Brasília – As controvérsias públicas em que o ministro Ricardo Vélez Rodríguez se envolveu, aliadas a uma briga ideológica nas entranhas do Ministério da Educação (MEC) parecem ter instalado uma confusão sem fim na pasta. Enquanto se discutem questões internas e pessoais, políticas importantes na área estão paradas. Em outubro, estão previstas as provas do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Será a primeira vez que a prova do segundo ano avaliará o que está na Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Outros programas que aguardam a sinalização e a atenção do governo são a reforma do ensino médio e o Plano Nacional da Educação (PNE), considerado o carro-chefe da pasta.
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Olavo de Carvalho nega intenção de derrubar ministros e manda recado para Vélez'Olavistas' afirmam que militares querem isolar ministro Vélez RodriguezOposição consegue assinaturas para requerimento de convocação de Vélez RodríguezO MEC se vê envolto em uma briga ideológica e disputa entre militares e técnicos. Em meio a frequentes reuniões com o presidente Bolsonaro, Vélez foi obrigado a demitir vários de seus auxiliares, após um embate inflamado com o filósofo Olavo de Carvalho, considerado o guru de Bolsonaro e responsável pela indicação do próprio ministro. Na terça-feira passada, o “número dois” da pasta, o secretário-executivo Luiz Antonio Tozi, foi exonerado. Em três dias, Vélez trocou o secretário-executivo duas vezes. Inicialmente, havia previsto a transferência do cargo para Rubens Barreto da Silva, também nomeado recentemente para o cargo de secretário-executivo adjunto.
No entanto, pressões internas não o deixaram nem sequer assumir o cargo, o que nem chegou a ser publicado no Diário Oficial da União (DOU). Na quinta-feira, após voltar de uma viagem, o ministro confirmou por meio das redes sociais que o cargo ficaria com a pastora Iolene Lima, que antes ocupava o cargo de diretora de formação do MEC.
Outros seis funcionários do alto escalão do Ministério da Educação foram exonerados: o chefe de gabinete do ministro da Educação, Tiago Tondinelli; o secretário-executivo adjunto da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação, Eduardo Miranda Freire de Melo; o coronel que atuava como diretor de programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação, Ricardo Wagner Roquetti; o diretor de programa da Secretaria-Executiva do Ministério da Educação, Claudio Titericz; o assessor especial do ministro da Educação, Silvio Grimaldo de Camargo, e o diretor de Formação Profissional e Inovação da Fundação Joaquim Nabuco (Fundaj), Tiago Levi Diniz Lima.
Apesar de o presidente Bolsonaro afirmar que Vélez Rodríguez continua à frente da pasta, fontes internas dizem que há uma pressão pela troca do ministro. Na noite da última sexta-feira, pela quarta vez em uma semana, Vélez foi chamado ao Planalto. A especulação era de que ele poderia ser afastado pelo presidente. No entanto, no início da noite, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, afirmou que mantém confiança no ministro e que ele compareceu para conversas de rotina. Até ontem, o MEC não se pronunciou sobre o assunto. A reportagem ainda tentou entrevistar o ministro da Educação, mas não obteve retorno da pasta.
Rotina
Profissionais da área e entidades educacionais têm reclamado que as constantes crises e desavenças em que o MEC tem se envolvido, prejudicam a rotina diária da pasta e travam políticas importantes em meio à troca de cadeiras. Um levantamento do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas (Inep), mostra que até o momento, das 20 metas previstas no Plano Nacional da Educação (PNE) apenas uma foi alcançada. A lei prevê que, até 2024, todos os dispositivos do PNE, que não se restringem às metas, sejam cumpridos.
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