Jornal Estado de Minas

Coluna Baptista Chagas de Almeida


Se virou negócio alguma novidade?

“A partir de janeiro é que a gente vai tratar de eleição para a presidência da Câmara dos Deputados.” Mais uma vez, Rodrigo Maia (DEM-RJ), que é candidatíssimo à reeleição ao comando da Casa, evitou tratar sobre a sua pretensão de continuar no cargo no ano que vem. A agenda oficial era lançar um convênio com a Câmara Municipal de Salvador.

E lá, entre os baianos, Maia estava de bom humor. Foi rindo que desconversou ao acrescentar que “o senador Otto acabou de aprovar um projeto na Câmara, então, eu converso com ele sempre, não necessariamente DE eleição”. Para que fique claro, o projeto citado é o que trata sobre “os crimes de furto qualificado e de roubo quando envolvam explosivos e do crime de roubo praticado com emprego de arma de fogo ou do qual resulte lesão corporal grave”.

Voltando à agenda de Maia, o motivo de ele estar em Salvador era receber a medalha Thomé de Souza, honraria que recebeu da Câmara Municipal. Antes, ainda participou inauguração da Rádio Câmara em FM lá. Bem, se Maia teve agenda, ainda que bem longe de Brasília, óbvio que nada aconteceu na Casa que ele comanda. Veja só.

No plenário, nada. A informação é que as sessões de votação estão marcadas para quarta e quinta-feira.

Ontem à tarde, estavam previstos os oradores para comunicações parlamentares: 15h25 - Professor Victório Galli (PSL-MT); 15h25 - Aluisio Mendes (Pode-MA); 15h50 - Delegado Éder Mauro (PSD-PA); 16h15 - Flavinho (PSC–SP); e  16h40 - Guilherme Mussi (PP–SP).

Só que o microfone ficou mudo. A própria Câmara informa: Sessão não deliberativa de debates em 17/12/2018 às 14h – Encerrada. Para ficar claro, nada teve em plenário ontem. Nem discursos previstos. Ninguém apareceu.

Bem, para entrar oficialmente de férias, eles têm que votar o Orçamento da União para o ano que vem. E isso deve ser feito esta semana ainda e traz um déficit de R$ 139 bilhões ou nada menos que 1,9% do Produto Interno Bruto (PIB), a soma das riquezas produzidas em todo o país. Só que o verdadeiro rombo é maior, bem mais que os quase R$ 140 bi.

Já que falamos de dinheiro e contas públicas, melhor finalizar com o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF): “Hoje, no Brasil, é muito mais negócio montar um partido.
Por que você vai montar uma pequena empresa? Você monta o partido, existem escritórios especializados nisso, para colher assinatura, e imediatamente você tem mais de R$ 100 mil de Fundo Partidário, mesmo sem parlamentar nenhum. Virou um negócio”.

Ficou para depois
Embates entre oposição e a base do governo e obstruções marcaram ontem as discussões para votação em 2º turno do projeto de lei do governador Fernando Pimentel, que institui o Fundo Extraordinário do Estado de Minas Gerais (Femeg). Os discursos de parlamentares contrários e a favor do texto ocorreram sob aplausos e vaias de prefeitos e servidores que ocupavam as galerias da Assembleia Legislativa. Com o prolongamento da sessão, o quórum, que chegou a 54 deputados, à noite caiu para 35, abaixo do mínimo necessário de 39 para votação. No final, os deputados posaram, sorridentes, para foto no plenário.

Em tempo: o Femeg deverá receber da União os recursos que o estado tem direito, em função de perdas provocadas pela Lei Kandir. Ele também poderá agregar receitas de natureza não tributária, créditos decorrentes de precatórios devidos pelos municípios ao estado e créditos judiciais devidos pela União.

Falta de educação
O Ministério das Relações Exteriores (MRE) informou ontem que convidou e depois desconvidou, os chefes de Estado e de governo de Cuba e da Venezuela para a posse de Jair Bolsonaro em 1º de janeiro. A recomendação, de acordo com o MRE, partiu da equipe do presidente eleito. O argumento foi de que “não há lugar para Maduro numa celebração da democracia e do triunfo da vontade popular brasileira”, de acordo com o futuro chanceler de Bolsonaro, Ernesto Araújo.
É a já velha história de atacar, ainda que nas entrelinhas, o governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

Artilharia
Reeleito senador de Pernambuco em outubro, Humberto Costa já começa atirando, mas pelo menos com certo bom humor. Basta ler o post que fez: “A família Bolsonaro se apresentou aos brasileiros como os paladinos da ética e combatentes da corrupção. Mas já sabemos, mesmo antes da posse do presidente eleito, que tudo não passou de um conto de fadas com final antecipado infeliz”. Já é notícia velha. Já que o alvo era Flávio Bolsonaro, deputado estadual e senador eleito, o petista não perdeu a caminhada.

0,02% de alta
É isso mesmo, a informação vem da medição na segunda quadrissemana de dezembro do Índice de Preços ao Consumidor (IPC–S) Fundação Getulio Vargas (FGV). Se está na margem de erro da pesquisa, nem sei se tem, vale perguntar: está na margem do Rio Tietê? É a orelha do livro que você está lendo? Aquele que não se adapta aos princípios estabelecidos nem faz parte de um grupo, sociedade: escritora marginal? E olha que, para 2019, o mercado subiu marginalmente a previsão de alta do PIB, de 2,53% para 2,55%, ante 2,50% de um mês antes.

PINGAFOGO

Se treino é treino e jogo é jogo, a Câmara dos Deputados treinou: “Evento – Teste sorteio de gabinetes – testar câmeras durante a simulação do sorteio. 17/12 – 10h”. Para ser justo, faz sentido o sorteio, já que a briga pelos gabinetes mais bem localizados acontece sempre.

Quem tem gostado de um microfone é o futuro ministro da Justiça, Sérgio Moro. Ao anunciar a subprocuradora-geral da República Maria Hilda Marsiaj para o cargo de secretária nacional de Justiça no ano que vem, ele não perdeu a caminhada.

Claro que ele aproveitou para tratar do caso de Cesare Battisti e elogiou o presidente Michel Temer (MDB) pela decisão. Alegou que foi “acertada” a decisão de extraditá-lo.
Se quem antes negou foi o ex-presidente Lula, Sérgio Moro voltou aos tempos de juiz em Curitiba.

Amanhã tem reunião, viu? Todo mundo vai aparecer, pode escrever. Será a primeira reunião com os 22 ministros de sua futura equipe. Óbvio que é o presidente Jair Bolsonaro (PSL), já diplomado. E será lá na Granja do Torto, onde ele tem ficado.

Nem tem jeito de rezar em busca de boas notícias. Afinal, se são centenas de mulheres que já denunciaram o médium João de Deus, na verdade João Teixeira de Faria, e muitos casos já prescreveram, o jeito é também prescrever por hoje.

 

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