Outra chapa que tem a simpatia de ambientalistas é a de Guilherme Boulos (PSOL), mas neste caso o apoio se deve mais por sua vice, a indígena e ambientalista Sonia Guajajara. O problema é que, além de ela não estar na cabeça de chapa, a dupla teria poucas chances eleitorais, ao passo que Marina Silva (Rede) lidera as pesquisas de intenção de voto, ao lado do deputado Jair Bolsonaro (PSL) nos cenários sem o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Adriana Ramos, do Instituto Socioambiental, põe Marina e Sonia como as campanhas que trazem o ambientalismo para o debate eleitoral. "As temáticas socioambientais ainda não apareceram fortemente como deveriam. As que trazem um compromisso maior com isso são as candidaturas da Marina e a de Guajajara, como vice."
O distanciamento das pautas verdes do debate também foi sentido pelo ex-deputado Fábio Feldmann, um dos principais nomes da agenda política ambiental nas eleições anteriores. "Estou muito dividido mesmo entre Marina e (Geraldo) Alckmin", disse ele ao Estado. Amigo pessoal do ex-governador de São Paulo e presidenciável tucano, Feldmann afirma que a aliança entre o tucano e o Centrão pode comprometer pautas de caráter ambientalista.
"Há toda uma sinalização, o comentário do Geraldo sobre a lei dos pesticidas (o ex-governador elogiou o projeto, que chamou de lei do remédio), o licenciamento ambiental, que sempre que surge é na defensiva, sem discutir muito qual o melhor caminho. Mesmo a Marina, fala na defensiva: eu licenciei tal, tal, tal", disse ele.
Em 2010, Feldmann deixou o PSDB para se filiar ao PV e concorrer ao governo de São Paulo para que Marina tivesse um palanque no Estado. Quatro anos depois, ajudou Aécio Neves (PSDB) em seu programa de governo à Presidência.
Um interlocutor afirmou que uma parte do movimento ambiental, mais identificada com a centro-esquerda, acabou se afastando de Marina em 2014 não por suas pautas ambientais - que mantém coerência ao longo dos anos -, mas por seu posicionamento sobre outros temas. Uma ecologista citou o fato de Marina ser evangélica e contra o aborto como um dos principais problemas, outro lembrou do apoio a Aécio Neves no segundo turno.
Há ainda uma crítica ao fato de a Rede não ter formado uma bancada para se contrapor aos ruralistas no Congresso. A recente aliança com o PV, contudo, passou por negociação para criar um bloco de parlamentares no próximo ano. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo..