São Paulo, 13 - Após anunciar nessa sexta-feira, 13, que desistiu de disputar o Palácio do Planalto, o empresário Flávio Rocha (PRB) disse ao Estadão/Broadcast que não consegue enxergar um nome do centro político capaz de unificar esse campo na campanha. Ele também rechaçou a ideia de ser vice na chapa de Geraldo Alckmin (PSDB).
Por que desistiu de disputar o Palácio do Planalto?
A decisão (de concorrer) veio da constatação que é necessário encerrar esse divórcio entre o Estado e a nação. Infelizmente a classe política, na sua maioria, não está interpretando corretamente a mudança demográfica que está acontecendo no coração do eleitorado. Imaginei que esse era o momento de diminuir esse fosso, mas percebi que a coisa estava caminhando para uma luta quixotesca, com poucas perspectivas. Então liberei o partido para tomar a decisão que julgar conveniente.
O senhor até anteontem demonstrava muita confiança na candidatura e negava qualquer hipótese de desistir...
Nós imaginávamos que fosse possível fazer a convergência de um amplo leque de coligações. Eu vi ao longo do tempo que essa perspectiva diminuía. Esse foi um fator preponderante.
O PRB tem participado das negociações com o 'Centrão' em busca de uma candidatura única. Saíram muitas notas nos jornais sobre a aproximação do seu partido com Geraldo Alckmin.
Não. Pelo contrário. O PRB foi de uma solidariedade comovente, tocante. Se dependesse do partido nós prosseguiríamos apesar de todas as dificuldades. A presença do PRB nesse bloco era imbuída da esperança dos outros partidos se aglutinarem em torno do nosso projeto.
Um movimento batizado 'Polo Democrático' tenta aglutinar o centro em torno de uma candidatura única para evitar os extremos. Na sua avaliação, qual hoje é nome que pode representar esse campo?
Não consigo enxergar um nome. O conflito que se coloca nessa eleição é o divórcio entre povo e estado.
Então o senhor não enxerga um nome com condições de unificar o centro?
Não. Os nomes que estão aí são os mesmos de quando tomei a decisão difícil de abandonar a vida empresarial no melhor momento para me lançar nessa empreitada.
O ex-governador Geraldo Alckmin se fortalece como o nome do centro?
Não sou um político. Sou um novo entrante na política. Não tenho o conhecimento para conduzir daqui para a frente as articulações políticas ou identificar as afinidades. Eu apenas identifiquei lá atrás que era preciso colocar um novo produto na prateleira.
Os nomes do centro vão de Marina Silva a Geraldo Alckmin, passando por Henrique Meirelles e Álvaro Dias. Qual deles tem mais chance?
Minha opinião é irrelevante. Saí do jogo político e agora me volto para o das ideias.
Se o PRB apoiar o Alckmin, o senhor vai seguir o partido?
Pode se construir uma solução em torno dos nomes de centro que estão aí. Mas agora quem está com a bola é o presidente do partido.
Tem simpatia pela candidatura do Bolsonaro?
Não quero fulanizar o debate.
O senhor é citado com um possível vice do Alckmin.
Não. Estou saindo do jogo político e voltando para minha vida empresarial.
Quanto gastou na pré-campanha?
Foi um investimento pequeno. Eu falei da possibilidade de bancar a candidatura com recursos próprios. Eu achava que isso teria uma repercussão negativa, que podia ser entendido como um projeto individualista. Mas foi bem recebido. Repercutiu positivamente.
Como avalia a aproximação do DEM e outros partidos do 'Centrão' com Ciro Gomes?
É um pragmatismo que mostra as ideias em segundo plano. O Ciro é meu amigo. Conheci ele quando era governador. Era um liberal. Tinha ideias bem distantes das que está externando agora.
(Pedro Venceslau).