As polêmicas na Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos (Apex) - que culminaram na demissão do embaixador Mário Vilalva, na semana passada - levaram o Planalto a voltar a estudar a possibilidade de transferência do órgão, que sairia do guarda-chuva do Ministério das Relações Exteriores. Ministros palacianos confirmaram ao jornal O Estado de S. Paulo que a mudança da agência, que tem orçamento milionário e livre de contingenciamento, está em estudo.
A Apex já foi vinculada ao Ministério da Indústria e Comércio, pasta hoje incorporada ao Ministério da Economia. O nome do novo titular da Apex ainda não foi definido.
Durante a transição, quando o governo estava preparando o desenho da Esplanada dos Ministérios, Paulo Guedes, ministro da Economia, defendeu que a Apex ficasse sob seu comando. A agência, responsável pela promoção dos produtos e serviços brasileiros no exterior, além de atração de investimentos para o Brasil, tem receita prevista para este ano de R$ 795,62 milhões. Por ser uma agência, o plano de cargos e salários da Apex aponta rendimentos para seus servidores que superam o do presidente da República. O salário do presidente da Apex, por exemplo, é de R$ 50,534 mil.
Por isso, a Apex, criada em 2003, no governo Lula, era considerada uma "joia" no jogo de negociações e distribuição de cargos. Há uma corrente no Planalto que defende sua extinção. Um ministro chegou a tratá-la como "cabide de emprego".
'Autonomia'
Uma vantagem de quem tem a agência sob sua batuta é que ela tem autonomia administrativa e de gestão. Com isso, pode contratar pela CLT, usando apenas o critério de indicação política.
A principal fonte de receita da Apex é proveniente de um adicional de 0,3% de contribuição paga mensalmente por empregadores sobre a folha de salário. O Tribunal de Contas da União (TCU) recomendou ao órgão que substitua os funcionários que não são concursados por concursados, o que não tem sido seguido.
No atual governo, a Apex tem sofrido forte influência da família Bolsonaro.
Carreiro foi demitido com dez dias de governo, após se desentender com Letícia Catelani, atual diretora de Negócios da agência e amiga pessoal do deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente, e de Felipe Martins, assessor internacional de Bolsonaro. Apesar das disputas, Araújo disse que não pretende afastar Letícia e outro diretor da agência, Marcio Coimbra, apontados por Vilalva como pivôs da crise. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..