Zurique, 23 - Politicamente, o ideal seria que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pudesse se candidatar nas próximas eleições. Mas, juridicamente, o que trará tranquilidade ao País é o respeito à Constituição. Essa é a avaliação de Moreira Franco, ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência do governo Michel Temer. Na Suíça para participar a partir de amanhã de reuniões no Fórum Econômico Mundial, em Davos, o ministro insistiu: "a Constituição tem de ser cumprida".
"Se houver efetivamente, comprovadamente, provas e culpabilidade, que esse problema seja enfrentado com coragem e resolvido", defendeu à reportagem. "Isso é que vai projetar credibilidade", disse.
Ele, porém, admite que a questão não é apenas um tema jurídico. "Não por conta da manipulação de alguém. Mas por se tratar de um ex-presidente", disse. "O ideal, se não houver nenhum problema jurídico, seria que ele (Lula) concorresse à eleição", ponderou.
"Para o País, isso politicamente tranquilizaria mais.
Horas depois, falando com jornalistas brasileiros em Zurique, o ministro voltou a insistir na tese da separação entre a Justiça e a política. "A expectativa que temos é de que haja uma divisão entre a questão política e a questão jurídica", afirmou.
"O que é fundamental para o fortalecimento de nossas instituições é que as questões jurídicas seja enfrentada no campo jurídico. E existem regras e procedimentos que sejam cumpridos e a expectativa é de que sejam cumpridos", disse.
"Agora, do ponto de vista política, não podemos esquecer que se trata politicamente de um ex-presidente da República. O ideal seria que ele concorresse. Agora, isso não significa que devamos abstrair uma questão jurídica e acreditamos que a Justiça brasileira haverá de enfrentar isso com isenção, comedimento e com respeito às regras da Constituição para que os direitos essenciais dos cidadãos sejam preservados", afirmou o ministro.
Para ele, porém, o julgamento de Lula não ofuscará a mensagem de Temer em Davos. "Acho estranha essa pergunta.
Com o lema "o Brasil voltou", o presidente Michel Temer desembarcou nesta terça-feira à Suíça, onde participa amanhã do Fórum Econômico Mundial de Davos. Se sua agenda é a de mostrar que o crescimento da economia foi retomado e sinalizar passos concretos no que se refere às reformas e privatizações, ela coincide com o julgamento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, aguardado por empresários e líderes internacionais para traçar o cenário do Brasil em 2018.
Entre os organizadores, não se esconde o fato de que tão importante quanto ouvir a mensagem de Temer nesta quarta será saber o que ocorrerá em Porto Alegre, 10,5 mil quilômetros de distância de Davos.
Em declarações ao jornal O Estado de S. Paulo, o presidente do Fórum, Borge Brende, insistiu na semana passada que o empresariado internacional aposta no fato de que 2018 será um ano de recuperação para a economia brasileira. Mas ele também admitiu que o julgamento de Lula é "uma incógnita".
(Jamil Chade, correspondente).