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Estado de Minas POLÍTICA

Ministros do STF avaliam que pressão não influenciará julgamento da 2ª instância

Discussão sobre a possibilidade de prisão antes do esgotamento dos recurso da defesa será retomada nesta quarta-feira


postado em 22/10/2019 18:00 / atualizado em 22/10/2019 18:33

(foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF )
(foto: Rosinei Coutinho/SCO/STF )

Na véspera da retomada da análise de três ações sobre execução antecipada de pena, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) avaliam que a pressão das redes sociais e de grupos isolados de caminhoneiros sobre integrantes da Corte não deve influenciar o julgamento.

A discussão sobre a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância será retomada nesta quarta-feira, 23, pela manhã e se estender tarde adentro.

O STF tem sofrido pressões para não derrubar a possibilidade de prisão após condenação em segunda instância. A intimidação mais agressiva vem de caminhoneiros bolsonaristas, que gravaram vídeos ameaçando novas paralisações caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva saia da cadeia. A ofensiva também chegou aos gabinetes dos ministros, que não param de receber mensagens e ligações para impedir a revisão da atual jurisprudência.

Só no gabinete do ministro Luís Roberto Barroso, foram mais de 2 mil telefonemas e 4,5 mil e-mails na semana passada, com pedidos para que Barroso peça vista (mais tempo para análise) e interrompa o julgamento.

A favor da execução antecipada da pena no combate à impunidade, Barroso também vem recebendo elogios e apoio do público - o ministro é considerado um dos maiores defensores da Lava Jato no STF.

"Isso faz parte do processo democrático, mas é preciso observar os trâmites que a Corte tem de seguir", disse Gilmar Mendes a jornalistas, ao comentar a mobilização de setores da sociedade em relação ao julgamento desta quarta-feira. Indagado se a pressão sobre o STF poderia influenciar o resultado final do julgamento, Gilmar respondeu: "Não tem nada disso."

Outros dois ministros do STF ouvidos reservadamente também avaliam que os vídeos de grupos isolados de caminhoneiros e o barulho das redes sociais não deve influenciar a decisão da Corte. A expectativa é a de que a atual jurisprudência - a favor da execução antecipada de pena - seja revista.

Segurança

O Estado apurou que os órgãos de segurança e setores de inteligência do governo monitoram a questão, tanto nas redes quanto nas estradas, e produzem relatórios para analisar o que é "bravata" e o que pode ganhar algum tipo de força. De acordo com a assessoria do STF, as ameaças "que se mostrarem violentas serão enviadas para o âmbito do inquérito conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes", que cuida de investigação sobre ofensas e fake news contra integrantes da Corte.

Para impedir nova derrota da Lava Jato no STF, o grupo Vem Pra Rua mobilizou seguidores nas redes sociais para convencer Barroso e os ministros Luiz Fux, Edson Fachin e Cármen Lúcia - os quatro são favoráveis à execução antecipada de pena - a pedirem vista e, dessa forma, interromper o julgamento. A execução antecipada de pena é considerada um dos pilares da operação.

"Qual ministro terá coragem de pedir vista e impedir o fim da prisão após condenação em segunda instância?", diz convocação do movimento, que divulgou na internet relação dos telefones e e-mails de cada um dos gabinetes. Cem mil usuários já acessaram a lista, segundo o grupo.

'Convulsão'

Na semana passada, o ex-comandante do Exército general Eduardo Villas Bôas defendeu no Twitter o "grande esforço para combater a corrupção" e alertou para os riscos de "convulsão social". No ano passado, um tuíte dele na véspera do julgamento de um habeas corpus de Lula foi interpretado como intimidação. Agora, a nova postagem é vista na Corte como um "gesto isolado".

O recado mais estridente direcionado ao STF vem de grupos isolados de caminhoneiros, que divulgaram em redes sociais vídeos com mensagens contra os integrantes da Corte. "Se vocês soltarem tudo que é ladrão, principalmente o maior de todos eles, que é o Lula, vocês vão ver a maior paralisação que este País já teve. E quando os caminhoneiros param, o Brasil para. Fica esperto, Toffoli", diz um caminhoneiro identificado como "Marcão".

"Já viram caminhão subindo rampa? Vocês querem soltar bandido para benefício próprio de vocês. Chega! Ou vocês trabalham direito ou vão ver o que vai acontecer. Isso não é um recado, não. É uma promessa", diz outro caminhoneiro. Nos últimos dias, os vídeos circularam entre integrantes da Corte, que procuraram minimizar a questão.

A ameaça de paralisação de caminhoneiros é encabeçada por Ramiro Cruz Jr, representante da União Nacional dos Transportadores Rodoviários e Autônomos de Cargas (Unatrans). Filiado ao PSL, ele foi candidato a deputado federal, não se elegeu, mas mantém contato com assessores do presidente e com Bolsonaro, com quem chegou a se reunir em abril.

Um dos líderes da greve de caminhoneiros em 2018, o presidente da Cooperativa dos Transportadores Autônomos do Brasil (BrasCoop), Wallace Landim, o "Chorão", não é a favor de misturar a pauta política com as reivindicações da categoria. "A questão de paralisar a categoria toda para reivindicar uma pauta de STF eu não faço isso. Se precisar mobilizar para pauta da categoria, sou o primeiro a chamar. Pauta que não é da categoria eu não me envolvo", afirmou.


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