Jornal Estado de Minas

Quantidade de candidatos à Presidência se assemelha a clássico dos desenhos animados



O ano de 1968 foi emblemático em todo o mundo e marcado por revoluções e esperanças. Nesse período, um dos estúdios mais importante de animação, o Hanna-Barbera (responsável por Scooby-Doo, Os Flinstones, Os Jetsons e Zé Colmeia) lançou um clássico dos desenhos animados, Corrida maluca (Wacky Races).


“É simbólico e curioso o desenho ter sido criado justamente em 1968, quando o mundo estava em ebulição. Se analisarmos os personagens, a história, tem muita coisa por trás, uma série de simbolismo e analogias que a gente até pode fazer com os dias de hoje”, comenta Sávio Leite, animador e criador da Mostra Udigrudi Mundial de Animação (Mumia).

Exibida pelo canal norte-americano CBS de 14 de setembro de 1968 a 4 de janeiro de 1969, a animação mostrava os competidores atrás do título mundial de “Corredor mais louco do mundo” e foi inspirada no filme A corrida do século (1965).

Ele ficou no ar por pouco tempo. O principal motivo do cancelamento foi o fato de vários pais protestarem contra (pasmem) o “nível excessivo de violência contida no desenho.”

No Brasil, a série estreou em 1969 na TV Tupi e chegou a fazer parte da programação de outras emissoras nos anos seguintes como Globo, Bandeirantes, Manchete e SBT/Alterosa. Com a chegada da TV por assinatura por aqui, A corrida maluca também foi exibida no Tooncast.

A disputa contava com 11 carros. Todos tinham placas que começavam sempre com as iniciais HB, uma referência à produtora Hanna-Barbera.
O carro 1 era o Carro de pedra, veículo dos Irmãos Rocha, dois homens da caverna. Esses personagens deram origem ao Capitão Caverna mais tarde.

O 2, o Cupê mal-assombrado, era pilotado pelos Irmãos Pavor. A característica principal desse carro era ter fantasmas à sua volta. O 3, o carro Cheio de truques, era do Professor Aéreo, um cientista louco. O 4 era a lata voadora do Barão Vermelho. O 5 era um carro todo feminino e guiado por Penélope Charmosa.

Já o 6, o Carro Tanque, tinha como competidores o sargento Bombarda e o Soldado Meekley.
O 7 era o da Quadrilha da Morte enquanto que o 8, Carroça a vapor, era o carro do agricultor Tio Tomás e também do Chorão, um urso covarde. O 9, Carrão aerodinâmico, era o carro de Peter Perfeito.

O 10 era o Carro-Tronco, veículo de Rufus Lenhador e Dentes-de-Serra (castor). E para finalizar, o 00 era pilotado por Dick Vigarista, vilão da trama e único personagem que nunca venceu uma corrida. Dick - que sempre era acompanhado pelo cachorro Muttley (chamado de Rabugento no Brasil), costumava conversar com o narrador e com o espectador, recurso inédito na época.

“Um dos aspectos que mais me chamam a atenção no desenho era de que muitas das corridas nunca acabavam. Se a gente for comparar com a corrida eleitoral, isso acontece também porque muitos candidatos estão aí há anos, tentando ganhar. Sem contar que, certamente, vamos encontrar algumas semelhanças entre os políticos e os personagens. Corrida maluca não deixa de ser um desenho político”, resume Sávio Leite.

 

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