Jornal Estado de Minas

Com a saída da Seleção da Copa da Rússia, candidatos ao Planalto entram em campo


Candidatos ao Palácio do Planalto que vinham lutando ainda sem marcar gol, ao menos agora não mais terão a Copa do Mundo para justificar estatísticas imóveis nas pesquisas de intenção de voto. Para o Brasil, o jogo com a bola acabou. Agora, é a vez da política. As indefinições continuam as mesmas. A novidade é que a exatos três meses das eleições, diferentemente do que sonharam as candidaturas, principalmente de Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB), que tentam ocupar a centro-direita do campo, Jair Bolsonaro (PSL) parece ter cristalizado preferências e continua a polarizar com o ex-presidente Lula (PT), que segue líder na disputa sem saber se a Justiça Eleitoral permitirá que concorra, mas convicto de que empurrará o seu partido ao segundo turno.


Entre todos os 18 pré-candidatos até agora colocados, contudo, certo é que haverá um desafio comum: levar o eleitor às urnas. As 33 eleições municipais suplementares realizadas este ano e em dois turnos para governador no estado de Tocantins revelaram um expressivo aumento de não aproveitamento de votos, com mais eleitores não participando – crescimento da abstenção – votando nulo ou branco. Em Ipatinga, o desalento de eleitores que já haviam escolhido o prefeito e tiveram de retornar às urnas alcançou 47% do colégio eleitoral – contra 30,4% nas eleições ordinárias de 2016 – e no segundo turno da disputa em Tocantins, mais da metade do eleitorado – 51,8% – se absteve, votou nulo ou branco.

A luta de candidatos contra o desalento do eleitor, contudo, será maior para quem concorre a deputado estadual, federal, governador e senador do que para os candidatos à Presidência da República: nos últimos quatro pleitos, é mais alta e mais estável a participação nas eleições presidenciais em relação a todas os outras, tendo oscilado de 73,7% em 2002 para 72,8% de eleitores em 2014.

O interesse do brasileiro pela disputa presidencial em 2018 neste primeiro semestre já é maior do que nas eleições de 2014, segundo indicam as estatísticas da plataforma Google Trends – que analisa as pesquisas no maior buscador da rede. Entre janeiro e junho , quando soa o apito da partida eleitoral, as buscas sobre eleições alcançaram 5 pontos numa escala de 0 a 100, 67% superior àquela verificada em 2014, quando pontuaram 3 na escala de 0 a 100.
Essas buscas tendem a se aquecer nos próximos meses, alcançando o pico a partir de agosto e se estendendo até o dia do pleito, conforme comportamento registrado em eleições anteriores.

Se por um lado, desde quinta-feira, postulantes às candidaturas dentro dos partidos já podem iniciar a propaganda entre filiados das legendas para a indicação de seus nomes nas convenções partidárias – que se estenderão entre 20 de julho e 5 de agosto, por outro, sobram candidatos à Presidência da República e faltam coligações. As tradicionais candidaturas do PT e do PSDB – que polarizam as disputas presidenciais a partir de 1994 no Brasil – ainda tateiam para a composição do arco de alianças.

São muitos candidatos. A começar pelo velho MDB, que ao longo desse tempo ora embarcou com tucanos, ora com petistas, mas agora sonha com Henrique Meirelles em voo solo – desafiando a impopularidade do governo Michel Temer (MDB), a maior da história. Passando pelo presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM), que como um balão se lançou ao ar, por vezes acenando a Ciro Gomes (PDT), por vez a Alckmin, o fato é que agora todos correm contra o tempo. Acabou o treino. É o primeiro tempo.

 

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