Jornal Estado de Minas

Tendência de recorde de votos brancos e nulos deve exigir menos para eleição de deputado


Rechaçados em cidades de porte médio e grande por um a cada três eleitores com quem interagem, deputados federais e estaduais que lutam pela reeleição têm de redobrar os argumentos para demonstrar o que fizeram nas respectivas bases eleitorais.

Mas se por um lado conquistar o apoio popular está mais difícil, por outro, parlamentares projetam um menor aproveitamento dos votos, – com o aumento de abstenções, votos brancos e nulos – o que também provocará a queda do quociente eleitoral: candidatos precisarão de muito menos votos para reconquistar a mesma cadeira do que em eleições anteriores.

Em Minas, as projeções sugerem a queda de participação político-eleitoral e dos votos válidos para 50% do conjunto do eleitorado de 15.700.966 aptos a votar, o que levará a uma redução de aproximadamente 30% do quociente eleitoral registrado nas eleições gerais de 2014 para deputado estadual e deputado federal.

Se confirmado o prognóstico, serão necessários cerca de 102 mil votos para que um partido ou coligação conquiste uma cadeira na Assembleia. E, para a bancada federal mineira na Câmara dos Deputados, será de aproximadamente 148 mil votos o quociente eleitoral.

As projeções baseadas nas últimas eleições suplementares e na evolução da participação política nas votações ao longo das últimas décadas são sugestivas de que a curva da participação político-eleitoral ainda está em tendência de queda.

Na mais recente e marcante delas, o segundo turno para o governo do estado de Tocantins, em 24 de junho, votos brancos, nulos e abstenção somaram 51,83% do eleitorado.

E embora sejam as primeiras preferências a serem registradas pelo eleitor na longa “cédula” das urnas nestas eleições gerais – as eleições proporcionais para deputado federal e estadual despertam menor interesse do que o pleito presidencial.

Em 2014, o aproveitamento dos votos para deputado estadual em Minas Gerais foi de 68,3% e, para deputado federal, de 66,4%, uma redução, nesta ordem, de 10,4% e 9,4% em relação à eleição geral de 2002, a primeira completamente informatizada.

Se votos válidos para as eleições de deputado federal em Minas no próximo 7 de outubro ficaram em torno de 50% em relação ao conjunto dos 15.700.966 eleitores, o quociente eleitoral será de aproximadamente 148 mil votos contra 190.918 necessários em 2014 para que um partido ou coligação elegesse um só parlamentar para a Câmara dos Deputados.

Se mantida a mesma projeção de votos válidos para a Assembleia Legislativa de Minas, o quociente eleitoral ficará em torno de 102 mil, contra 135.127 registrado em 2014.



Em vantagem


Nesta corrida por uma cadeira na Assembleia Legislativa e na Câmara dos Deputados, parlamentares no exercício do mandato saem em ampla vantagem, já que contam com a infraestrutura de gabinete oferecida pelos legislativos, e a possibilidade de indicação de recursos orçamentários para as suas bases eleitorais.

No caso específico dos deputados federais, ainda têm entre R$ 1,5 milhão e R$ 2 milhões do fundo eleitoral disponibilizado pelas direções partidárias, focadas exclusivamente em eleger bancadas federais, já que delas dependem para ter acesso aos recursos disponibilizados para a atividade política: o fundo partidário, o fundo eleitoral e o tempo de antena para a propaganda partidária e a propaganda eleitoral.



Daí explicam-se as baixas taxas de renovação, que devem se manter nestas eleições.

“Estando ou não no exercício do mandato, é grande hoje a dificuldade em se conseguir voto. Pela descrença da política, temos de bater de porta em porta, escolher lideranças que vão pedir o voto. É um momento muito difícil”, afirma o deputado estadual Dilzon Mello, presidente estadual do PTB.

A legenda, que nas eleições passadas formalizou para a Assembleia Legislativa uma coligação com o Solidariedade, conquistou três cadeiras, registrando a maior linha de corte entre todas as chapas para as eleições de deputado estadual: 76.551 votos.

Neste pleito, após estudar os candidatos de cada chapa, o PTB optou por se coligar ao PMN, fugindo do chamado blocão, que agrega na chapa proporcional em torno do PSDB, o PSD, PPS, PP, DEM e SD.

“Trabalhamos este ano com uma linha de corte de 40 mil para a Assembleia. Nesse blocão seriam necessários um mínimo de 60 mil votos.

E olha, 20 mil de diferença, no atual contexto, é um abismo intransponível”, sustenta Dilzon Mello.

Em 2014, a coligação DEM, PSDB, PP, PSD e PPS elegeu na Assembleia Legislativa 21 deputados estaduais. O último a conquistar uma cadeira obteve 58.088 votos.

Formada pelo PT, Pros, MDB, PRB, essa chapa “polarizou” a briga pelas cadeiras do Legislativo estadual: elegeu 23 deputados estaduais e registrou a linha de corte de 43.301 votos, em ordem crescente, a sexta mais vantajosa no ranking de 12 chapas que elegeram deputados estaduais.

Naquele pleito, o melhor “negócio” foi feito pela chapa PRP, PEN e PHS, que conquistou duas cadeiras, uma com apenas 25.394 votos.

O PCdoB, que este ano repete a chapa “solo” para a Assembleia, registrou em 2014 a segunda menor linha de corte: conquistou três cadeiras, a última com apenas 36.344 votos.

Para a Câmara dos Deputados, a chapa PSC, PTC e PSL conquistou em 2014 duas cadeiras e obteve a menor linha de corte: 45.381 votos. Enquanto a chapa PT, MDB, PC do B, Pros e PRB elegeu 18, o último com 57.921 votos; no blocão do PSDB, DEM, PP, PR, PSD e SD foram 21 deputados federais eleitos, o último a conquistar cadeira com 83.628 votos.

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