O pré-candidato do PDT à Presidência da República, Ciro Gomes, foi vaiado em evento promovido pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), nesta quarta-feira, 4, em Brasília, ao defender que a reforma trabalhista foi uma "selvageria" aprovada contra os trabalhadores.
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Boulos rebate conselheiro de Ciro: 'DEM é de direita sem a menor dúvida'Deputado do PSB diz que partido tem maioria para apoiar CiroCiro Gomes diz que solicitou ao DEM lista de pessoas para pedir desculpas"Não tenho poder de revogar a reforma trabalhista no primeiro dia. Precisamos substituir essa selvageria por uma verdadeira reforma trabalhista. Meu compromisso com as centrais sindicais é botar esta bola de volta para o meio de campo", disse. O discurso fez com que parte da plateia iniciasse uma vaia contra o pré-candidato.
Ciro reagiu. "Pois é, vai ser assim mesmo. Se quiserem presidente fraco, escolham um desses aí que vêm com conversa fiada para vocês." Em seguida, o pré-candidato pediu que a plateia colocasse a "mão na consciência".
"50 milhões de compatriotas nossos estão vivendo o pão que o diabo amassou na informalidade. Vamos colocar a mão na consciência, cavalheiros", afirmou.
Antes do fim de seu tempo, Ciro voltou a falar sobre o assunto e procurou defender que o problema da indústria brasileira não são os salários de trabalhadores, mas sim a política de câmbio e juros. Em seguida, ele arrancou aplausos da mesma plateia ao dizer que irá agir sobre "os dois preços centrais que estão desindustrializando o Brasil: câmbio e juros".
"Vou agir para a indústria sobreviver e competir", acrescentou ao receber apoio dos presentes no evento.
O episódio irritou o pré-candidato. Em coletiva de imprensa após o evento, Ciro minimizou as vaias e criticou as perguntas dos jornalistas sobre o caso. "Não tem jeito, é a isso que vocês vão dar destaque. Escreva o que você quiser", disse a um jornalista. "Fui vaiado por uma pequena fração da plateia, mas não estou preocupado.
Ele também ironizou o fato de a mesma plateia ter aplaudido, mais cedo, o pré-candidato do PSL, Jair Bolsonaro, que também discursou no evento da CNI. "Sinal dos tempos", respondeu. "Cada um tem o candidato que merece, eu teria vergonha de bater palma para o Bolsonaro", afirmou.
Crítica ao Judiciário
Mais uma vez, Ciro Gomes defendeu que é preciso restaurar o poder político no Brasil. Ele criticou a postura da Justiça brasileira.
"O Judiciário brasileiro precisa voltar para o seu quadrado, o Ministério Público precisa voltar para o seu quadrado. O Brasil precisa ter clareza de que formação bruta de capital exige governo forte. A quem serve presidências fracas? A quem serve democracias que o presidente da República nomeia um ministro para o Supremo e este proíbe um ministro (de Estado) de tomar posse. Precisamos restaurar a força do poder político", disse.
Em 2016, a ex-presidente Dilma Rousseff foi impedida de nomear o ex-presidente Lula como ministro da Casa Civil.
Sem citar diretamente o presidente Michel Temer, Ciro ainda disse que "há um quadrilheiro" na Presidência da República. "Há uma anarquia generalizada no nosso País; o poder político de Brasília está desmoralizado e perdeu capacidade de governar. Há um quadrilheiro na Presidência da República, que conheço de longa data", complementou.
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