O governador de Minas Gerais e candidato à reeleição Fernando Pimentel (PT) compareceu, na manhã deste domingo, à plenária regional do partido, que foi realizada no comitê de campanha, em Belo Horizonte. Além da aspirante a vice-governadora, Jô Moraes (PCdoB), estiveram presentes militantes do Partido dos Trabalhadores, representantes dos 17 territórios de desenvolvimento estaduais, além de coordenadores dos fóruns regionais mineiros. Na pauta, muito mais que as ações para promover a candidatura da chapa, que inclui Dilma Roussef (PT) com pretensão ao Senado e Fernando Haddad (PT), lançado à Presidência da República. Foram discutidos temas como a trajetória do governo até aqui, as pretensões políticas a nível nacional, propostas de trabalho com uma possível vitória nas urnas, o impeachment de Dilma Roussef, pedido de liberdade para Luiz Inácio Lula da Silva, e o receio, em caso de êxito dos petistas em Minas e no Brasil, acerca de um novo golpe da direita que, para Pimentel, dá sinais até de querer retornar aos tempos da Ditadura Militar.
"Companheiros de muito tempo sabem de nossa jornada de luta e resistência. Essa disputa eleitoral talvez seja a mais importante dos últimos anos, desde a redemocratização do país. A democracia no Brasil nunca esteve tão ameaçada e, agora, explicitamente. Eles têm interesse no retrocesso.
E, para ele, não se trata de intencionar derrotar uma candidatura ou outra. Na sua opinião, o perigo da ameaça de seus adversários nas eleições é propriamente acabar com o campo democrático, principalmente afetando os feitos do PT no âmbito social. "Michel Temer já cortou o Bolsa Família pela metade e tem a cara de pau de dizer que vai preservar o social. Ele vai é passar o trator", alfineta, reconhecendo a insatisfação de algumas camadas da população com sua gestão.
O governador reconhece que a direita política no Brasil, a que ele chama golpista, tem o suporte da mídia e boa parte do legislativo, e lembra que o PT, por outro lado, tem o povo inteiro como esteio. Ele ressalta que, durante o período de comando em Minas Gerais, introduziu mudanças, ouviu a população, ingressou pelo interior em um processo de redescoberta do estado que, em seus termos, estava abandonado, com atitudes, entre outras, de sanar as contas públicas. "Os brasileiros já escolheram o seu lado. O nosso, de Lula, Dilma, Jô, nossos candidatos a deputado federal e estadual, nossa coligação, os partidos populares.
"Vamos derrotá-los com o objetivo de fazer o Brasil avançar, continuar na trilha da democracia, da igualdade social, da justiça, da paz, com garra, empenho e compromisso. É para tirar o Lula da prisão, acabar com sua condenação injusta e arbitrária. Vamos à luta", convocou Pimentel, empunhando palavra de ordem, junto às manifestações acaloradas dos participantes do evento: "Lula livre!"
Jô Moraes chamou atenção para o episódio do atentado ao presidenciável Jair Bolsonaro, que foi esfaqueado em ato de campanha em Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, na semana passada. Para ela, o crime cria um clima novo e diferente no país, instaurando uma atmosfera de instabilidade, em um tipo de acontecimento que ela denominou como uma liberação de lobos solitários. "Já discutimos o tema quando aprovamos uma regulamentação para a lei do terrorismo. A cultura do ódio dá voz a essas pessoas, que muitas vezes não têm convicções políticas, mas assumem uma atitude de ação concreta de protagonismo solitário. É necessário estar atento. Fatos assim exigem que a mídia, com sua responsabilidade, combata a cultura do ódio e alimente a cultura da paz", ressaltou.
A candidata a vice-governadora apontou ainda a questão de os eleitores assumirem uma postura de medo ao tomar decisões políticas que não agradam as pessoas que estão mais perto, muitas vezes sendo alvo de hostilidades.
Os militantes e coordenadores presentes na sessão no comitê não tiveram pudor em afirmar como o processo pré-eleitoral desse ano em Minas Gerais está sendo realizado com dificuldades financeiras e, para isso, convidam os simpatizantes à participação, como agentes agregadores, para divulgação em redes sociais, no boca a boca, nas ruas, no diálogo com as pessoas próximas, tanto na capital quanto no interior. Com limitações até para ter volume em material impresso de campanha, a estratégia em 2018 tem mudanças em relação ao que já foi em um passado próximo. Estão acontecendo diversas mobilizações, junto a integrantes da sociedade civil, atores da saúde, da educação, dos direitos humanos, e até entre a população de rua e comunidades quilombolas, dividindo as ações em reuniões e fóruns pelos 17 territórios de desenvolvimento setorizados no estado.
"Antes do alinhamento organizativo, vem o alinhamento de espírito. Todos estamos imbuídos do mesmo sentimento sobre o que significa essa eleição.