A ex-presidente da Petrobras Graça Foster contratou o escritório Klein Advogados para fazer sua defesa na Operação Lava-Jato. Paulo Márcio Ennes Klein, titular da banca, é advogado de um outro personagem emblemático, o ex-policial militar e ex-assessor parlamentar de Flávio Bolsonaro, na época em que o filho do presidente exercia mandato de deputado estadual na Assembleia Legislativa do Rio.
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Palocci implica Graça Foster em delaçãoGraça Foster negou auditoria em prédio, diz Renato DuqueProcuradoria acusa Graça Foster e Gabrielli por improbidadeGraça Foster, que presidiu a Petrobras entre fevereiro de 2012 e fevereiro de 2015, durante o mandato da ex-presidente Dilma, é investigada na Operação Pentiti, fase 64 da Lava-Jato, deflagrada na última sexta-feira, 23.
A Operação Pentiti investiga supostos crimes de corrupção envolvendo o Banco BTG Pactual e a Petrobras na exploração do pré-sal e "em projeto de desinvestimento de ativos" na África.
Revelações dos delatores Antônio Palocci, ex-ministro de Lula e Dilma, e do empresário Marcelo Odebrecht indicam que a ex-presidente da Petrobras tinha conhecimento da corrupção instalada na petrolífera, mas não adotou "medidas efetivas" para investigar ou impedir a continuidade do funcionamento do esquema bilionário que favoreceu cartel das gigantes da construção e políticos que lotearam diretorias estratégicas na empresa.
Nesta quinta-feira, 29, Graça protocolou petição na Superintendência Regional da Polícia Federal no Paraná em que comunica que constituiu o Klein Advogados para sua defesa e pede acesso à íntegra do inquérito da Pentiti.
Ela se colocou "à disposição" da PF para prestar seus esclarecimentos "no dia e hora a serem aprazados, seja nesta ou em qualquer outra investigação porventura existente, sempre com vistas a poder contribuir na elucidação dos fatos".
Paulo Klein defende Fabrício Queiroz no inquérito do Ministério Público do Rio que reúne dados compartilhados da Unidade de Inteligência Financeira, ex-Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras).
Relatório do Coaf, revelado em dezembro de 2018, apontou movimentação atípica de R$ 1,2 milhão na conta de Queiroz. Em abril de 2019, a Justiça do Rio determinou a quebra do sigilo fiscal e bancário do amigo dos Bolsonaro e de outras 84 pessoas e 9 empresas, no período entre 2007 e 2018.
Os promotores sustentam que há indícios robustos de que uma organização criminosa comandada por Flávio Bolsonaro e operada por Queiroz desviou recursos públicos por meio da devolução parcial de salário pelos assessores, prática conhecida como "rachadinha", e lavou dinheiro por meio de transações imobiliárias com valores de compra e venda fraudados.
Queiroz nega a prática de ilícitos.
Em defesa do banqueiro André Esteves, a advogada Sônia Cochrane Ráo declarou, no dia da deflagração da Operação Pentiti, que fez buscas em endereços do executivo. "Inexplicável e verdadeiramente assustadora a nova medida de força adotada sem qualquer motivo, baseada na desacreditada delação de Antônio Palocci, contra uma instituição financeira e um cidadão recentemente vítima de violento erro judiciário reconhecido por todas as instâncias judiciais.".