Jornal Estado de Minas

Kalil diz que Bolsonaro tem que 'ser respeitado e se dar ao respeito'


O prefeito de Belo Horizonte Alexandre Kalil (PSD) criticou, na manhã desta terça-feira (31) o presidente Jair Bolsonaro (PSL) que, segundo ele, por enquanto não está fazendo um bom governo. De acordo com ele, a gestão tem se apoiado em “factóides” para que os problemas reais dos brasileiros não sejam tratados.

“O Bolsonaro é presidente da República, teve 58 milhões de votos. Ele tem que ser respeitado e se dar o respeito”, afirmou.

A avaliação foi feita enquanto Kalil explicava a declaração do dia anterior, quando o prefeito disse que não queria saber sobre “bobajada de 1964”. A fala gerou críticas, como a do líder da base do governador Romeu Zema (Novo) na Assembleia, deputado Gustavo Valadares (PSDB), que afirmou que a “demagogia” não teria limites para Kalil e que provavelmente ele não sabia as atrocidades vividas por conta de 1964. “Tão infeliz quanto Bolsonaro”, definiu Valadares.

Kalil havia feito o comentário ao comentar o fato de o presidente Bolsonaro ter dito saber como o pai do presidente da Ordem dos Advogados do Brasil Felipe Santa Cruz morreu no período militar. Nesta terça-feira, ao ser questionado novamente sobre o assunto, o prefeito de BH disse que tentaria ser mais claro.


“É claro que ele (Fernando Santa Cruz, o pai de Felipe)  foi morto pela ditadura militar, é óbvio que é um acinte uma família falar de um camarada assassinado. O problema é o seguinte: isso já passou, as vedetes da 'revolução' de 1964 já morreram por idade, os que não foram assassinados, torturados e morreram, já morreram por idade praticamente todos”, disse.

Kalil disse que a mensagem que quis passar foi que trata-se de uma “criação de factoides” e que “problemas reais que atingem o povo brasileiro não estão sendo tratados com a devida seriedade”. Kalil afirmou ainda que nasceu em 1959 e que o que sabe sobre a ditadura leu em livros.

“Se você ler o livro de uma pessoa você ler que o que aconteceu foi uma revolução, se você ler o livro de outra pessoa foi um golpe, então há um desvio de foco no que realmente precisa ser feito no Brasil”, disse.

Questionado se o desvio de foco seria por parte do governo Bolsonaro, Kalil disse não saber e afirmou que “a própria imprensa” só tem assuntos sobre o que o presidente falou e alguém respondeu. “Dinheiro para os repasses e os hospitais e esse povo morrendo na miséria, isso não é assunto para jornal”, afirmou.

Kalil voltou a questionar quais planos o governo federal tem para o Sus, para a área social ou para os 13 milhões de desempregados e ressaltou que não quis desmerecer o período da ditadura militar. “Todo mundo sabe que houve tortura”, reforçou.
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