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Estado de Minas

'Relação com o PMDB é fundamental', diz coordenador da campanha de Pimentel

Reeleição do governador petista não abre mão do apoio do principal aliado, apesar das divergências, de acordo com Odair Cunha


postado em 26/11/2017 07:00 / atualizado em 26/11/2017 07:38

(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)
(foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A Press)

O desafio de manter o estado funcionando bem é o principal obstáculo a ser vencido para que o governador Fernando Pimentel (PT) conquiste o voto de confiança do eleitor mineiro em 2018, quando tentará a reeleição. Na luta para manter o petista no comando do estado, o PMDB é peça fundamental e vale até mesmo o apoio daqueles parlamentares que votaram pelo impeachment da presidente Dilma Rousseff. A análise é do secretário de Governo, Odair Cunha (PT), que vai comandar a campanha do petista à reeleição em 2018. O deputado federal licenciado admite que a gestão atual não é a ideal e que muitas metas planejadas para o estado estão sendo prejudicadas pela falta de recursos. “Recebemos um estado quebrado, com déficit de R$ 7 bilhões”, afirma o secretário, citando “erros” das gestões passadas dos tucanos Aécio Neves (PSDB) e Antonio Anastasia (PSDB) como responsáveis pelo quadro financeiro ruim de Minas Gerais. O petista critica também a atuação dos tucanos – junto com a do senador Zezé Perrela (PMDB) – no Senado: “Não representam Minas e não estão à altura dos desafios dos mineiros”. Odair Cunha avalia também que dificilmente a  ex-presidente Dilma será candidata ao Senado por Minas, uma vez que o PT já terá indicado o candidato a governador para os partidos aliados.

Como a equipe de governo avalia o cenário eleitoral para o ano que vem? O governador Pimentel já se movimenta para tentar a reeleição?
O primeiro foco é o exercício do mandato que o povo conferiu ao governador na última eleição. Ele tem buscado nestes anos se dedicar à tarefa de governar este estado, compreendendo as diversas demandas de cada região. Manter o estado em funcionamento. A eleição de 2018 será um plebiscito, uma prova, em que a população vai ser indagada se quer ou não continuar com este que está governando o estado. Estamos fazendo o governo possível diante das circunstâncias em que encontramos o estado e as circunstâncias do país.

Como será a participação do ex-presidente Lula ao lado do Pimentel na campanha?
O ex-presidente é uma liderança consagrada, independentemente da situação eleitoral em que ele se encontra. As pesquisas mostram isso. Ele tem altíssimo índice de conhecimento, todas as denúncias sobre ele já são conhecidas do público, e mesmo assim, ele lidera as pesquisas de intenção de voto. Isso significa que as pessoas o consideram, independentemente das denúncias, e têm sua própria opinião sobre Lula. Mesmo que ele não esteja disputando as eleições, será um ator político importante. Em Minas Gerais, seguindo a média nacional, todas as pesquisas apontam que o ex-presidente Lula lidera as intenções de voto. Em algumas regiões do estado ele tem apoio ainda maior do que a média no país.

O senador Aécio Neves (PSDB) voltou a se articular para a disputa em Minas do ano que vem. O que mudaria com a presença dele na campanha?
Entendo que a candidatura do senador Aécio Neves é um problema para a oposição do nosso governo. Em 2014, a população de Minas fez uma diferença entre o que acontecia no país e o que acontecia em Minas. A presidenta Dilma venceu as eleições aqui no primeiro e no segundo turno. Derrotou Aécio e o candidato tucano ao governo de Minas. Vale lembrar que nos últimos anos do governo Aécio e do governo Anastasia, tivemos importantes volumes de recursos vindos do governo federal para ações em Minas. Recursos que não tivemos nos últimos anos no governo Pimentel. Nesse período, não temos aval do tesouro para pegar recursos e fazer investimentos.

A presença de Aécio na disputa aumentaria a polarização com o PT?

A oposição teme um embate direto. Nós queremos exatamente comparar o que eles disseram nos últimos anos, o chamado choque de gestão, queremos mostrar o que foi esse choque. O que assistimos foi a um inchaço da máquina estatal, um aumento do custo destinado para a folha de pagamento dos servidores públicos. Hoje, o que o estado arrecada de ICMS está comprometido com folha de ativos e inativos, ou seja, nossa margem de investimento é baixíssima. E isso não era realidade em janeiro de 2003, quando o PSDB assumiu o governo. O fato é que na gestão Aécio/Anastasia tivemos aumento significativo de gastos com pessoal.

O eleitor terá discernimento para separar problemas da atual gestão e da passada?
O eleitor mineiro é sábio e vai reconhecer o que está sendo feito. Claro que não fazemos o governo que gostaríamos. Mas também não encontramos o estado como gostaríamos, com contas saneadas e equilibradas. Encontramos um estado praticamente quebrado. Com sua máquina pública inchada e que fez opções equivocadas. Por exemplo, a opção de construir a Cidade Administrativa. Colocaram R$ 2 bilhões para fazer aquele prédio e falaram que seria para economizar, mas não significa economia e centraliza recursos do estado na região metropolitana sem que isso signifique melhoria na prestação do serviço público.

O parcelamento dos salários dos servidores já prejudicou a campanha de reeleição do então governador Itamar Franco. Esse parcelamento pode ser um problema para Pimentel?
Ninguém gosta de parcelar salário do seu empregado e funcionário. Mas temos um problema real de fluxo de caixa. É bom dizer que 75% dos servidores recebem na primeira parcela e 25% recebem em três parcelas, mas sempre no mês corrente. O desafio do estado é manter os serviços públicos de qualidade.

O prefeito Alexandre Kalil surpreendeu ao vencer a eleição municipal em BH no ano passado. Qual o papel dele na eleição de 2018?
O prefeito é um grande quadro político e administrativo. Tem feito um governo importante na capital. Temos buscado estabelecer parcerias com o governo municipal. A mais importante em curso é o estabelecimento do Hospital do Barreiro. Nosso relacionamento é o melhor possível. Claro que do ponto de vista eleitoral esse tema será tratado nas convenções do partido.

Como lidar com a insatisfação de forma generalizada da população com a classe política?
Não se trata de uma insatisfação contra uma pessoa, mas se trata de uma crise profunda de representação política nos últimos anos. Os partidos não deram conta de ser catalisadores dessa vontade popular manifestada em diversas formas. O desafio é que as pessoas e os partidos estejam à altura daqueles que eles querem representar. Precisamos de uma reforma política profunda. Infelizmente, o Congresso Nacional não deu conta de fazer essa reforma para diminuir a distância entre eleitos e eleitores.

Quem é o vice ideal e como está a relação com o PMDB?

É uma relação pródiga e positiva. Essa relação foi fundamental no processo eleitoral que levou o governador Pimentel a vencer a eleição. E ela é fundamental na medida em que o PMDB é um dos partidos mais importantes na nossa base de sustentação na Assembleia Legislativa. Nossa expectativa é de que o PMDB que ajudou o Pimentel a ser eleito e o PMDB que ajuda o governo estejam conosco no processo eleitoral do ano que vem.  Os partidos vão reivindicar espaços e apresentar pessoas. Os nomes que serão apresentados serão sempre bem acolhidos por nós. Fazemos um governo de aliança, dificilmente vamos ter um processo eleitoral de chapa pura.

Como responder às críticas da militância petista em relação à aliança do PT com parlamentares defensores do impeachment, por exemplo, como alguns deputados do PMDB?
Cada tempo tem sua dinâmica política própria. O processo de impeachment da presidenta Dilma é uma cicatriz, uma chaga presente na militância do PT e também na história do Brasil. Isso só o tempo vai resolver. Nós vamos tratar do processo eleitoral de 2018. Temos um candidato que executa um programa de governo. Quando chegar ao período eleitoral, as forças políticas que quiserem se somar na defesa do que estamos implementando em Minas serão bem-vindas.

Mesmo com apoio dos que votarem no impeachment?
O centro de nossa preocupação é defender o legado do governo Pimentel. Fazemos um governo necessário, que elege prioridades e mantém a máquina funcionando. Quem quiser se somar conosco será bem-vindo, mesmo que essas pessoas tenham tido posições diversas ao processo de impeachment ou a outros processos.

Se fosse possível voltar no tempo, Pimentel teria escolhido um vice-governador diferente? (Antônio Andrade está rompido com o governador)
Não. De forma nenhuma. Até porque, essa escolha não foi do governador Fernando Pimentel, mas do PMDB. O que nós queremos é que em outro momento este mesmo PMDB indique outro nome. Não vamos vetar nomes que os partidos coloquem. Isso cabe aos partidos. Esperamos que um dos partidos que compõem nossa base indique um nome a vice e nomes ao Senado. Porque é fundamental termos senadores à altura dos desafios de Minas Gerais. E que se preocupem com o estado. Tivemos senador que quer ser candidato a governador ou senador que quer ser candidato a presidente da República. Quando vamos ter um senador que queira ser senador da República e se preocupe com os interesses do estado? Porque o Senado é a casa da Federação, onde os interesses federativos encontram o equilíbrio. O que estamos vendo no último período é um déficit na atuação dos senadores de Minas. Queremos que nosso campo eleja dois senadores de verdade. Hoje, Minas tem um que está na Antártida, outro que está cuidando de se defender e outro que não sei o que está fazendo. Precisamos de senadores que se preocupem com a pauta de Minas Gerais.

Os três senadores estão prejudicando Minas?
Eles não representam Minas. Não estão à altura dos desafios dos mineiros. Os senadores não têm postura proativa em defesa do estado. No máximo uma postura reativa. Qual foi a ação que os senadores de Minas Gerais propuseram para ajudar o estado neste momento histórico? Os três senadores -  Aécio Neves, Zezé Perrela e Antonio Anastasia - são base de sustentação do governo federal que aí está, que não olha para Minas e não investe em Minas.  Os partidos do nosso campo terão condição de eleger senadores de verdade, que se preocupem com o estado.

Mas o governo federal é do mesmo partido do vice-governador. De qual PMDB vocês esperam receber apoio?
Do PMDB que sempre esteve contra o governo centralizador dos tucanos em Minas. Que fez oposição às escolhas erradas do governo passado, como a Cemig e a Cidade Administrativa. O PMDB que dá sustentação ao governador Pimentel e a maioria do PMDB de Minas que não participou do processo de impeachment.

O senhor fala que o governo federal abandonou Minas, mas nas gestões do PT também não houve grandes repasses para o estado. Desde o governo de Fernando Henrique (PSDB), promessas históricas como a duplicação da BR-381 e a revitalização do Anel Rodoviário e ampliação do metrô não avançam. Existe um descaso com Minas?
Nos governos dos presidentes Lula e Dilma, Minas Gerais, como um todo, teve um conjunto importante de investimentos, diferentemente do que assistimos no governo atual. Captação de recursos fora do país com bancos dependeu de aval da União e teve esse aval. Mesmo sendo governo do PSDB, de Aécio e Anastasia, o governo petista teve postura colaborativa. Hoje não temos nenhuma postura colaborativa. Pelo contrário. Queriam que diminuíssemos os investimentos públicos. Queriam a venda da Cemig e da Copasa em troca de alguma ajuda federal. Para que o cidadão mineiro pague a conta não queremos este programa de recuperação.

Como será a composição da chapa no Senado? A ex-presidente Dilma é um nome discutido?
Ainda não temos isso definido. Os partidos vão discutir com o tempo. A presidenta Dilma não tem título eleitoral em Minas Gerais. O PT quer uma ampla aliança e sabemos que já temos nessa aliança o lugar de destaque com a candidatura do governador à reeleição. Então teremos que ouvir as indicações de outros partidos para formar uma chapa forte. Vamos trabalhar para continuar juntos: PT, PMDB, PR, e todos os partidos que nos sustentam no governo.


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