Jornal Estado de Minas

Coluna Baptista Chagas de Almeida


Café da manhã e o prazo apertado


Boa parte dos jornalistas que cobrem política em Brasília deve precisar em breve de fazer regime. É almoço no Palácio do Planalto ou na residência oficial da Presidência da República com o presidente Michel Temer (MDB) – inclua aí líderes do Congresso em outras comilanças – às vezes jantar, mas a notícia nova vem é do Congresso.

Mais especificamente do café da manhã oferecido pelo presidente do Senado, Eunício Oliveira (MDB-CE), aos jornalistas que cobrem o Congresso. E nele fez questão de registrar: “Se não aprovar a reforma agora, não tem como qualquer que seja o candidato fugir da reforma da Previdência. Não é uma catástrofe do ponto de vista da economia de futuro, 5, 6 anos. Aprovando ou não, vai estar na pauta”.

Se o prazo é apertado para agora, como ele próprio ressaltou, Eunício ainda diz que a votação pode ficar para novembro, ainda este ano. É óbvio o motivo do presidente do Senado. Quando isso acontecer, as eleições já terão passado, quem foi eleito, foi, quem não foi vai até reclamar em plenário, mas pode cair a ficha de que sem ela é grande o risco de os aposentados não receberem, pelo menos em dia.

A questão é que, por se tratar de reforma constitucional, são necessários 308 votos na Câmara dos Deputados e 49 dos senadores. Será que os parlamentares que não conseguirem se eleger terão um mínimo de senso com o futuro do país ou vão preferir dar o troco ou nem aparecer para votar? A resposta ainda está por vir.

Afinal, as notícias na política passam mais para casos de polícia e prisões do que presença em plenário em ano eleitoral.

Melhor então fazer o registro da área econômica. Os juros da taxa Selic caíram, no modo de dizer, de 7% para 6,75%, e assim devem continuar o resto do ano. O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, é precavido. Talvez com certo exagero.

 Como o carnaval em Belo Horizonte já começou antes da hora, com desfiles desde anteontem, sem contar os ensaios, quem dera estar na comitiva presidencial para ir à Restinga da Marambaia. Pelo jeito, já que Michel Temer reduziu de 58 para 40 a sua comitiva, não serei convidado.

 

À luta
“Ao manter a política de conta-gotas, o governo acerta no remédio ao reduzir a taxa Selic (taxa básica de juros), mas erra na dose ao cortar muito pouco. Mais uma vez, o Copom frustra o setor produtivo e se curva aos especuladores.” Paulinho da Força Sindical, que antes já tinha dito: “A luta não pode parar, sob o risco de sermos penalizados de forma irreversível. Sozinho, o trabalhador torna-se presa fácil para os maus patrões.

Todos à luta!”. Ficamos assim.

 

Não ofende
É piada pronta e de mau gosto. E repetição ainda por cima, mas não dá para resistir, já que se trata da Comissão de Transparência, Governança, Fiscalização e Controle e Defesa do Consumidor (CTFC) do Senado. Na pauta estava o reembolso das empresas aéreas dos bilhetes que não foram utilizados. Só que faltou quórum. Não teve a reunião que estava marcada. Já que tem consumidor no meio do caminho, não dá para resistir: será que os nobres senadores vão exigir o reembolso dos bilhetes que o Congresso paga com toda transparência?

 

Até o FBI
Em evento esta semana, que reuniu nesta semana agentes do FBI, autoridades do governo federal e mais de 200 empresários em São Paulo, os investigadores americanos demonstraram orgulho de auxiliar o Brasil e a operação Lava-Jato da Polícia Federal (PF), em conjunto com o Ministério Público Federal (MPF) desde 2014.

Se é assim o registro do site que você paga a conta com a contribuição sindical, pelo jeito, passou recibo. Afinal, leia-se, uma vez mais, mas não tem jeito, o juiz Sérgio Moro.

 

“Letargia”
Mesmo com o plenário vazio, alguns senadores aproveitaram para fazer o seu comercial da tribuna, embora alguns discursos foram com a seriedade devida. Um deles foi de Pedro Chaves (PSC-RJ) e é óbvio que tratou da escalada de violência no Rio de Janeiro. Basta um trecho: “Os traficantes não fabricam armas nem drogas, tanto o armamento quanto os entorpecentes que vendem chegam pelas fronteiras, graças a policiamento ineficiente e incapaz”. E ainda sobrou para o governo federal, que ele ressaltou estar em uma “espécie de letargia” diante da situação.

 

Se descarrilou...
...deve ter tido puxão de orelha pelo presidente Michel Temer (MDB). Trata-se da novela do metrô de Belo Horizonte e inclui também os de Recife, Natal, Maceió e ainda o de João Pessoa. Quem levou o puxão foi o ministro do Planejamento, Desenvolvimento e Gestão, Dyogo Oliveira, que pretendia fazer com que o metrô nessas cidades não funcionasse em tempo integral e só em horários de pico. Como se diz, faltou combinar antes com o chefe.

 

PingaFogo

Em tempo: a comitiva presidencial que vai à Restinga da Marambaia será formada por seguranças, médicos, enfermeiros e equipe de comunicação. Só que antes de embarcar, Temer teve encontro com seu advogado, Antônio Mariz.

Para deixar claro, no meio do caminho tem o inquérito sobre o decreto em benefício do setor de portos. Daí o encontro com seu advogado de confiança. O presidente não quer atracar no Judiciário.

Já que condenam a “velocidade” do processo no Tribunal Regional Federal (TRF) da 4ª Região, em Porto Alegre, contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não dá para resistir. Vão pedir para que os magistrados recebam multa por isso?

Se pode ter liminar para candidato, mesmo que tenha ficha suja, melhor ficar com o ministro Luiz Fux, presidente do Tribunal Superior Eleitoral, que quer levar o caso ao plenário do TSE. Melhor assim que uma liminar. E depois, se o ficha suja for eleito?

Bem, se os senadores não trabalharam, pelo menos fizeram discurso, os deputados ninguém sabe, ninguém viu. Não houve sessão nem nas comissões e muito menos no plenário. Afinal, em pleno carnaval, ninguém é de ferro. Sendo assim, chega! .