Porto Alegre - O advogado Cristiano Zanin Martins, que defende o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, afirmou nesta quarta-feira, 24, "que o tríplex não é do ex-presidente Lula". Segundo o defensor, que falou durante cerca de 15 minutos no julgamento do petista, perante o Tribunal Regional Federal da 4.ª Região (TRF-4), Lula "também não tem a posse" do imóvel do Guarujá, no litoral de São Paulo.
O imóvel é o pivô da condenação de nove anos e seis meses, por corrupção e lavagem de dinheiro, imposta ao petista pelo juiz federal Sérgio Moro. A sentença está sendo agora analisada pelo tribunal de segunda instância da Lava Jato.
"Todos nós sabemos que o triplex pertence e sempre pertenceu à OAS Empreendimentos. A propriedade, segundo a lei, segundo o artigo 1228, é aquele que detém, que consta no cartório de registro de imóveis. Também não tem a posse, ficou claro pela prova dos autos que o ex-presidente jamais recebeu as chaves, jamais passou um dia e jamais passou uma noite. Não há nada que se possa demonstrar essa propriedade", afirmou.
A defesa de Lula atacou o juiz federal Sérgio Moro. O criminalista defendeu a "nulidade do processo e nulidade da sentença" do magistrado de primeira instância que impôs nove anos e seis meses de prisão ao ex-presidente por corrupção e lavagem de dinheiro no caso triplex.
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Manifestantes vaiam Moro e pedem 'iluminação' ao relator do caso de Lula no TRF-4Clima é tranquilo no Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, onde Lula estáLula faz pronunciamento na sede do Sindicato dos Metalúrgicos no ABCCristiano Zanin disse que o processo criminal já tratava o petista como culpado desde o começo.
"A ação já tratava Lula como culpado no recebimento da denúncia", afirmou o defensor de Lula. Zanin citou como argumentou o fato do Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP) ter solicitado a um membro da Operação Lava Jato que deixasse de fazer manifestações políticas em suas redes sociais. "Se a acusação tem motivação política, não precisa a defesa identificar", ironizou.
Zanin também atacou o juiz Sérgio Moro ao citar a iniciativa do magistrado de liberar acesso a grampos telefônicos realizados contra Lula e a ex-presidente Dilma Rousseff, quando ela ainda tinha foro privilegiado. "O juiz de primeira instância praticou ato político contra Lula e Dilma", disse.
Caminho do dinheiro
Cristiano Zanin afirmou que não há nenhuma prova no processo que apresente o "caminho do dinheiro" supostamente recebido pelo ex-presidente. "O que se vê na sentença é completa distorção quanto à vantagem indevida. Estamos tratando de delitos financeiros, não há prova do caminho do dinheiro."
Ele reforçou que "ficou claro" no processo que Lula "jamais recebeu as chaves do apartamento" e que o tríplex "sempre pertenceu à OAS. O defensor questionou ainda trecho da denúncia que dizia que o apartamento teria sido atribuído ao ex-presidente Lula durante a investigação.
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