São Paulo, 05 - O séquito bolsonarista já conta com uma figura real: Luiz Philippe de Orleans e Bragança, de 49 anos, é pré-candidato a deputado federal pelo PSL - partido que também irá lançar Jair Bolsonaro à Presidência da República. Além da candidatura, Philippe está cotado para presidir a Fundação do partido, que, por sugestão do próprio, deve se chamar José Bonifácio, figura histórica conhecida como o Patriarca da Independência.
Philippe é filho do príncipe D. Eudes de Orleans e Bragança e neto do chefe da Casa Imperial do Brasil, Luís Gastão de Orleans e Bragança. Cientista político e administrador de empresas, ele também foi o criador do Movimento Liberal Acorda Brasil - que esteve ao lado de MBL (Movimento Brasil Livre), Vem Pra Rua, Revoltados Online e outros grupos em manifestações pelo impeachment da então presidente Dilma Rousseff.
Há poucos meses, Philippe ainda era filiado ao partido Novo, mas se disse atraído pelo convite e discurso mais firme do PSL. Não é um problema. Eu não pulei da direita para a esquerda. Eu passei da direita para a direita, disse.
Segundo o descendente da família real brasileira, o primeiro encontro com Bolsonaro aconteceu há dois anos, no gabinete do deputado em Brasília. Na ocasião, eles conversaram sobre a ideias que seriam apresentadas em seu livro Por que o Brasil É Um País Atrasado?, lançado em 2017.
A tese central da obra de Philippe é a ideia de que o povo brasileiro não é soberano porque não possui mecanismos para limitar as ações do governo e da burocracia estatal.
Agora, no PSL, Philippe tem sido um interlocutor mais frequente do deputado. Anteontem, ele esteve ao lado do presidenciável em São Paulo, durante o evento em que o general Luiz Eduardo Ramos Baptista Pereira assumiu o Comando Militar do Sudeste, em substituição ao general João Camilo Pires de Campos - procurado pela reportagem, Bolsonaro não se manifestou sobre o a candidatura de Philippe.
O candidato a deputado se define como um liberal na economia, conservador nos costumes e, claro, um monarquista. Monarquia não é um modelo de governo, mas uma organização de Estado, diz. Para ele, o modelo baseado nos três poderes (Executivo, Legislativo e Judiciário) está fadado ao fracasso. Defendo a monarquia como um poder cívico. Não se trata de um poder absolutista, disse.
O herdeiro da família real ressalta que não defende a monarquia por interesses próprios. Eu nunca seria rei ou imperador do Brasil.
O Estado de S. Paulo.
(Gilberto Amendola e Pedro Venceslau).