São Paulo, 28 - O general de Exército Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira, comandante militar do Sudeste, citou a proximidade das eleições para afirmar na sexta, 27, que a lei tem de ser cumprida, independentemente de quem está sendo atingido por ela. Não podemos transigir com as leis vigentes, buscando atender a interesses pessoais ou até mesmo político-partidários. Todos nós, militares ou civis, estamos sob o jugo do império da lei, disse na solenidade do aniversário do Comando Militar do Sudeste.
A 20 dias do início da campanha eleitoral, o pronunciamento do general vai na mesma linha da manifestação feita pelo comandante da Força, o general Eduardo Villas Bôas, na véspera da análise pelo Supremo Tribunal Federal (STF) de um habeas corpus apresentado pela defesa do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, condenado e preso na Operação Lava Jato.
Em abril, Villas Bôas afirmou no Twitter que compartilhava o anseio de todos os cidadãos de bem de repúdio à impunidade e de respeito à Constituição.
A fala de Ramos indica preocupação com eventual revisão pelo Supremo da autorização para a prisão após condenação em segunda instância. Mesmo preso e potencialmente atingido pela Lei da Ficha Limpa, Lula é mantido como pré-candidato à Presidência pelo PT.
Ramos discursou de improviso na cerimônia. Na preparação da cerimônia, eu disse; não vou escrever nada, quero falar com o coração. Os senhores que estão em forma são descendentes de heroicos militares que no passado defenderam os ideais democráticos, disse o general. Era o começo de um pronunciamento sobretudo político. As tropas do Comando Militar do Sudeste sempre nortearam os seus valores, como diz o general Villas Bôas, pela legalidade, pela legitimidade e pela estabilidade.
Próximo do comandante do Exército, Ramos citou o chefe três vezes em seu discurso, uma fala que, segundo auxiliares, era dirigida à tropa bem como à população do Estado.
Nosso comandante, o general Villas Bôas afirma: Não há atalho fora da democracia ou da nossa Constituição. Não temos lado. Quando me perguntam, general, qual o seu partido, qual o seu candidato? Eu digo: meu partido é a Pátria; meu candidato é o Exército brasileiro.
Políticos.
Ramos desceu do palanque das autoridades e se dirigiu ao prédio da sede do Comando Militar do Sudeste sem dar entrevistas. Ao seu lado, na solenidade, havia três deputados federais - Baleia Rossi (MDB-SP), Arnaldo Faria de Sá (PP-SP) e major Olímpio (PSL-SP) - este último saiu antes do discurso. A fala foi ainda acompanhada por dois deputados estaduais: Salim Curiati (PP) e o coronel Telhada (PP).
Achei importante ele (Ramos) falar sobre as eleições para que ela seja pacífica e tranquila. Ele disse que a decisão do povo tem de ser respeitada, disse o líder do MDB na Câmara, Baleia Rossi.
Para Telhada, o pronunciamento do general Ramos reforçou a defesa da legalidade. Muitos cobram atitude dos generais querendo intervenção militar ou uma ação mais enérgica contra o governo. Isso não acontecerá, pois nossa lealdade à lei não será quebrada. O povo vota errado e depois quer que a situação seja resolvida à força. Isso não pode acontecer. As informações são do jornal
O Estado de S.
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(Marcelo Godoy).