Brasília, 22 - O advogado de Fernando Pimentel, Eugenio Pacelli, disse em nota que o governador de Minas Gerais "repele veementemente" a conclusão do relatório da Polícia Federal no âmbito da Operação Acrônimo. "Nem tudo que reluz é ouro. A Acrônimo se tornou anacrônica, do ponto de vista das provas", comentou Pacelli sobre as acusações de que o petista teria atuado para favorecer o Grupo Casino.
Para a defesa de Carolina de Oliveira, mulher de Pimentel, o relatório "é mais uma tentativa de manter de pé uma investigação frágil e eivada de irregularidades, que se arrasta há mais de 2 anos e que jamais encontrou qualquer ligação ilícita entre os envolvidos".
"Refutamos veemente as conclusões da autoridade policial neste inquérito e reafirmamos nossa confiança na Justiça, que saberá examinar com a necessária isenção e, ao final, rejeitar as acusações, todas elas desprovidas de qualquer fundamento", comentou o advogado Thiago Bouza ao 'Estado de S. Paulo'.
Já o ex-presidente do BNDES Luciano Coutinho afirmou que todas as decisões tomadas por ele envolvendo a tentativa de fusão entre Carrefour e Pão de Açúcar "estiveram dentro da mais absoluta legalidade e lisura" e que "nunca recebeu qualquer tipo de vantagem decorrente do referido processo nem tem conhecimento de que alguma outra pessoa o tenha feito".
De acordo com Coutinho, a cláusula contratual que exigia inexistência de litígio entre o Pão de Açúcar e o Grupo Casino "não foi inserida pelo então presidente do banco e sim determinada pelo comitê de enquadramento e crédito do BNDES". Segundo o ex-presidente, "trata-se de cláusula usual e prudente em negócios com potencial de litígio, o que naturalmente pode inviabilizar a transação". Além disso, ele alega que a contratação da MR Consultoria foi feita posteriormente à definição da cláusula.
Procurados pela reportagem, BNDES, Carrefour e Abílio Diniz não comentaram. O Grupo Pão de Açúcar (GPA) informou que o tema não envolve a empresa e direcionou o pedido de informações ao Grupo Casino. O Grupo Casino, por sua vez, disse que colaborou com as investigações durante todo o inquérito e se declarou "surpreso com suas conclusões equivocadas".
"A oferta hostil de fusão do Grupo Pão de Açúcar com o Carrefour foi à época amplamente rejeitada pelos acionistas, pela mídia e pela opinião pública", afirmou o Casino, acrescentando que continuará colaborando com a Justiça.
A assessoria do Casino comunicou ainda que Eduardo Leônidas, que era do grupo e hoje atua no GPA como diretor de Desenvolvimento e Estratégia, não chegou a ter conhecimento das conclusões da Polícia Federal.
O jornalista Mario Rosa diz que nunca foi encontrado nada comprometedor contra ele, apesar de 29 meses de investigações.
"Tudo com mensagens eletrônicas que posso comprovar datas, pessoas e locais. Só assinei o contrato bem depois da decisão", diz. Rosa afirma ainda que seus honorários foram rigorosamente registrados e tributados.
O executivo Ulisses Kameyama já se desligou da Casino e não foi localizado.
(Idiana Tomazelli e Rafael Moraes Moura).