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Estado de Minas

''NÃO SABEMOS QUANTO ÓLEO AINDA ESTÁ POR VIR''

Apesar do tom alarmista de Bolsonaro de que o desastre ambiental pode ser ainda maior, ministro da Defesa diz que não é possível avaliar quantidade que ainda chegará ao litoral


postado em 05/11/2019 04:00 / atualizado em 04/11/2019 21:47

VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL
Ministro Fernando Azevedo e Silva anunciou a segunda etapa da operação para conter o avanço do óleo (foto: VALTER CAMPANATO/AGÊNCIA BRASIL)

Brasília – O ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, disse que o governo não sabe a quantidade de óleo derramado que ainda poderá atingir o litoral brasileiro. "É uma situação inédita. Esse desastre nunca aconteceu no Brasil e no mundo. Esse tipo de óleo não é perceptível pelo radar, pelo satélite. Não sabemos a quantidade (de óleo) derramado que está por vir", afirmou. A fala do ministro foi uma resposta à declaração do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de que o "pior está por vir". Azevedo e Silva disse que o governo está "acompanhando a evolução" e avança na investigação sobre responsáveis pelo óleo. De acordo com levantamento feito pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama), já foram recolhidas quase 4 mil toneladas de resíduos de óleo das praias.

O governo federal anunciou ontem o começo da segunda etapa da Operação Amazônia Azul – Mar Limpo é Vida", para conter o avanço do óleo nas praias do Nordeste. As Forças Armadas devem realizar "ações humanitárias relacionadas ao meio ambiente, cooperação na recuperação de áreas marítimas atingidas e monitoramento das águas jurisdicionais do Brasil", informou a Defesa. A Polícia Federal aponta o navio Bouboulina, de bandeira grega, como "suspeito" pelo derramamento. 

Bolsonaro esteve na Defesa ontem para receber informações sobre as investigações. Azevedo e Silva disse que as ações avançam simultaneamente em três frentes: apuração sobre responsáveis pelo derramamento, identificação das manchas de óleo no mar e contenção de danos nas praias. O volume de petróleo que chegou às praias do Nordeste e foi recolhido até agora representa apenas uma pequena quantidade do que foi derramado, "então, o pior ainda está por vir". A declaração foi dada pelo presidente Jair Bolsonaro, durante entrevista veiculada na noite de domingo na TV Record. "Temos um anúncio de uma catástrofe ainda maior que está para acontecer por causa desse vazamento que, pelo que tudo parece, foi criminoso", acrescentou.

O presidente comentou sobre a possibilidade de nem todo o óleo derramado chegar às praias brasileiras, "se bem que, as correntes, tudo indica, foram para a costa do Brasil" admitiu. "Ele pode ter passado pelo Brasil e retornado para costa africana e para outro local qualquer", sugeriu. Bolsonaro reiterou que todos os indícios levam para o derramamento tenha sido feito pelo cargueiro grego, de forma criminosa. "Falta apenas bater o martelo", disse.

Na semana passada, a Polícia Federal informou que a partir da localização da mancha inicial de petróleo cru, a aproximadamente 700 quilômetros da costa brasileira, foi possível identificar um único navio petroleiro de origem grega que navegou pela área suspeita entre 28 e 29 de julho, datas em que se suspeita que o derramamento tenha ocorrido. O presidente também disse que quando as manchas começaram a aparecer nas praias da Paraíba, em 2 de setembro, ninguém imaginava o tamanho da catástrofe, mas Forças Armadas, Ibama, ICMBio, prefeituras e voluntários passaram a atuar na limpeza das praias. "Conforme foram avolumando a quantidade de óleo, outras medidas foram tomadas", disse o presidente.

Abrolhos


Dois dias após fragmentos do óleo  terem atingido uma pequena área do Parque Nacional Marinho de Abrolhos, o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade(ICMBio) decidiu suspender, temporariamente, as visitas de turistas à unidade de conservação. Localizado a cerca de 70 quilômetros da cidade de Caravelas (BA), o parque nacional, criado em 1983, tem uma das mais rica biodiversidade marinha do Brasil e do Atlântico Sul, com estruturas de recifes únicas. Segundo o ICMBio, a região é o principal berçário das baleias jubarte no Atlântico Sul e refúgio de espécies de tartarugas marinhas ameaçadas de extinção, além de aves marinhas que aproveitam o fato de as águas ao redor do arquipélago serem fartas em peixes e outras espécies marinhas – o que faz da pesca fonte de subsistência de milhares de moradores da região.

Anunciada na tarde de ontem, a suspensão das visitas entrou em vigor ontem. Inicialmente, a medida deve vigorar por três dias, mas pode ser prorrogada caso as ações de remoção do óleo não surta efeito até amanhã ou novas manchas de óleo atinjam a região.

Petroleira afirma que pode provar inocência


A petroleira grega Delta Tankers, proprietária do navio Bouboulina — principal suspeito apontado pelo governo brasileiro pelo derramamento de óleo no Atlântico que já atingiu mais de 300 praias no Nordeste, afirmou ontem que tem “dados e documentos” que mostram que sua embarcação não tem envolvimento com o vazamento. A empresa afirmou também que está em busca de respostas legais para o dano à sua imagem causado pela acusação. "A Delta Tankers tem todos os dados e documentos que provam que sua embarcação não está envolvida, mas até o momento ninguém pediu para vê-los", afirmou.

Em nota divulgada ontem, a petroleira reiterou que não foi procurada pela polícia Polícia Federal e que o Ministério de Assuntos Marinhos da Grécia também não recebeu pedido de informações ou outro tipo de contato das autoridades brasileiras. "Como esse suposto envolvimento é prejudicial à reputação e aos negócios de uma importante companhia de navegação que opera globalmente, a empresa está agora em discussões com os assessores jurídicos sobre como eles devem se dirigir às autoridades brasileiras", afirmou a Delta Tankers.

A Operação Mácula, deflagrada pela PF na sexta-feira passada, apontou o Bouboulina como principal suspeito de derramar ou vazar o óleo. A embarcação pertence à Delta Tankers. A Polícia Federal disse que a empresa vai ser notificada pela Interpol para prestar informações. "A empresa vai ser notificada agora, vai tomar conhecimento do teor todo da investigação e vai ser solicitada via Interpol para apresentar os documentos e as provas que alega ter. A empresa é suspeita no momento, não houve indiciamento", afirmou o delegado Franco Perazzoni.

BOUBOULINA SUSPEITO


O navio Boubolina foi carregado com 1 milhão de barris do petróleo cru tipo Merey 16 no Porto de José, na Venezuela, em 15 de julho, e zarpou quatro dias mais tarde. A embarcação foi alvo da Operação Mácula e acabou apontada como suspeita com base em relatório da empresa HEX Tecnologias Especiais, que diz ter feito análise de dados de satélite para localizar as manchas e traçado cruzamento com softwares de monitoramento de navios para chegar ao resultado que aponta o navio grego como suspeito. Após sair da Venezuela e trafegar sempre com seu sistema de localização ativo, o Bouboulina passou a oeste da Paraíba em 28 de julho. As investigações do governo brasileiro apontam que a primeira mancha no oceano foi registrada em 29 de julho, a 733 quilômetros da costa da Paraíba. As primeiras praias do país atingidas foram no município paraibano de Conde, em 30 de agosto. “Temos prova da materialidade e indícios de autoria. O que nos falta são as circunstâncias desse crime, se é doloso, se é culposo, se foi descarte ou vazamento", disse o delegado da PF do Rio Grande do Norte, Agostinho Cascardo. Segundo ele, a Marinha apurou que, em abril, o navio grego ficou retido nos EUA durante quatro dias por causa de problemas no filtro de descarte da embarcação.



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