O ministro da Segurança Pública, Raul Jungmann, disse nesta sexta-feira, 14, que montagens de vídeo, teorias conspiratórias e fake news envolvendo o atentado ao candidato do PSL a presidente nas eleições 2018, Jair Bolsonaro, estão afetando as investigações. Segundo Jungmann, há muitas pistas espalhadas sobre o caso e todas estão sendo investigadas, o que afeta a conclusão da apuração policial.
"Toda e qualquer pista e informação estão sendo minuciosamente investigadas. Há um esforço para no mais curto tempo apresentar esses resultados", disse. Jungmann esteve em São Paulo nesta sexta-feira para conhecer o programa Detecta, sistema de monitoramento de delitos com mais de três mil câmeras criado há 4 anos.
O ministro afirmou que a expectativa é apresentar os resultados da investigação sobre o atentado antes do 1º turno (dia 7 de outubro), mas evitou cravar um prazo. A polícia abriu um inquérito contra Adelio Bispo, de 40 anos, que foi preso após confessar ter esfaqueado Bolsonaro. O governo avalia a possibilidade de abertura de um segundo inquérito caso haja necessidade de mais esclarecimentos.
"Minha esperança é que hoje tivéssemos isso (os resultados e a definição da necessidade de um 2º inquérito). Mas você tem as mídias, os dados, as informações do agressor, e depois todas essas pistas que você vê espalhadas por aí", afirma Jungmann. Segundo ele, dois vídeos divulgados virtualmente já foram verificados como falsos.
"Fica o tempo inteiro... Qualquer coisa que aparece imediatamente se vai para uma teoria conspiratória. A nossa postura é: qualquer coisa que aparece, a gente investiga. É o chamado fake news. Fake news é a negação da verdade e representa uma ameaça à democracia".
Logo após a facada em Bolsonaro e a prisão de Adelio, o círculo político mais próximo ao presidenciável passou a colocar em dúvida a tese de que o criminoso agiu sozinho - a mais forte até agora na investigação da PF.
Os simpatizantes de Bolsonaro promoviam uma caçada à identidade de pessoas que apareciam nos vídeos gravados no momento do ataque, distribuídos por redes sociais e aplicativos como Facebook, WhatsApp e Twitter e a plataforma Reddit, espécie de fóruns para colagem de conteúdo sobre um mesmo assunto. O auge da ação ocorreu entre sexta-feira e a segunda-feira passadas.
Conforme o jornal O Estado de S. Paulo informou, a Polícia Federal tem se preocupado com uma espécie de apuração coletiva informal, realizada na internet por apoiadores do candidato à Presidência nas eleições 2018 Jair Bolsonaro (PSL), para apontar envolvidos no atentado a faca sofrido pelo deputado.
A "caçada virtual" levou pessoas apontadas erroneamente como "suspeitas" a denunciarem o caso às autoridades. Essa movimentação em busca de culpados causou apreensão também entre integrantes da campanha, que vieram a público pedir cautela. O objetivo é evitar que pessoas sem vínculo com o atentado, entre eles um segurança do candidato, virassem alvo de agressões.
Por meio de nota, a PF orientou que relatos sobre crimes devem ser feitos preferencialmente de forma presencial nas delegacias e que outra opção é a ouvidoria do órgão na internet.
Após o ataque a Bolsonaro, o único candidato que solicitou segurança à PF foi Fernando Haddad (PT), oficializado candidato esta semana. O governo federal fará uma análise de risco para determinar a equipe.
O ministro se reuniu nesta sexta com o secretário-adjunto da Segurança Pública, Sérgio Turra Sobrane, que apresentou o funcionamento do Detecta. O governo federal estuda incorporar o modelo do sistema paulista de monitoramento do crime ao Serviço Único da Segurança Pública (SUSP). Na próxima segunda-feira, 17, em Brasília, será apresentado um conselho que vai atuar no SUSP, a nova política nacional de segurança pública. O objetivo é unificar a base de dados das polícias, integrando nacionalmente as forças policiais..