Se no período das Grandes Navegações, entre os séculos XV e XVII, as missões tinham o objetivo de desbravar terras desconhecidas, as modernas expedições avançam para ocupar o território marítimo. A disputa silenciosa pelos mares mudou as estratégias das potências mundiais, numa inversão da oceanopolítica poucas vezes vista ao longo da história.
A busca pela soberania de determinadas nações está na territorialização dos oceanos, a ponto de se verificar ilhas artificiais estrategicamente ocupadas por militares para aumentar áreas de exploração de recursos como petróleo, gás natural e pesca comercial. Os conflitos não param aí, como se pode observar nas disputas por microrregiões no Mar da China Meridional.
No Mar Mediterrâneo, há mais navios militares russos do que os da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte). A expansão da frota de Vladimir Putin, segundo relatos de oficiais de países vizinhos, é um dos maiores focos de tensão naquela região, dominada hoje pelos EUA, que substituíram os britânicos com a instalação efetiva da Otan, nos anos 1950.
A Marinha brasileira acompanha os movimentos a partir da proteção de uma área marítima de 4,5 milhões de quilômetros quadrados, chamada de Amazônia Azul. A área corresponde a 52% do continente, com toda a biodiversidade e vulnerabilidade. É nessa região, por exemplo, onde estão as reservas de pré-sal e de gás natural, além de 45% do pescado produzido no país.
No próximo dia 12 de novembro, uma segunda-feira, a Marinha promove o Simpósio Amazônia Azul — patrimônio Brasileiro a preservar e proteger, que tem o apoio do Correio e será realizado no colégio Mackenzie. Entre os temas a serem debatidos, estão a economia da região, os esforços de pesquisas e o contexto oceanopolítico do Atlântico Sul.
“Nós conhecemos mais sobre a superfície da lua do que os nossos oceanos. Na região, há multidisciplinaridade de conhecimentos. E por isso a importância do seminário, para debatermos esse tema com mais profundidade”, diz o almirante de esquadra Ilques Barbosa Junior, chefe do Estado-Maior da Armada.
O seminário terá três painéis. O primeiro, a Economia azul, será apresentado pelo professor da Unifesp Rodrigo More; o segundo terá o tema de pesquisas científicas com José Henrique Muelbert, da Furg; e o terceiro tratará do contexto oceanopolítico, e terá como palestrante o almirante Alvaro Monteiro. O moderador será o embaixador Alessandro Warley Candeas.