Jornal Estado de Minas

Bolsonaro: Moro é "um patrimônio nacional"


Brasília – O presidente Jair Bolsonaro voltou atrás na postura autoritária de dizer que mandava sozinho no governo e fez afagos aos ministros em cerimônia nessa quinta-feira (29), no Palácio do Planalto, e mostrou ter aparado as arestas com o ministro da Justiça e Segurança, Sérgio Moro.

No lançamento de projeto contra crimes violentos, iniciativa do Ministério da Justiça, o presidente disse que “cochicha com os ministros nos cantos” e dá liberdade para eles tocarem as próprias ideias. Em seu discurso, Bolsonaro elogiou Moro, dizendo que ele é um “patrimônio nacional”.

“Se Deus quiser, vai dar certo esse plano-piloto montado pelo Ministério da Justiça e Segurança (Pública), tendo à frente o senhor Sergio Moro, que é um patrimônio nacional”, disse.


“Temos que buscar uma solução (para a violência no país). Meus 22 ministros têm liberdade e sabem que devem satisfação ao povo brasileiro. Eles têm iniciativa e liberdade de buscar soluções para o Brasil”, afirmou o presidente. Bolsonaro afirmou que a economia cresceu mais que o esperado e que, se o desemprego cair, a violência também vai diminuir.

“Reconhecemos o árduo trabalho do ministro Paulo Guedes à frente do Ministério da Economia, mas precisamos de recursos”, disse.

Para exemplificar a situação das ruas, o presidente relembrou do episódio em que foi esfaqueado, durante a campanha de 2018. “Agradeço a Deus pela minha vida.
Fui vítima de uma situação como essa. Não queria deixar órfã a minha filha de 7 anos. Precisamos melhorar a situação da segurança pública no país”, completou.

O ministro Sérgio Moro disse que o MJ desenvolveu o projeto seguindo orientação do presidente sobre a necessidade de diminuir os crimes violentos no país.

“A criminalidade vem reduzindo e não tem o devido destaque na imprensa”, reclamou. Moro disse que é importante retirar o criminoso violento da rua e afirmou que os crimes violentos no Brasil diminuíram 20% nos primeiros quatro meses de 2019.

 “É preciso aliar políticas de segurança sólida com as demais políticas”, acrescentou.

Programa

O programa Em frente Brasil foi lançado ontem em cerimônia acompanhada pelos ministros da Esplanada e líderes do governo no Congresso. O projeto, ainda em fase piloto, elegeu cinco cidades das cinco regiões brasileiras para “estudar e aprender” formas de combate ao crime violento.

Fazem parte da fase inicial do programa Ananindeua, no Pará; Paulista, Pernambuco; Cariacica, Espírito Santo; São José dos Pinhais, Paraná; e Goiânia, Goiás.
Serão investidos R$ 20 milhões para financiar as atividades, sendo R$ 4 milhões para cada município, ao longo dos próximos seis meses.

Na cerimônia de lançamento do projeto, no Palácio do Planalto, o presidente Jair Bolsonaro, ministros, governadores e prefeitos dos cinco municípios assinaram os protocolos de intenção para o início da primeira fase do projeto.

De acordo com o Ministério da Justiça e Segurança Pública, os municípios que integram o projeto-piloto não são os mais violentos do país, mas registraram números absolutos de homicídios consideráveis nos últimos anos.

O projeto tem como foco os crimes violentos, como homicídios, feminicídios, estupros, latrocínios e roubos. Baseados no diagnóstico e nos índices de criminalidade, as cidades serão atendidas por meio da atuação transversal e multidisciplinar de iniciativas nas áreas da educação, saúde, habitação, emprego, cultura, esporte e programas sociais.

“É preciso termos segurança, é preciso termos policiais nas ruas, é preciso retirarmos de circulação o criminoso violento, o criminoso perigoso, mas também temos que enfrentar as causas da criminalidade, eventualmente relacionadas à degradação urbana, ao abandono e, para isso, precisamos aliar política de segurança sólida com políticas de outra natureza”, disse Moro.

A primeira fase do projeto-piloto foi batizada de "Choque de segurança", e inclui o emprego de diferentes forças policiais (federal, civil e militar) por meio de força-tarefa para desbaratar grupos criminosos organizados. O objetivo, no curto prazo, é reduzir os índices de criminalidade no território.
 

.