Jornal Estado de Minas

Em BH, presidente do BNDES fala em planos e disputa ao Palácio do Planalto


O presidente do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Paulo Rabello de Castro, em sua passagem de dois dias por Belo Horizonte, adotou um discurso de candidato a presidente da República ao anunciar planos de investimentos do banco estatal de fomento. Pré-candidato do PSC, Castro, de 69 anos, que é economista, esteve na capital para relançar o livro Lanterna na proa – Roberto Campos – 100 anos, organizado por ele e outros 63 economistas, incluindo Ives Gandra da Silva Martins, que traz o pensamento do economista e diplomata que foi um dos expoentes do liberalismo no país.

Indagado se está em campanha para viabilizar a sua candidatura à Presidência da República, ele foi direto: “Descobri que esta possibilidade é muito interessante”. Castro fez a declaração durante rápida conversa com o Estado de Minas enquanto fazia o check-out em um hotel na Savassi. Antes, porém, deu entrevista coletiva à imprensa: “Vim para despertar o interesse dos micros, pequenos e médios empresários nas linhas de crédito do BNDES”, disse. Confira os principais trechos da entrevista.

INTERIORIZAÇÃO
“O Brasil precisa debater o seu futuro”, defende o presidente do BNDES, para quem a retomada da economia passa pela descentralização dos investimentos concentrados no eixo Rio-São Paulo. “Não vamos abandonar a infraestrutura e a indústria. Vamos reforçar a ênfase no desenvolvimento regional e no desenvolvimento das pequenas e médias empresas”, disse.
Para tanto, ele aposta nos investimentos em projetos das prefeituras. Aprovada recentemente, a linha de crédito para cerca de 5 mil municípios em cotas de até R$ 2 milhões para financiamento de iluminação pública, saneamento, coleta de lixo, equipamentos turísticos, entre outros pequenos serviços e obras. Ele informou que voltará a Minas nos próximos dias para anunciar essa linha de crédito em reunião com a Associação Mineira de Municípios, que reúne as 853 prefeituras do estado.

DESENVOLVIMENTO
O presidente do BNDES anunciou também um plano estratégico de desenvolvimento com alcance até  2035. “ É obrigação ter esse olhar para o futuro. O Brasil precisa aprender a planejar e cobrar dos políticos a entrega”, destacou. Segundo ele, esse debate será feito com as entidades que representam empresários e trabalhadores. O debate começará a ser feito depois do Carnaval.
“Sem necessidade de consenso”, adiantou. Para Castro, o objetivo desse debate, sobre o qual não informou a agenda prévia, será elevar o nível do debate eleitoral, que ele espera que se desdobre para o âmbito estadual.

REGIONALIZAÇÃO
Paulo Rabello de Castro anuncou ainda a inauguração de unidades regionais do BNDES. Minas será o primeiro estado com inauguração prevista para março. As unidades serão comandadas por técnicos do banco estatal. Hoje são três escritórios no país (Brasília, São Paulo e Recife). A ideia é ampliar para até nove filiais. “Aproximação de empresários, secretários (municipais e estaduais)  e governadores de estado”, responde Castro, ao ser perguntado sobre os motivos da regionalização.

GOVERNO DE MINAS

Sobre a perspectiva de novos investimentos em Minas pelo BNDES, o presidente da estatal foi direto: “Sempre, mas Minas precisa sair da toca. Estou aqui para, como bom filho de mineiros, cutucar”, se referindo ao empresariado.
Sobre o governo do estado, ele condicionou à melhoria das fianças estaduais – hoje, o déficit fiscal está em torno de R$ 8 bilhões. “Tem que ter as finanças organizadas para se habilitar.” O BNDES não é o convento Santo Antônio, que administra o pão dos pobres”, afirmou.

PRÉDIO DO BEMGE
O presidente do BNDES não deixou passar em branco os R$ 15 milhões que o banco já aprovou para recuperar um edifício icônico no Centro de BH, popularmente conhecido como “prédio do Bemge”, ex-banco estatal, que será transformando em unidade de fomento para reunir a área de inovação e novas tecnologias. Paulo Rabello de Castro também citou a liberação de R$ 500 mil para a Filarmônica de Minas Gerais.

INVESTIGAÇÃO

Paulo Rabello de Castro prestou depoimento à Polícia Federal na semana passada sobre o inquérito que investiga suspeita de fraudes em investimentos no Postalis, fundo de pensão dos Correios. Ele teve seus sigilos fiscal e bancário quebrados. A investigação não tem relação com a gestão de Castro no BNDES, e sim com atividades anteriores. Ele é proprietário da agência de classificação de risco SR Rating, da qual se afastou depois de assumir a presidência do IBGE, em 2016. A agência foi contratada pelo Postalis para fazer avaliação econômica e financeira sobre a aquisição de três cédulas de crédito imobiliário da empresa Mudar Master II Participações, no valor de R$ 109,8 milhões. Segundo o Ministério Público Federal, a decisão de investimento foi embasada em relatórios superficiais elaborados por dirigentes do Postalis e da SR Rating. As cédlulas não teriam garantias reais. Para o MPF, houve falha ou má-fé dos envolvidos.

Castro diz que está afastado da empresa desde 2016 e o que a SR fazia era emitir avaliações de rating consideradas respeitadas no mercado. (Com agências)

 

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