O ministro da Educação, Abraham Weintraub, utilizou o Ministério para trocar e-mails com a organização da Wikipédia e tentar alterar sua própria página na enciclopédia digital. O responsável pela pasta estava descontente, principalmente, com as informações relacionadas a cortes de gastos durante sua gestão.
Leia Mais
Bolsonaro: MEC vai elaborar projeto para proibir ''ideologia de gênero'' nas escolasWeintraub critica Macron: 'calhorda' oportunista buscando apoio do lobby agrícolaMinistro da Educação justifica erro mostrando 'falhas' de sites de notícias Bolsonaro defende Weintraub e diz que Escola sem Partido está em operaçãoA PM tem que entrar nos campus das universidades federais, diz WeintraubCarlos Bolsonaro: 'por vias democráticas a transformação não acontecerá na velocidade que almejamos'“Em junho, o ministro solicitou à assessoria do MEC para tentar editar o verbete, focando na parte do ‘contingenciamento’, que era tratado como corte por diversos veículos de imprensa confiáveis. Nenhum conteúdo vem da cabeça, tudo é por fonte. Todos entram assim, com fontes verificadas. Assim como para entrar tem que seguir regras, para sair também. Outros tentaram editar, e nós reeditávamos, até bloquearmos a página, pois consideramos isso como vandalismo”, disse, ao Estado de Minas.
Depois disso, o próprio MEC entrou em contato por e-mail e ameaçou acionar a Justiça para resolver a situação.
“O MEC mandou um e-mail. Respondi a eles, expliquei que, por ser pessoa pública, é possível fazer uma biografia. Em agosto, recebi novo e-mail solicitando desproteção da página porque haveria informações dúbias, e caso eu não respondesse em cinco dias tomariam as medidas judiciais cabíveis. Vimos como tentativa de censura e uma ‘carteirada’. O verbete segue protegido e deve ser aberto depois que toda poeira baixar”.
Leandro contou que alguns políticos, como o deputado federal Marcelo Freixo (Psol-RJ), entraram em contato com ele e outras pessoas da Wikipédia. A intenção seria abordar, em Câmara, o motivo de Weintraub utilizar a pasta do Executivo para fins pessoais.
“Fomos procurados por alguns vereadores, como o Marcelo Freixo, e agora o assunto vai para a Câmara, em Brasília. Foi pedido para que fizéssemos uma representação formal para que o ministro explique essa utilização de um órgão público para fins pessoais”, finalizou. Um requerimento foi apresentado pelo deputado carioca, e Weintraub terá 30 dias para respondê-lo.
A reportagem entrou em contato com o MEC, mas ainda não obteve resposta.