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Estado de Minas GOVERNO

SEM JAIR BOLSONARO, PSL BUSCA AUTONOMIA

Partido pretende manter alinhamento com pautas governistas, mesmo com a desfiliação do presidente, mas vai buscar acordos com legendas de centro, de olhos nas eleições em 2020


postado em 16/11/2019 04:00 / atualizado em 15/11/2019 20:14

''O partido recebe esse dinheiro. O direito foi conquistado nas urnas. A janela para os que quiserem sair é em 2022, seis meses antes das eleições. O presidente não pode criar um partido e achar que vai levar todo mundo só porque ele e sua família querem'' - Delegado Waldir (PSL-GO), deputado federal (foto: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO)
''O partido recebe esse dinheiro. O direito foi conquistado nas urnas. A janela para os que quiserem sair é em 2022, seis meses antes das eleições. O presidente não pode criar um partido e achar que vai levar todo mundo só porque ele e sua família querem'' - Delegado Waldir (PSL-GO), deputado federal (foto: GABRIELA BILÓ/ESTADÃO CONTEÚDO)

Brasília – O anunciado desembarque do presidente Jair Bolsonaro e do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) do PSL é um assunto tratado com sobriedade dentro do partido. Os caciques da legenda sabem que, diferentemente das eleições de 2018, não poderão mais associar a imagem ao chefe do Executivo federal, mas isso, asseguram, não os preocupa. Para o presidente nacional, Luciano Bivar (PE), a desfiliação é a chance de reposicionar a sigla no cenário político nacional, com a construção de uma narrativa classificada por interlocutores como racional, não radical nem extremista. O alinhamento com as pautas governistas liberais na economia e conservadoras nos costumes no Congresso não vai mudar, mas com senso de autonomia maior para construção de acordos com os partidos de centro, em um movimento que se refletirá nas eleições municipais de 2020.

No próximo ano, o PSL terá R$ 358 milhões a gastar no pleito de 2020, dos quais são R$ 245 milhões do Fundo Eleitoral e R$ 113 milhões do Fundo Partidário. Até 2022, o valor contabilizado será próximo de R$ 1 bilhão. Contudo, embora o apoio financeiro e o tempo de televisão para as eleições sejam fatores que não podem ser desprezados, não são os únicos elencados por aliados de Bivar como motivos para a expectativa de sucesso e de uma vida próspera para a legenda no cenário “pós-Bolsonaro”.

Se o presidente da República tivesse optado por permanecer na sigla, a leitura feita é de que seria difícil costurar acordos e coligações no sistema majoritário, ou seja, para candidaturas de prefeitos. “O discurso adotado por ele e os filhos é um obstáculo para a formação alianças e entendimentos. A bolha ‘bolsonarista’ não permite costuras”, analisa o deputado federal Júnior Bozzella (PSL-SP), braço direito de Bivar.

''O discurso adotado por ele (Bolsonaro) e os filhos é um obstáculo para formação alianças e entendimentos. A bolha bolsonarista não permite costuras. Witzel vem sinalizando aproximação no sentido de construir alianças com prefeituras'' - Júnior Bozzella (PSL-SP), deputado federal (foto: Michel Jesus/Câmara dos deputados)
''O discurso adotado por ele (Bolsonaro) e os filhos é um obstáculo para formação alianças e entendimentos. A bolha bolsonarista não permite costuras. Witzel vem sinalizando aproximação no sentido de construir alianças com prefeituras'' - Júnior Bozzella (PSL-SP), deputado federal (foto: Michel Jesus/Câmara dos deputados)

O planejamento é reposicionar a imagem do partido aos moldes de uma nova direita. “A que Bolsonaro defende é autoritária, remete à ditadura militar. O PSL, agora, pode ser o esteio de uma direita que ainda não nasceu e nortear o espectro político”, defende Bozzella. A legenda prepara um ousado planejamento para as próximas eleições. Bivar projeta um salto do controle da sigla em 30 municípios para 1 mil. Bozzella é mais modesto e acredita que o partido possa abocanhar entre 300 e 500 prefeituras. Entre as capitais, algumas pré-candidaturas estão postas. A deputada federal Joice Hasselmann (SP) será lançada em São Paulo, o deputado estadual Fernando Francischini (PR) disputará em Curitiba, e com aval do deputado federal Julian Lemos (PB), o radialista Nilvan Ferreira concorrerá em João Pessoa.

Em outras cidades, será estudado caso a caso, sempre com possibilidade de construir alianças. Mesmo em São Paulo, onde o PSDB tem uma base dominante, as conversas com os tucanos estão bem encaminhadas. Bozzella mantém conversas com o governador João Doria, a fim de construir o apoio em torno da pré-candidatura de Hasselmann. No Rio de Janeiro, os deputados federais Gurgel e Felício Laterça são cotados e terão seus nomes sugeridos por Bozzella ao governador do estado, Wilson Witzel (PSC), em jantar na segunda-feira. “Witzel vem sinalizando uma aproximação no sentido de construir alianças a prefeituras. É do mesmo espectro político e partimos de um ponto de mesma ideologia para formar acordos e fortalecer nossa base, nos preparando para 2022”, explica o parlamentar.

No Rio Grande do Sul, o deputado federal Nereu Crispim terá a liberdade para discutir alianças com o governador Eduardo Leite (PSDB). Na Bahia, a deputada federal Dayanne Pimentel estará apta a construir alinhamento com o DEM, legenda presidida nacionalmente por ACM Neto, prefeito de Salvador. Sobretudo os presidentes de diretórios estaduais de seus partidos ganharão autonomia para propor costuras em suas bases para eleger prefeitos e vereadores. Entretanto, no Nordeste, onde partidos de oposição são fortes, não há expectativas de alinhamento com PT, PCdoB, PSB e PDT.

ESTRATÉGIA NOS ESTADOS


Em Goiás, estado em que o deputado federal Delegado Waldir preside o diretório, a projeção é emplacar 246 candidaturas para as prefeituras e câmaras de vereadores. “Temos 140 diretórios montados e vamos fazer da mesma forma nos outros lugares. Queremos ser o maior partido do Brasil”, destaca. A estratégia do PSL para 2020 será apostar em quadros “inteligentes e racionais”, tendo como ponto de partida, em alguns estados, a influência de parlamentares (veja arte). Entre janeiro e fevereiro, a legenda vai contratar pesquisas para construir um planejamento dentro da Executiva Nacional, a fim de viabilizar os melhores candidatos a prefeitos, vice e vereadores.

As maiores incógnitas estão em São Paulo e no Rio de Janeiro, onde o “processo de destruição” foi maior, critica o deputado federal Coronel Tadeu (PSL-SP). Ele acusa Flávio, até então presidente do diretório fluminense, e o deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), ainda presidente do diretório paulista, de esquecerem suas bases e não construirem projetos. Em São Paulo, entre 200 e 300 diretórios foram desmobilizados. Ainda assim, mesmo com a confirmação da família Bolsonaro de ruptura com a legenda, há uma demanda de filiação à sigla nos municípios.

Em São Paulo, o partido trabalha, agora, para demover o clima de instabilidade que pairou até então. Em Araraquara, um dos diretórios desmobilizados será restituído, e as conversas com o Coronel Wagner Prado, pré-candidato no município, retomadas. Em Sorocaba, nono maior município do estado, o PSL vai iniciar negociação com o vereador Ricardo Manga (DEM), pré-candidato. Ele mantém diálogo com o Republicanos, mas está aberto a escutar a proposta pesselista. Em São José dos Campos, quinto maior município, a ideia é lançar a deputada estadual Letícia Aguiar. Outras prefeituras almejadas são Ribeirão Preto e Campinas.

z RUMO A 2020


Com a confirmação do racha do PSL, saiba quem são os mais influentes deputados e senadores para as eleições municipais

Centro-Oeste
Waldir (GO)
Soraya Thronicke (MS)*
Loester Trutis (MS)

Sul 
Nereu Crispim (RS)
Felipe Francischini (PR)
Fabio Schiochet (SC)

Sudeste
Joice Hasselmann (SP)**
Junior Bozzella (SP)
Major Olimpio (SP)*
Gurgel (RJ)
Felício Laterça (RJ)
Dra. Soraya Manato (ES)
Delegado Marcelo Freitas (MG)

Nordeste
Luciano Bivar (PE)
Julian Lemos (PB)
Prof. Dayane Pimentel (BA)
Heitor Freire (CE)

Norte
Delegado Pablo (AM)

(*) Senador(a)
(**) Candidata do partido 
à Prefeitura de São Paulo
 






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