O presidente do MDB, senador Romero Jucá, anunciou nesta quinta-feira, 11, que a maioria do partido optou pela neutralidade no segundo turno das eleições presidenciais, disputada entre Fernando Haddad (PT) e Jair Bolsonaro (PSL). Após conversar com toda a Executiva da legenda e com o presidente Michel Temer, Jucá disse que o partido vai ficar "independente" e liberar seus integrantes a votarem com "a consciência" ou de acordo com a "conjuntura estadual".
"Conversei com a maioria da Executiva, do partido, a bancada federal da Câmara também foi consultada, e nós estamos tomando uma posição de neutralidade. Não vamos apoiar nenhum dos dois candidatos e estamos liberando os membros do MDB para votarem de acordo com a sua consciência e a sua conjuntura estadual", disse ele, em entrevista coletiva no seu gabinete. "Eu conversei com o presidente Michel Temer, e o presidente concordou com a decisão da maioria do MDB. É uma decisão do partido que foi conversada com o presidente Temer e ele aprovou como membro do partido."
Questionado se o MDB será oposição ao próximo governo, independentemente de quem for eleito, Jucá disse que "não" porque isso seria "ficar contra o Brasil", mas admitiu que a legenda sempre esteve "atrelada" a todos os governos anteriores e vai viver "um momento novo".
"Não, (o partido não será oposição). O partido será independente, o partido vai discutir cada matéria, o partido vai se posicionar a cada matéria, vamos discutir com as bancadas. Ser oposição é ficar contra o Brasil.
Jucá também foi perguntado se ele, pessoalmente, já tinha decidido seu voto, mas afirmou que ainda não tomou essa decisão. Depois, disse estar "preocupado com o Brasil" porque a tendência é que o País saia do período eleitoral "dividido". Jucá fez questão de dizer que essa divisão na sociedade brasileira "não é programática", mas, sim, de "conflito". Na opinião dele, a violência não é uma boa conselheira para se governar.
"Eu estou muito preocupado com o País, com o Congresso, porque não podemos sair (da eleição) com o Brasil dividido - e a tendência é que isso aconteça, espero estar errado.
Para Jucá, se não houver "cabeça fria" e "responsabilidade", essa divisão pode criar uma situação de "muita dificuldade" no Congresso. Ele evitou falar, no entanto, em "paralisia" do Parlamento. "Se não tiver muita cabeça fria, experiência, responsabilidade, podemos ter aí uma situação de dificuldade, tanto na Câmara quanto no Senado. Não sei se é paralisia (do Congresso), mas a gente espera que, acabada a eleição, todo mundo desça do palanque e prevaleça o bom senso. Prevaleça a responsabilidade com o País", disse.
Erros
Jucá reconheceu que a política de se constituir base governista a partir de loteamento de cargos nos ministérios "não deu certo", "faliu", tanto na gestão Temer quanto no governo da ex-presidente Dilma Rousseff.
O senador emedebista também evitou fazer uma avaliação do governo Temer.