Jornal Estado de Minas

ARTIGO: 'Zema assume o governo de Minas no meio da tempestade'

A surpreendente vitória do empresário Romeu Zema não tem paralelo na história das eleições para o governo de Minas. Já tivemos viradas de segundo turno, como a de Eduardo Azeredo contra Hélio Costa, em 1994, e outras disputas acirradas. Mas nada tão fora do comum, tão inusitado quanto o resultado obtido nas urnas pelo empresário de Araxá. De ilustre desconhecido da grande maioria dos mineiros, Zema terminou o primeiro tempo com uma goleada, construída a partir dos 45 minutos. Depois, foi só fazer cera, evitar o confronto direto e confirmar a vitória na segunda etapa.

A vitória de Zema pode ser explicada não pelas qualidades do empresário como gestor, mas pelo cansaço do eleitor mineiro com a forma de se fazer política no estado. Nas últimas décadas, PT e PSDB dominaram o cenário político, sempre jogando no outro a culpa do próprio fracasso. Tivemos avanços em algumas áreas, mas muito pouco diante da importância política e econômica de Minas. A culpa pelo insucesso, pela falta de recursos, pela dívida, pela não conclusão de hospitais, de rodovias, de escolas, sempre foi do PT, segundo os tucanos, ou do PSDB, como pregaram os petistas nos últimos quatro anos.


O eleitor cansou dessa lenga-lenga, por isso votou em Zema.
Ou alguém acredita que o voto no empresário se deu pelas suas qualidades como gestor? Comandar 400 gerentes de suas lojas espalhadas por Minas é uma tarefa árdua e complicada – imagino. Mas governar o estado é de uma complexidade que o araxaense não faz a menor ideia.

A partir de janeiro, Zema, que era apenas mais um passageiro de um avião lotado, cheio de avarias no meio de uma tempestade, sai do seu assento, incomodado com a inabilidade do piloto, e assume o comando. Ele terá a missão de vencer o temporal antes que seja tarde demais. O pior é que o combustível está quase no fim.

Em tempo: se Romeu Zema não quiser que o eleitor mineiro se canse dele também rapidamente, é bom não repetir os erros de PT e PSDB, atribuindo aos antecessores os problemas que terá pela frente em vez de tentar resolvê-los.

- Foto: Quinho
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