Brasília, 17 - Às vésperas do processo eleitoral, parlamentares tucanos tentam dar "cárter pessoal" ao julgamento do senador Aécio Neves (PSDB-MG), marcado para esta terça-feira, 17, no Supremo Tribunal Federal (STF). À imprensa, os nomes do partido buscam tratar o assunto como algo "particular" do senador mineiro e defendem que é preciso separar o episódio da imagem da sigla.
Isso porque a Primeira Turma do STF decide hoje se torna Aécio Neves réu pelos crimes de corrupção passiva e obstrução à Justiça. A Procuradoria-Geral da República (PGR) acusa o tucano de receber ilicitamente R$ 2 milhões de Joesley Batista, oriundos do grupo J&F, e de atrapalhar as investigações em torno da Operação Lava Jato.
"Quando você fala de um companheiro, realmente bate uma tristeza, agora eu tenho o meu posicionamento de que a Justiça seja feita: para condenar ou para absolver. É isso que eu espero. Eu vejo que é um julgamento fora do partido, é uma coisa pessoal (dele). Ele (Aécio) está tendo toda liberdade de fazer sua defesa", defendeu o senador Ataídes Oliveira (PSDB-TO).
A mesma defesa é feita pelo senador Roberto Rocha (PSDB-MA), que deve ser o candidato do partido ao governo do Maranhão. "Temos que separar o público do privado, o partido trata de questões de interesse público. Esse assunto é particular do Aécio, o que nos deixa em situação de dificuldade dada a relação que temos com ele.
Rocha e Ataídes se reuniram mais cedo com o pré-candidato do PSDB à Presidência, Geraldo Alckmin, na sede do partido em Brasília. Eles negaram que tenham tratado do assunto como ex-governador de São Paulo.
A reportagem do
Broadcast Político
apurou que tucanos já dão como certo que Aécio se tornará réu hoje como forma de "compensação" junto à opinião pública, por conta da condenação em segunda instância e prisão do ex-presidente Lula. O partido dirá, entretanto, que isso não representa um grande problema para a legenda.
Roberto Rocha criticou, no entanto, a possibilidade de "compensação" por parte do Judiciário. "Nós estamos num caminho muito ruim da criminalização da política. Quando a gente nega política, a gente volta às cavernas, é uma barbárie. Tem muito justiceiro no meio aí. Do jeito que estão colocando, parece que se Lula está preso, tem que prender todo mundo.
Alckmin também se encontrou hoje com o advogado do partido, José Eduardo Alckmin, que fará o acompanhamento do caso no STF. O defensor disse que o motivo do encontro eram assuntos mais singelos e negou que a situação de Aécio seja razão para a reunião com Alckmin, que também ocupa o cargo de presidente do PSDB. O advogado José Eduardo Alckmin, também disse à reportagem que não conversaria com ex-governador sobre o envio de seu inquérito para a Justiça Eleitoral.
Na semana passada, a ministra Nancy Andrighi, do Superior Tribunal de Justiça (STJ), decidiu encaminhar à Justiça Eleitoral de São Paulo o inquérito instaurado com base na delação da Odebrecht que investiga Alckmin por suspeitas de caixa 2. Dessa forma, o tucano - que deixou o cargo para disputar a Presidência da República - ficou fora, por ora, da rota da Lava Jato.
(Renan Truffi).