O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), deputado Alceu Moreira (MDB-RS), reagiu às declarações da senadora Katia Abreu (PDT-TO), de que "os agricultores que estão alegres hoje vão chorar amanhã".
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Ciro chama CNA de 'fascista', defende Katia Abreu e prega espaço ao contraditórioCasamento une Boulos, Meirelles, Katia Abreu e ManuelaKatia Abreu frisa que servidores estão sob teto salarialLíder da bancada ruralista na Câmara, Moreira disse que a senadora "muda de opinião muito rápido, como troca de blusa". "Kátia Abreu, nesse momento, expressa uma posição política de oposição. Aliás, se a Kátia Abreu estivesse falando na condição de presidente da CNA (a senadora foi presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária), ela diria completamente o inverso", comentou o deputado. "É que a Kátia Abreu muda de opinião muito rápido, como troca de blusa."
Questionada sobre a declaração de Alceu Moreira, a senadora voltou a mencionar o risco das políticas atuais repercutirem das negociações externas do País. "Prefiro mudar de opinião pelo amor, que é a ciência e o bem-estar dos consumidores, do que pela dor, que é a perda de mercados internacionais", declarou.
Na entrevista concedida ao Estado, a ex-ministra da Agricultura, que já foi um símbolo da retórica antiambiental, afirmou que "evoluiu" e que o discurso atual do setor é "antimercado" e representa atraso. Para ela, cabe ao Congresso atuar como um "aceiro". Alceu Moreira, no entanto, afirmou que há uma campanha da Europa para derrubar a competitividade do agronegócio brasileiro, mesmo movimento que, segundo ele, já é feito há anos pelos Estados Unidos.
"A Europa quer nos atingir quando diz que estamos fazendo desmatamento desordenado.
De acordo com o parlamentar, os europeus querem ter controle da produção da produção nacional. "É o que eles querem. Os americanos dizem há muito tempo, 'florestas lá, lavouras aqui'.
Crítica à Alemanha
O presidente da FPA criticou ainda a decisão da Alemanha de paralisar investimentos no Fundo Amazônia, programa de combate ao desmatamento realizado com recursos doados pela Alemanha e Noruega.
"Se eles realmente estivessem muito interessados em trabalhar a questão ambiental no Brasil, a primeira grande reclamação seria uma capital como São Paulo, ou Rio de Janeiro, que acabam lançando nos mares toneladas e mais toneladas de plástico e sujeira da pior espécie.
Licenciamento
A FPA é hoje a principal defensora do projeto de Lei Geral do Licenciamento Ambiental, relatado pelo deputado Kim Kataguiri (DEM-SP). Kim voltou a participar de almoço com parlamentares ruralistas nesta terça-feira, 13.
O texto foi alvo de críticas pesadas de especialistas. Em nota, 84 organizações socioambientais, como Conselho Indigenista Missionário, Greenpeace, Instituto Socioambiental, Observatório do Clima, SOS Mata Atlântica e WWF-Brasil, afirmaram que Kataguiri "deu uma guinada de 180 graus, rompeu acordos anteriormente firmados e apresentou, de última hora, um substitutivo que torna o licenciamento exceção, em vez de regra, comprometendo a qualidade socioambiental e a segurança jurídica das obras e atividades econômicas com potencial de impactos e danos para a sociedade".
Para Alceu Moreira, não há o que mexer no projeto. "O texto é certamente uma das obras mais importantes que o parlamento fez ao longo de sua história", disse o deputado, afirmando que vai fazer "um grande evento para discutir isso com os grandes líderes das bancadas". "Vamos esmiuçar isso para mostrar o que é verdade e o que é mentira com relação à legislação ambiental. Vamos nos reunir com Rodrigo Maia, os líderes e tentar convencer, para por em votação neste mês. Essa é uma votação em que não haverá consenso. O parlamento existe para isso.".