Brasília, 11 - O presidente do PSDB e governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, já enfrenta resistências para cumprir seu primeiro desafio político à frente do partido e, assim, obrigar toda a bancada da Câmara a apoiar a reforma da Previdência, com discussão marcada para esta semana e votação prevista na próxima semana. Parte dos deputados rejeita uma eventual imposição da Executiva nacional da legenda e qualquer possibilidade de punição caso votem contra as mudanças nas regras da aposentadoria. A direção tucana ainda não decidiu sobre o tema.
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Trabalhadores rurais fazem ato contra reforma da Previdência em BHTemer e aliados aceleram negociação para votar reforma da PrevidênciaAlckmin propõe fechar questão pela reforma da PrevidênciaTemer admite possibilidade de que reforma da Previdência fique para 2018População rejeita idade mínima para aposentadoria, diz pesquisa do governoSegundo o primeiro-vice-presidente do PSDB, também eleito sábado, governador Marconi Perillo (GO), o governo vai precisar liberar recursos por meio de emendas aos parlamentares para conseguir aprovar a reforma.
Os líderes do PSDB terão dificuldades, porém, para unificar a bancada em torno do fechamento de questão - quando a bancada deve votar em bloco pelo apoio ou pela rejeição de uma proposta, sob risco de punição, desde a advertência até a expulsão. O Placar da Previdência, elaborado pelo Grupo Estado, mostra que dos 46 deputados federais do PSDB, apenas sete disseram que votarão a favor da reforma - 12 são contrários à proposta, 11 estão indecisos e 16 não quiseram responder.
"Fechar questão é uma medida extrema. Isso ainda não foi discutido", disse o deputado federal Ricardo Tripoli (SP), líder do PSDB na Câmara.
Em avaliações reservadas na legenda, tucanos afirmam que o fechamento de questão, caso seja aprovado pela Executiva nacional, terá apenas um valor simbólico, uma vez que não haveria punição para quem descumprisse a ordem partidária. "Se for para expulsar o deputado do partido, acho difícil fechar questão. Hoje não há consenso na bancada", afirmou o senador Tasso Jereissati (CE).
Com a determinação, porém, os deputados dizem que ganhariam o argumento em suas bases de que foram "obrigados" a seguir a orientação do PSDB.
"O que o governador Geraldo Alckmin disse é que o convencimento é a melhor maneira de conseguir votos. O fechamento de questão vai ser discutido pela bancada e pelo partido se o projeto for colocado em votação", disse o deputado Silvio Torres (SP), secretário-geral do PSDB.
Êxito
Durante sua breve interinidade no comando do PSDB, o ex-governador de São Paulo Alberto Goldman tentou convocar a Executiva para discutir o fechamento de questão, mas não obteve êxito. A primeira reunião da nova Executiva tucana deve ocorrer nesta semana. Alckmin vai se encontrar antes com a bancada para discutir a reforma da Previdência.
A avaliação no entorno do governador paulista é de que, se ele conseguir fechar questão ou pelo menos ampliar a margem de votos favoráveis à reforma entre os deputados, seu nome será visto como líder desse processo, o que lhe colocaria em evidência como representante do centro político e ainda atrairia a confiança do mercado.
"Antes (da convenção) tudo se resumia a sair ou ficar no governo. Agora que saímos, a questão é saber se votaremos ou não a favor da reforma da Previdência", disse o ex-senador José Aníbal, presidente do Instituto Teotônio Vilela, braço teórico do PSDB. As informações são do jornal
O Estado de S. Paulo.
(Pedro Venceslau, enviado especial).