Rio, 23, 23 - O ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Alexandre de Moraes, disse que há um desequilíbrio entre os poderes no Brasil, porque o Legislativo está fragilizado, enquanto o Judiciário, em sentido contrário, ganhou força. Ele argumenta que a maior parte da população não se recorda dos congressistas nos quais votou. Mas que o STF está tão popular a ponto de seus ministros apanharem "mais que jogadores de futebol".
"O que se institucionalizou na Justiça se perdeu no Legislativo. Casos e casos de corrupção se acumularam (no Legislativo). Aí que surge a possibilidade de aparecer um salvador da pátria", afirmou durante palestra na Procuradoria Geral do Estado do Rio de Janeiro (PGE-RJ).
Em sua fala, Moraes afirmou que um dos papéis do STF é "evitar a tirania da maioria". "Num embate entre o Executivo e o Legislativo já verificamos que sempre no Brasil isso resultou em golpe."
Ele ainda fez um apelo para que, na próxima eleição, de 2018, a população seja mais criteriosa na escolha dos congressistas. E criticou o STF por ter declarado inconstitucional, em 2006, a reforma política aprovada no Congresso. "O Supremo confundiu cláusula de barreira com cláusula de desempenho", acrescentou.
Moraes defende que haja um equilíbrio entre os poderes no futuro.
Apesar de criticar o Legislativo, disse também que o fortalecimento das instituições nos últimos 30 anos fez com que não houvesse "necessidade de se pensar nas Forças Armadas como poder moderador", após o País passar pelo segundo impeachment, com a substituição da ex-presidente Dilma Rousseff pelo presidente Michel Temer, do qual foi ministro da Justiça.
No início da sua palestra, Moraes brincou com uma pessoa da palestra que o interrompeu com o celular. "Estou sendo grampeado? Essa é uma moda da República, ser grampeado", ironizou.
Envolvido em polêmica neste fim de semana, ao comentar nas redes sociais o fim da novela da Rede Globo que, em sua opinião, conferiu um ilusório glamour ao tráfico de drogas, Moraes não quis falar com a imprensa ao fim do evento.
(Fernanda Nunes).