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Estado de Minas CRIME ORGANIZADO

Caça aos fugitivos de facção no Paraguai

Pelo menos dois dos 75 presos que escaparam de prisão em Pedro Juan Caballero já foram recapturados. Diretor do presídio e agentes penitenciários são suspeitos de facilitar a fuga


postado em 21/01/2020 04:00 / atualizado em 21/01/2020 07:37

Sabio Darío González foi preso enquanto se escondia das autoridades, após fuga em massa no domingo de prisão em Pedro Juan Caballero(foto: Reprodução)
Sabio Darío González foi preso enquanto se escondia das autoridades, após fuga em massa no domingo de prisão em Pedro Juan Caballero (foto: Reprodução)


As forças de segurança do Paraguai realizaram, ontem, a prisão de um segundo fugitivo entre os 75 que escaparam da prisão de Pedro Juan Caballero, na fronteira com o Brasil. Sabio Darío González Figueredo foi preso enquanto se escondia das autoridades ainda no território do país vizinho. O primeiro a ser encontrado foi o brasileiro Eduardo Alves da Cuña, detido em Ponta Porã, no Mato Grosso do Sul. De acordo com o Ministério do Interior do Paraguai, Sabio González foi encontrado quando se preparava para dar continuidade ao plano de fuga. “O interno foi surpreendido quando estava escondido em um bairro periférico de Pedro Juan Caballero, a 200 metros da penitenciária. Ele foi recapturado quando estava prestes a abandonar a cidade. Essas ações fazem parte dos primeiros resultados de trabalhos em conjunto com o governo brasileiro, na zona de fronteira seca", informou o ministério.

Para a facção que surgiu em São Paulo e ganha território pelo país e na América do Sul. Pedro Juan Caballero é considerada uma cidade estratégica para o grupo criminoso, já que é por lá que a droga traficada dos países vizinhos entra no Brasil. Uma vez em território nacional, segue para Estados Unidos, Europa e Ásia. No Brasil, o Ministério da Justiça enviou tropas para montarem barreiras, com a finalidade de identificar fugitivos que tentam entrar no país. Homens da Força Nacional, da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul e das Forças Armadas reforçam a segurança.

As autoridades do Brasil e do Paraguai acreditam que os membros da facção criminosa que estavam presos no Paraguai retornaram ao Brasil após fuga em massa ocorrida no domingo. O presídio fica na fronteira entre os dois países, próximo a Ponta Porã (MS).

No Brasil, o ministro da Justiça, Sergio Moro, se colocou à disposição das autoridades paraguaias e disse que trabalha para que os criminosos não retornem ao Brasil. “Se voltarem ao Brasil, ganham passagem só de ida para presídio federal”, escreveu o ministro no Twitter. O governo brasileiro também determinou o fechamento da fronteira entre as duas nações na altura do Mato Grosso do Sul. Porém, o ministro do Interior paraguaio, Euclides Acevedo, disse acreditar que alguns dos presos tenham escapado para o Brasil logo após a fuga, dada a proximidade do presídio com a fronteira.

Além disso, a Polícia de Ponta Porã (MS) encontrou três veículos queimados na BR-463, próximo ao distrito de Sanga Puitã, do lado brasileiro da linha internacional que separa os dois países. Como o achado se deu logo após a fuga, o secretário da Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul, Antonio Carlos Videira, também acredita que parte dos criminosos fugiu para o Brasil.

Ação nas fronteiras

Ele disse que 200 policiais de várias forças foram deslocados para a região. “São homens da Polícia Rodoviária Estadual, do Departamento de Operações de Fronteira, além de equipes do Bope, Choque e Garra da capital (Campo Grande), com apoio de helicóptero nosso. Vamos fechar não só a fronteira, mas também as divisas com os Estados de São Paulo, Paraná e Goiás, pois já temos a informação de que muitos dos fugitivos são brasileiros de fora do nosso estado”.

O secretário informou ter feito contato com a Polícia Rodoviária Federal (PRF), com as secretarias desses Estados e com a Guarda Nacional do Paraguai para ações conjuntas. “Nossa inteligência está em contato ininterrupto com a polícia do Paraguai para troca de informações e, se necessário, de documentos. Pode haver casos de presos de lá que não tenham mandado de prisão aqui. Vamos dar apoio incondicional a eles nesse caso, pois interessa à nossa segurança”, disse. Segundo o secretário, as seguranças de terminais rodoviários, aeroportos e postos de fiscalização foram colocadas em alerta.

Fuga facilitada 
e prisão de diretor

O diretor do presídio de Pedro Juan Caballero e outros 30 agentes carcerários – de diversos níveis hierárquicos – estão detidos e deveriam prestar esclarecimentos ao Ministério Público do Paraguai ontem. Elas são suspeitas de terem facilitado a fuga dos integrantes do PCC. Ainda no domingo, o governo paraguaio já havia anunciado os afastamentos de Joaquín González, diretor-geral e estabelecimentos penitenciários, de Matías Vargas, chefe de Segurança e Cristian Gonzáles, diretor de prisão, além de cinco agentes penitenciários. O secretario-geral da Presidência do Paraguai, Juan Ernesto Villamayor, reconheceu que houve erro de avaliação por parte do sistema de inteligência do país no caso da fuga. O presidente paraguaio, Mario Abdo Benítez, ordenou que a equipe de segurança procurasse os membros do PCC e continuasse o contato com as autoridades brasileiras, pois a maior possibilidade é de que os criminosos tenham fugido para o Brasil.

Um túnel foi encontrado perto da prisão, mas o governo paraguaio acredita que a fuga tenha sido facilitada, pois as primeiras informações são de que os detentos conseguiram sair pela porta da frente. A ministra da Justiça pagraguaia, Cecilia Pérez, afirmou que o efetivo policial havia sido reforçado no presídio depois que um plano de fuga foi descoberto, em dezembro. Segundo apurou-se à época, agentes penitenciários podiam receber até US$ 80 mil para deixar que líderes do PCC fugissem. Após descrever o episódio como "extremamente grave e sem precedentes", Cecilia colocou o cargo à disposição do presidente Mario Abdo Benítez.




Vice-ministro renuncia


O vice-ministro de Política Criminal do Paraguai, Hugo Volpe, pediu demissão do cargo ontem, um dia após a fuga de 75 presos da Penitenciária Regional de Pedro Juan Caballero, dominada pela facção brasileira Primeiro Comando da Capital (PCC). Um dos principais articuladores da luta contra o narcotráfico em seu país, Volpe teria sido apontado pelo Ministério da Justiça do Brasil como envolvido em esquema de corrupção.

O presidente Mario Abdo aceitou a demissão e nomeou para o cargo o então vice-ministro de Justiça, Edgar Taboada. Nota divulgada pelo Ministério de Justiça informa que a saída de Volpe se deu “como parte das investigações realizadas pela fuga de 75 membros do PCC”, entre eles 40 brasileiros. Conforme a nota, no entanto, “a medida foi tomada após análise de relatórios enviados pelo Ministério da Justiça do Brasil, onde Volpe é mencionado por supostos atos irregulares cometidos enquanto atuava como promotor na cidade de Pedro Juan Caballero”.

Ao ser confrontado com a denúncia, o promotor teria negado os fatos, mas decidiu pela não permanência no cargo para se defender das acusações. “Como resultado da comunicação do relatório, nos reunimos com o vice-ministro Hugo Volpe, que disponibilizou sua posição para que isso seja esclarecido de forma transparente. A partir desse momento, o presidente designa (para a função) o vice-ministro Edgar Taboada”, explicou a ministra da Justiça, Cecilia Pérez.

Conforme a ministra, o caso em que envolve o promotor de justiça Hugo Volpe não tem a ver com a fuga de presos ocorrida em Pedro Juan Caballero. “Como ele (Volpe) está sendo alvo de uma investigação, ele pôs o cargo à disposição para evitar conflitos, porque também deve esclarecer o caso em que foi apontado seu envolvimento.” O ministro Arnaldo Guizzio, da Secretaria Nacional Antidrogas (Senad), disse que o presidente aceitou a demissão de Volpe para seguir com as investigações e chegar à verdade dos fatos. “Houve uma denúncia formal apresentada por um promotor do Brasil, recebida em nosso Ministério Público via o Ministério de Justiça do Brasil”, afirmou.

Nenhuma das autoridades paraguaias deu detalhes da denúncia. Volpe desempenhou o cargo de promotor do combate ao narcotráfico até novembro do ano passado, quando pediu sua demissão do Ministério Público para assumir como titular do vice-ministério de Política Criminal, vinculado ao Ministério da Justiça. O promotor paraguaio foi figura de destaque nas ações conjuntas entre o Brasil e o Paraguai para combater o narcotráfico na fronteira. Em várias operações, ele prendeu policiais que chefiavam departamentos em cidades da fronteira com o Brasil. Ameaçado de morte pelos traficantes, ele passou a contar com segurança oficial.
 
 




No Acre, 26 fogem de presídio na capital

A Polícia Federal e a Agência Brasileira de Inteligência (Abin) foram acionadas pelo governo do Acre para ajudar com informações sobre a fuga de 26 presos do presídio Francisco de Oliveira Conde na madrugada de ontem, em Rio Branco, capital do Acre. A informação foi confirmada durante coletiva de imprensa realizada no Gabinete Civil do governo do estado do Acre. O objetivo é saber se há relação com a fuga ocorrida no Paraguai. Um dos fugitivos foi recapturado, escondido em uma área de mata próximo ao complexo.

O plantão no complexo penitenciário, incluindo nas três guaritas instaladas na muralha de sete metros estava sob responsabilidade da Polícia Militar até ontem. “Foi o último plantão da PM hoje (ontem)”, lamenta o presidente da Associação dos Policiais Penais do Acre, Eden Alves Azevedo, que defende a permanência do efetivo de 187 policiais militares que atuam na segurança do complexo. O governo estadual vai manter o cronograma de retirada de policiais do complexo. “Eu não concordo e vai piorar muito a situação”, opina a juíza Luana Campos. Ela atuou durante oito anos na Vara de Execuções Penais e manteve, durante esse período, a postura de cobrar do poder público providências para que a Lei de Execuções Penais fosse aplicada.

O último relatório elaborado pela equipe dela foi feito em dezembro do ano passado. O relatório aponta falhas na infraestrutura do prédio que possibilita construção de túneis e buracos. “Essa fuga decorre da forma como está sendo conduzida a penitenciária, sem que o preso tenha seus direitos legais garantidos e, em contrapartida, o Iapen adotou política repressora. Não há um equilíbrio entre direitos e deveres. Não há estudo, trabalho e eles (presos) falam que são torturados diariamente. A Vara de Execuções Penais, na minha gestão, sempre enfatizou o quadro de poucos agentes penitenciários e a possibilidade de rebelião. Aliado à estrutura velha dos pavilhões, que, sem reforma, podem ser facilmente cavados buracos na parede”.
 


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