O PMDB é uma união de caciques regionais, que comandam os respectivos feudos políticos com completa autonomia e que, eventualmente, se reúnem para planejar ações no plano federal. É essa capilaridade que torna o partido essencial para qualquer governo instalado no Palácio do Planalto. Excepcionalmente, o partido vive, agora, seu momento de protagonismo no plano nacional, com Michel Temer. Mas a legenda, que tem a maior bancada da Câmara e do Senado, tem sido alvo da Lava-Jato. Só nesta semana houve operações no Rio de Janeiro e no Mato Grosso do Sul. Mas os estragos não ocorreram apenas lá.
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Marqueteiro do PMDB aponta contrato falso e entrega de R$ 1,4 mi ao OpportunityDeputado Edson Albertassi (PMDB) se entrega à PFDeputados do PMDB do Rio deixam a PF em direção ao IMLA situação mais grave, sem dúvida, é no Rio de Janeiro, onde o presidente da Assembleia Legislativa, Jorge Picciani, foi preso ontem. Também estão presos e condenados o ex-governador Sérgio Cabral e o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. O ministro da Secretaria-Geral da Presidência, Moreira Franco, foi denunciado pelo ex-procurador-geral da República Rodrigo Janot e só não se tornou réu porque a Câmara rejeitou a denúncia contra ele, o também peemedebista gaúcho Eliseu Padilha e o presidente Michel Temer.
Protagonismo
A Bahia é outro exemplo. O partido é controlado à mão de ferro no estado pelo ex-ministro Geddel Vieira Lima, acusado de, entre outras coisas, ter um apartamento destinado a guardar R$ 51 milhões em dinheiro vivo. Ele é irmão do deputado Lúcio Vieira Lima. O vácuo no diretório baiano é tão grande que já há quem cogite que o ministro da Secretaria de Governo, o tucano Antonio Imbassahy, deixe o PSDB e filie-se ao PMDB para assumir o controle estadual.
“O PMDB está parecendo um mingau que estão querendo comer pelas beiradas. Mas não tem problema. Quem estiver no centro desse prato vai conseguir manter o protagonismo da legenda”, assegurou o deputado Carlos Marun (MS). Na terça-feira, a 5ª fase da Operação Lama Asfáltica, batizada de Papiros de Lama, decretou a prisão do ex-governador André Pucinelli e do filho dele, André Pucinelli Júnior. Ambos foram soltos ontem.
A preocupação dos estrategistas políticos é o quanto as acusações contra os “donos” dos diversos diretórios estaduais do PMDB podem interferir nas eleições do ano que vem. “Acredito que as eleições estão longe. Temos delatores do nível de Funaro (o doleiro Lúcio Funaro), que não se sustentam em suas afirmações. O fator maior se o PMDB vai aumentar ou diminuir o número de governadores, senadores e deputados será o momento econômico do país no ano que vem”, definiu um dos vice-líderes do governo na Câmara, Darcísio Perondi (PMDB-RS).
“O PT se afundou com o mensalão e o petrolão, perdeu poder.
Já o professor da Universidade Federal de Roraima (UFRR) Abraão Leite, cientista político especializado em eleições, não vê as coisas com tanto entusiasmo. “A população está descrente, veremos mudanças no sistema eleitoral, menos tempo e dinheiro mais suado. A queda desses nomes fortes prejudica o PMDB como um todo, até porque os caras precisam de substitutos, e não adianta se a cadeira for preenchida pelo concorrente”, disse ele.
Investigados repudiam as acusações
Sobre seus processos, Romero Jucá disse à imprensa que “sempre esteve” e “sempre estará” à disposição da Justiça para “qualquer informação”. “Nas minhas campanhas eleitorais, sempre atuei dentro da legislação e tive todas as minhas contas aprovadas”, afirmou o parlamentar.
A defesa de Geddel Vieira Lima emitiu nota afirmando ser “inepta e imprestável denúncia formulada contra o senhor Geddel Vieira Lima, coleção invulgar de erros jurídicos, de gritante fragilidade, desafia o direito e o próprio bom senso, além de representar evidente contrariedade à decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região”, referente às malas com R$ 51 milhões.
“Trata-se de considerar ineptas as denúncias apresentadas pelo Ministério Público contra Eduardo Cunha, que foram copiadas na representação enviada ao Conselho de Ética”, disseram os advogados do deputado cassado, que também alegam não ter havido mentira e pediram a suspeição do relator, deputado Fausto Pinato (PRB-SP), que analisava as acusações contra o parlamentar..