Jornal Estado de Minas

Anastasia e Zema buscam apoio de pastores evangélicos na mesma igreja


Os candidatos ao governo de Minas Antonio Anastasia (PSDB) e Romeu Zema (Novo) foram na manhã desta segunda-feira (15) à mesma igreja evangélica, a Batista Getsêmani, no Bairro Dona Clara, se reunir com o conselho de pastores e buscar votos do segmento. Na fala às lideranças religiosas, procuraram se posicionar a favor de temas simpáticos ao grupo.

Enquanto Anastasia reforçou o fato de ser contra taxar os templos, Zema procurou se posicionar como o defensor da família tradicional.

Anastasia foi o primeiro a falar e teve o bônus de ser apresentado como o candidato do presidente da Igreja Getsêmani, pastor Jorge Linhares. “Meu voto é dele (Anastasia) e a igreja sabe, não sou ensaboado”, afirmou o religioso.

No discurso, Anastasia disse que foi “acusado” de representar a política tradicional, mas é um servidor de carreira que não teve participação em malfeitos. O senador tucano afirmou que, apesar de o estado ser laico, respeita os valores cristãos e destacou a parceria feita com os evangélicos em seu governo para combater as drogas no estado.

O candidato do PSDB saiu em defesa das igrejas, dizendo que, vez por outra surge a ideia de acabar com a imunidade tributária dos templos religiosos, o que ele considera uma “maldade”. Segundo Anastasia, seria o caso de se discutir inclusive a possibilidade de estender a isenção aos templos locados.


“O estado é laico mas a nação é cristã. A imunidade tributária vem neste sentido de estímulo à liberdade e consciência religiosa”, disse Anastasia.

Como vem fazendo nos últimos dias, Anastasia disse que “do outro lado” há propostas estranhas, como a de “vender tudo que é de Minas”. Anastasia pediu a reflexão dos pastores sobre o momento crítico do estado que, segundo o tucano, exige alguém com conhecimento e não um novato. Questionado sobre sua posição em relação ao presidenciável Jair Bolsonaro, ao qual pastor Linhares também declarou voto, Anastasia não respondeu no palco. À imprensa, disse que seu posicionamento de neutralidade já foi dado por nota. 

Em entrevista, o candidato tucano negou que tenha subido o tom da campanha. Anastasia disse continuar “ameno”, porém mostrando ponderações sobre as propostas do adversário.
O senador tucano disse considerar “estranha” a proposta de Zema de privatização da segurança pública e lembrou que a progressão dos regimes de penas ou medidas  que poderiam tratar da liberação de presos cabem a lei federal.

Partido e  igreja


O empresário Romeu Zema procurou falar de sua carreira como empresário e disse que suas empresas estão entre as melhores para se trabalhar. De acordo com ele, suas 430 lojas se preocupam com o ser humano e, por isso, são alvo de um número “infinitamente menor” de ações trabalhistas que as demais. O candidato disse que não tinha o plano de ser político e foi movido pela indignação com a corrupção. Ele usou o discurso de anti-petismo e disse que a última coisa que deseja é que seus filhos vivam em uma Venezuela.

Zema comparou o Partido Novo a uma igreja, que tem financiamento porque as pessoas acreditam e contribuem. Também saiu em defesa do fim do horário eleitoral gratuito na televisão. Antes mesmo de ser questionado sobre o tema, Zema disse que o Novo “não compactua” com a Agenda 2030 da Organização das Nações Unidas, considerada uma ameaça pelos religiosos por trazer questões de inclusão da diversidade sexual.

O empresário disse ser pai de dois filhos e se dar muito bem com eles.
“Sou a favor da família tradicional, que tenha mãe e pai”, afirmou. O candidato pregou contra o que os evangélicos chamam de ideologia de gênero.

Segundo ele, escola é lugar de aprender matemática e português. “E deveria ter moral e cívica também, não essas coisas que vem para confundir”, disse.

Zema afirmou ser “vítima” de uma “interpretação tendenciosa” e “alvo de malícia” da imprensa e dos adversários. O candidato disse nunca ter se reunido com o governador Fernando Pimentel (PT) e, apesar de ter admitido aceitar a adesão, em entrevista ao Estado de Minas, e coletivas, ressaltou que essa “coisa de apoio do PT é absurda”. Ele declarou mais uma vez apoio a Bolsonaro, arrancando aplausos dos pastores.

Zema também disse ter sido alvo de “interpretação tendenciosa” quando disse que libertaria cerca de 30% dos presos do estado. “Sou a favor de uma cadeia que puna exemplarmente”, afirmou. O empresário voltou a dizer ser vítima de fake news e acusou o adversário de desespero.


Sobre o fato de Bolsonaro ter gravado vídeo com o candidato a vice de Anastasia, deputado Marcos Montes (PSD), e com o presidente do PSDB mineiro Domingos Sávio, Romeu Zema disse que em nenhum momento disse que esperava receber o apoio do presidenciável. O empresário afirmou ter se posicionado a favor dele por ser contra o PT e que acredita no próprio trabalho para vencer a eleição.

Visita à Santa Casa

Em visita à Santa Casa de Belo Horizonte, o candidato ao governo de Minas Antonio Anastasia (PSDB) reforçou que, se eleito, vai trabalhar para curar os “sintomas da sanidade do Estado”, regularizando o pagamento dos repasses às prefeituras e o pagamento no 5º dia útil. O candidato prometeu trabalhar para pagar os hospitais fuilantrópicos.

Atualmente, a dívida com a Santa Casa de BH é de R$ 31 milhões e, se consideradas as demais casas de saúde, ela chega a R$ 1 bilhão. Na área da saúde, a proposta inclui a descentralização dos serviços de saúde.

“O fundamental é essa descentralização, apoiando as prefeituras, os consórcios intermunicipais de saúde e permitindo que a saúde esteja mais presente no interior do estado, até para evitar que os doentes venham para Belo Horizonte”, afirma Anastasia. Ele voltou a dizer que valoriza o Sistema Único de Saúde (SUS), enquanto o adversário prioriza os planos de saúde..