A declaração da ministra da Mulher, da Família e dos Direitos Humanos, Damares Alves, de que o país vive uma "nova era", em que "menino veste azul e menina veste rosa" foi alvo de críticas e de uma série de postagens bem-humoradas ou irônicas por parte de internautas nesta quinta-feira (3/1). Especialistas ouvidos pelo Correio, porém, alertam para a gravidade da fala da ministra.
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'Fiz uma metáfora contra ideologia de gênero', diz Damares sobre vídeoBolsonaro propõe aposentadoria aos 62 anos para homens e 57 para mulheresSolidariedade aciona STF para derrubar votação aberta para presidência do SenadoÍndios dizem que filha adotiva de Damares foi levada irregularmente, revela revistaVendedor que filmou ministra Damares Alves em shopping é demitido'Direito adquirido não vai ser violado', diz ministra sobre LGBTsA frase sobre as cores das roupas foi proferida por Damares logo após a cerimônia de transmissão de cargo, nessa quarta-feira (2/1). Em um vídeo, ela aparece sendo ovacionada por apoiadores — um deles, inclusive, segura uma bandeira de Israel — depois de proferir a declaração.
Por fim, Daniela Rezende, que é doutora em ciência política, professora e integrante do Núcleo Interdisciplinar de Estudos de Gênero da Universidade Federal de Viçosa (MG), pontua que a fala da ministra "reforça estereótipos relacionados ao masculino e ao feminino". "Nessa visão, as meninas gostam de rosa — são mais passivas, submissas —, enquanto os homens gostam de azul — que está ligado à virilidade e à racionalidade. Isso tem um efeito não apenas na educação das crianças. A violência contra a mulher, por exemplo, está associada à existência desses estereótipos. A declaração tem um efeito muito danoso no combate à desigualdade de gênero", diz.
"Metáfora"
Após a repercussão negativa, a ministra disse que a fala foi uma "metáfora": "Fiz uma metáfora contra a ideologia de gênero, mas meninos e meninas podem vestir azul, rosa, colorido, enfim, da forma que se sentirem melhores".
Ao assumir o ministério, na quarta-feira, Damares ressaltou que, em sua gestão, a "doutrinação ideológica" terá fim e que, embora o estado seja laico, ela é "terrivelmente cristã". "Estou me sentindo em casa, com os defensores da família, da vida e dos direitos humanos. O estado é laico, mas essa ministra é terrivelmente cristã. Acredito nos propósitos de Deus que uniu um time, um exército”, disse.
A nova ministra criticou ainda as ideologias de gênero, os pedófilos e o preconceito contra os indígenas. "No nosso governo, ninguém vai nos impedir de chamar nossas meninas de princesas e nosso menino de príncipes. Acabou a doutrinação ideológica no Brasil. Nossas crianças terão acesso à verdade e serão livres para pensar”, declarou.