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Estado de Minas

Proliferação de capivaras virou assunto de política em várias cidades do Brasil

Dor de cabeça para o poder público de BH, a consequente ameaça da febre maculosa são problemas enfrentados também por outras prefeituras


postado em 06/11/2017 06:00 / atualizado em 06/11/2017 07:34

(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
(foto: Ramon Lisboa/EM/D.A Press)
Há um ano, as capivaras da Lagoa da Pampulha se tornaram o principal assunto da disputa eleitoral em Belo Horizonte. Após a morte de uma criança que teve contato com o carrapato-estrela na orla da lagoa, os candidatos levaram o tema para os debates e programas na TV: “Quem não conseguiu cuidar de 50 capivaras não vai conseguir cuidar de 2 milhões de pessoas”, disparou Alexandre Kalil (PHS), que acabou vencendo a disputa e herdando o problema.

Um ano depois, com a morte de um homem por febre maculosa na semana passada, os roedores voltam ao debate político e escancaram a dificuldade do poder público na capital mineira em solucionar a questão.

Classificadas como os maiores roedores do mundo, as capivaras já foram motivo de cobrança para prefeitos de outras cidades. Em Curitiba, onde a capivara chegou a ser símbolo da administração municipal, é feito um acompanhamento dos animais em vários parques, com exames frequentes e monitoramento.

No final do ano passado, porém, especialistas do Departamento de Medicina Veterinária da Universidade Federal do Paraná (UFPR) alertaram que vários animais estavam há quatro anos sem passar por controle sanitário. Estima-se que em apenas dois parques da capital paranaense exista uma população de cerca de 500 roedores.

Em Lagoa Santa, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, após uma capivara aparecer morta, moradores cobraram da prefeitura no início deste ano uma atenção maior aos animais que viviam na orla de uma lagoa do município.

A prefeitura informou na época que também faz o monitoramento e não houve registro de caso de contaminação por febre maculosa na cidade.

Esses animais também viraram caso de política em Campo Grande. Na próxima quarta-feira, a Câmara Municipal da capital do Mato Grosso do Sul promove uma audiência pública para discutir os riscos de problemas à saúde da população que podem ser causados pela presença de capivaras nas regiões urbanas da cidade.

O vereador Veterinário Francisco, como é conhecido o parlamentar, defende a castração das capivaras como forma de controlar a superpopulação desses.

Atualmente, em, Campo Grande, somente as 110 capivaras que vivem no Lago do Amor e as 335 que estão no Parque dos Poderes são monitoradas pela Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS) e Universidade Católica Dom Bosco (UCDB).

Captura e morte


Na capital mineira, as capivaras entraram no debate político em setembro do ano passado, quando Thales Martins Cruz, de 10 anos, morreu por febre maculosa após frequentar o Parque Ecológico da Pampulha. O fato gerou muitas críticas à prefeitura e ao então candidato Délio Malheiros (PSD), que, além de vice-prefeito era secretário municipal do Meio Ambiente.

Como BH já tinha registrado quatro ocorrências de febre maculosa na última década, a dificuldade da prefeitura em resolver o problema gerou forte cobrança por parte da população. Em setembro de 2014, a PBH começou um trabalho de captura dos animais após constatar que alguns deles portavam a bactéria Rickettsia rickettsii, causadora da febre.

Várias capivaras morreram em cativeiro e, no ano seguinte, o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) notificou a prefeitura para que soltasse os animais e solucionasse o problema.

Solução à vista?


Desde o início do ano, a Prefeitura de Belo Horizonte, já sob a gestão de Kalil, começou a tomar algumas medidas para controlar as capivaras da Pampulha. Foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público Estadual, que estipulou um prazo de dois anos para o tratamento dos animais.

Em julho, a PBH admitiu que o número de capivaras continuava crescendo, mas que estava sendo feito uso de carrapaticidas para evitar novos casos de contaminação.

No mês passado, as medidas provaram ser insuficientes com a morte de Aristeu de Souza Lima, de 42 anos, morador de Contagem que visitou a Pampulha dias antes de manifestar os sintomas da doença.

Com a nova morte, aumentaram as cobranças por uma solução definitiva para o tratamento das capivaras.

Na semana passada, o secretário municipal de Meio Ambiente, Mário Werneck, anunciou que o manejo e esterilização das capivaras da lagoa começam nas próximas semanas. O contrato com a empresa responsável pelos trabalhos já foi assinado e tem duração de 12 meses.

“Iniciaremos os trabalhos de captura e esterilização. Elas serão operadas por uma equipe de notória especialização. Além disso, carrapaticidas serão aplicados nos animais. Em até 72 horas elas serão liberadas no hábitat natural”, explicou o secretário.

Duplo sentido


Na política, muito além de ser um problema para as prefeituras, levantar a “capivara”, no sentido de folha corrida, dos investigados, tem sido uma missão árdua para investigadores da Lava-Jato e outras operações da Polícia Federal e do Ministério Público. Afinal a ficha criminal de alguns políticos tem se mostrado extensa.

O recorde é do ex-governador do Rio Sérgio Cabral, acusado de 184 crimes. Cabral já foi condenado a 45 anos e dois meses de prisão pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro, na maior pena já aplicada a um político no Brasil.

Enquanto isso...
...Projeto à espera de votação

Projeto de lei (PL 1.2/2015) em tramitação há mais de dois anos na Câmara dos Deputados, autoriza as prefeituras a instituir a esterilização gratuita de capivaras que estejam se proliferando desordenadamente em seu território e a proibir sua criação, em meio urbano. Na justificativa do texto, o deputado Goulart (PSD-SP) afirma que o projeto tem o objetivo de solucionar uma questão ambiental e de saúde pública que vem atormentando muitos municípios brasileiros, onde algumas cidades têm enfrentado o problema da proliferação de capivaras em ambientes urbanos. Ele destaca que as capivaras, além de deixar um rastro de sujeira com suas fezes, podem transmitir aos seres humanos a febre maculosa, lembrando que vários municípios registraram casos da doença. A matéria está pronta para ser apreciada em plenário.


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