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Estado de Minas GOVERNO

Bolsonaro quer nova perícia

Presidente volta a levantar dúvidas sobre circunstâncias da morte de miliciano na Bahia, afirma temer manipulação em investigação e que já encomendou novo exame no corpo


postado em 19/02/2020 04:00 / atualizado em 18/02/2020 20:35

Jair Bolsonaro disse que quer esclarecer detalhes da morte de Adriano, mas quer saber também quem matou Marielle e Celso Daniel (foto: MARCOS CORREA/PR)
Jair Bolsonaro disse que quer esclarecer detalhes da morte de Adriano, mas quer saber também quem matou Marielle e Celso Daniel (foto: MARCOS CORREA/PR)

Brasília – O presidente Jair Bolsonaro teve mais um dia de embates sobre a morte do policial miliciano Adriano da Nóbrega na Bahia e sobre a CPI das Fake News no Congresso. Em postagens nas redes sociais e entrevista à imprensa, ele afirmou que tomou medidas legais para obter perícia independente no corpo do miliciano que morreu na semana passada durante operação policial em Esplanada (BA). O ex-policial tem ligação com um dos filhos de Bolsonaro, o senador Flávio Bolsonaro, que empregou parentes de Adriano em seu gabinete quando era deputado estadual no Rio.

“Já tomei as providências legais para que seja feita perícia independente, porque, sem isso, você não tem como buscar até, quem sabe, quem matou a Marielle. A quem interessa não desvendar a morte da Marielle? Os mesmos que não interessam desvendar o caso Celso Daniel. São exatamente os mesmos”, apontou. Durante entrevista na porta do Palácio da Alvorada, o chefe do Executivo deu a entender que tem informações sobre que medidas o Ministério Público da Bahia pode tomar.

"Pelo que estou sabendo, o MP federal da Bahia, não tenho certeza, vai cobrar perícia independente. É o primeiro passo para começar a desvendar as circunstâncias que ele morreu e por quê. Poderia interessar para alguém a queima de arquivo. O que ele teria para falar? Contra mim que não era nada. Se fosse contra mim, tenho certeza que os cuidados seriam outros, para preservá-lo vivo", afirmou. Bolsonaro já havia feito postagens no Twitter fazendo as mesmas afirmações sobre o caso de Adriano.

O presidente disse ainda que teme que o telefone periciado seja contaminado e que sejam inseridos áudios ou conversas no WhatsApp. "Tem outra coisa mais grave. Vai ser feita perícia no telefone apreendido com ele. Será que essa perícia poderá ser insuspeita? Porque eu quero uma perícia insuspeita. Por quê? Nós não queremos que sejam inseridos áudios no telefone ou inseridas conversações no WhatsApp", justificou, alegando que poderia ser prejudicado.

"Que depois que se faz uma perícia, se porventura, vamos deixar bem claro, se porventura, uma pessoa seja atingida, que pode ser eu, apesar de ser presidente da República, imagina se eu fosse cidadão comum, apesar de ser presidente da República, quanto tempo levaria para essa nova perícia?", emendou, dizendo que o "tempo todo" tentam vinculá-lo a algum caso.

Questionado se havia conversado com o ministro da Justiça, Sergio Moro, a respeito uma eventual federalização do caso, Bolsonaro respondeu: "Se federalizar... Está numa sinuca de bico. Alguns podem achar que, ao federalizar, eu teria alguma participação, alguma influência no destino da investigação. É zero. Se o Moro achar que deve federalizar, a decisão é dele. Eu não vou falar para ele não ou sim. A decisão é dele".

Família 


O MP-BA solicitou, realmente, no fim da manhã de ontem novo exame pericial no corpo do miliciano. A defesa da família solicitou à Justiça da Bahia que o corpo permanecesse conservado no Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro e que eles pudessem realizar perícia independente. Agora, o MP pede a conservação do corpo e um novo exame de necropsia.

No documento, os promotores pedem que, para além de elementos de praxe, que os peritos observem "a direção que os projéteis percorreram no interior do corpo, o calibre das armas utilizadas para os disparos, a distância aproximada entre os atiradores e Adriano e outros achados considerados relevantes". Além disso, é solicitado que seja determinado, em caráter de urgência, ao diretor do IML do RJ que mantenha o corpo de Adriano no local e em conservação.

Na manhã de ontem, o advogado da família, Paulo Emília Catta Preta, informou que já havia ordem de remoção do corpo. A família, entretanto, estava pedindo a conservação do corpo e a autorização de uma perícia independente, tanto do corpo quanto do local de crime. Os pedidos já haviam sido feitos à Justiça do RJ, mas foi negado após juiz entender que a competência é da Justiça baiana. A defesa, então, fez os mesmos pedidos ao Judiciário da Bahia. Mesmo com a ordem de remoção, o advogado informou que a intenção da família é deixar o corpo no IML para nova perícia. "Queremos fazer das formas mais oficiais possíveis", disse, explicando que quer desta forma para evitar que digam que o laudo foi manipulado.

Flávio posta vídeo de autópsia


O senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente Jair Bolsonaro, publicou vídeo que mostra que seria da autópsia realizada no corpo do miliciano Adriano da Nóbrega. Ele dá a entender que houve tortura. As imagens foram postadas no Twitter. O senador afirma que existem claros sinais de tortura contra o miliciano. O governador da Bahia, Rui Costa (PT) e a Secretaria de Segurança Pública do estado afirmam que o miliciano foi morto ao reagir com tiros ao ver os policiais se aproximando. O advogado de Adriano, Paulo Emílio Catta Preta, afirmou que o cliente temia  queima de arquivo.

Adriano era ligado ao senador Flávio Bolsonaro e foi homenageado por ele na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj). O parlamentar também empregou no gabinete, quando era deputado estadual, a ex-mulher e a mãe do miliciano. No vídeo, é possível ver o corpo sendo avaliado pelos legistas. "Perícia da Bahia (governo PT), diz não ser possível afirmar se Adriano foi torturado. Foram sete costelas quebradas, coronhada na cabeça, queimadura com ferro quente no peito, dois tiros a queima-roupa (um na garganta de baixo para cima e outro no tórax, que perfurou coração e pulmões", escreveu Flávio para afirmar que o miliciano foi torturado.

A Secretaria de Segurança da Bahia afirmou que as imagens postadas pelo senador não são da necropsia de Adriano.
 



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