governador de São Paulo, José Serra; o ex-presidente Itamar Franco e o então presidente do Supremo Tribunal Federal, Gimar Mendes.


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