O presidente da seção criminal da Corte de Cassação da Itália, Piercamillo Davigo, afirmou nesta terça-feira, 24, durante o Fórum Estadão Operação Mãos Limpas & Lava Jato, que o comportamento típico das associações criminosas é "manter o silêncio para beneficiar seus protegidos". O magistrado participa do encontro que debate as operações Mãos Limpas e Lava Jato.
"Manter o silêncio é um direito para a pessoa que se defende, mas dá um grande poder em relação a seus cúmplices, que fazem carreira política. Isso vai mortificar quem é juiz. É o comportamento típico das associações criminosas: manter o silêncio para beneficiar seus protegidos", afirmou o italiano.
Piercamillo Davigo foi promotor durante a Operação Mãos Limpas. A ação promoveu há 25 anos a maior ofensiva contra a corrupção da Itália.
"Empresas envolvidas nos fatos começaram a fazer algumas escolhas internas, de contar aquilo que poderia ser descoberto, principalmente devido a investigações bancárias que estavam em andamento. Políticos começaram a confessar. (
) Mas muitos faziam carreira política porque mantinham o silêncio. É um problema sobre o qual não refletimos muito na Itália, na época", relatou.
"Aqueles políticos que ficaram calados, ou que escolheram dizer apenas parte do que sabiam, tiveram carreiras políticas espetaculares.
Também participam do encontro o juiz federal Sérgio Moro, figura maior da Operação Lava Jato, o procurador da República Deltan Dallagnol, coordenador da força-tarefa que descobriu o escândalo de corrupção na Petrobrás, e o magistrado Gherardo Colombo, também das Mãos Limpas.
O evento é uma associação entre o jornal
O Estado de S. Paulo
e o Centro de Debate de Políticas Públicas (CDPP). O painel, reservado para convidados, será mediado pela jornalista Eliane Cantanhêde, colunista do Estado, e pela economista Maria Cristina Pinotti, do CDPP. Terá ainda a participação do diretor de Jornalismo do Estado, João Caminoto, e do economista Affonso Celso Pastore, do CDPP..