Jornal Estado de Minas

Eleições 2018: Semana decisiva para definição das chapas


Brasília – Na reta final para o prazo das convenções, doze partidos vão definir quais serão as estratégias adotadas para a corrida eleitoral. Pelo menos sete deles podem oficializar a candidatura ao Planalto. Os outros devem decidir se apoiarão outra sigla, ou se seguem neutros na disputa. Enquanto isso, os presidenciáveis ainda lutam para conquistar o máximo de alianças possíveis e garantir maior tempo de rádio e tevê — e assim sair na frente na disputa para comandar o Palácio do Planalto. As convenções devem ser realizadas até 5 de agosto (veja quadro). Entre aqueles que devem ser oficializados como candidato à presidência durante a semana, estão: Manuela D’ávila (PCdoB), Henrique Meirelles (MDB), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Geraldo Alckmin (PSDB), Marina Silva (Rede) e Álvaro Dias (Podemos).


No fim de semana, a corrida ao Planalto começou a afunilar. O PSD desistiu da candidatura de Guilherme Afif Domingos, e o Solidariedade abriu mão de Aldo Rebelo. No sábado, o PTB também realizou a convenção do partido.

Todas as três siglas decidiram apoiar Alckmin na disputa — que já conta com a aliança do centrão (bloco formado por DEM, PR, PP e PRB). Enquanto isso, outros pré-candidatos correm para conquistar apoio. Depois de perder o PR e o PRB, Jair Bolsonaro (PSL) tenta cativar o PROS. Sozinho até o momento, o militar da reserva tenta aumentar o tempo de tevê, que chega a apenas sete segundos. Se conseguir a aliança, Bolsonaro pode receber mais 16 segundos de propaganda e totalizar 23 segundos.


Já Ciro Gomes (PDT) tenta, assim como os outros, diminuir as barreiras para a escolha do vice. O pedetista tem uma agenda de reuniões internas com o partido. Hoje, ele deve se encontrar com dirigentes, em São Paulo, e discutir planos de governo.
O impasse é que ele ainda depende de uma resposta do PSB, que não decidiu se deverá apoiá-lo, se seguirá o candidato indicado pelo PT, ou se continuará neutro — priorizando assim as candidaturas estaduais. A decisão estava prevista para hoje, mas a sigla adiou a convenção partidária para o último dia do prazo, 5 de agosto.

Resposta à esquerda

Após a reunião que oficializou o apoio do centrão à Alckmin, os presidentes das siglas de esquerda devem se reunir nesta semana para discutir articulações de campanha. Uma eventual união não é descartada. Com o fortalecimento do tucano graças às coalizões, agora, os adversários políticos devem lutar, se querem ir para o segundo turno das eleições.


“Nós estamos revendo o formato de conversa. Estamos achando que, por conta dos quadros novos que foram apresentados, é melhor fazer reuniões bilaterais”, comenta a presidente nacional do PCdoB, Luciana Santos. Apesar de ainda não ter uma data definida para o encontro, o que o partido defende é uma união entre a esquerda para a campanha, mas a ideia ainda não agradou todas as siglas, já que a maioria tem candidato próprio para concorrer ao Palácio do Planalto. Até agora, apenas o PSB não tem candidato próprio à Presidência. “O que a gente defende, com convicção, é unir todos nós”, completa Luciana.


A convenção do partido está prevista para quarta-feira, com a oficialização da pré-candidata Manuela D’ávila.

Mas, com a reunião, tudo pode mudar. Enquanto isso, o PSol oficializou a chapa Guilherme Boulos e Sônia Guajajara. O PDT também garantiu Ciro na disputa, ainda sem indicar vice. E o PT continua na expectativa de homologar a candidatura do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.


Para o cientista político André César, da Hold Assessoria Parlamentar, é natural a tentativa de união dos partidos de centro-esquerda, mas todos eles têm uma agenda programática distinta. “Eles vão tentar negociar, fazer uma pauta em comum, uma agenda mínima. Data a incerteza geral em torno das eleições, acho inteligente você tentar estabelecer um diálogo mínimo. Mas é um passo de cada vez, nesse sentido”, avalia.


O grande empecilho para que essa união se confirme, segundo César, é a “vontade de poder” de cada partido. Mesmo os menores, como o PSol, tem prioridades, como eleger o maior número de parlamentares dentro do Congresso. “Cada um tem estratégias distintas. Essa realidade que cada um vive dificulta uma relação mais orgânica.

Mas eles estão olhando como uma guerra e pensando: eles têm um inimigo em comum, que é o Alckmin”, afirma.


Apesar dos problemas à esquerda, o cientista político ainda acredita na possibilidade do segundo turno contar com um candidato da esquerda, e outro da direita. “Isso por causa da polarização da sociedade. As redes sociais reverberam muito. E aí no segundo turno cada um irá para um lado diferente, polarizando o cenário”, explica.

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